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Araraquara, São Paulo, Brazil
Graduado em Fisioterapia pela Universidade Paulista. Especialização em Quiropraxia pela ANAFIQ- Associação Nacional de Fisioterapia em Quiropraxia. Pós Graduação em Fisioterapia Ortopédica e Desportiva pela Universidade Cidade de São Paulo- UNICID Coordenador do Grupo de Estudos em Postura de Araraquara. –GEP Membro da Associação Nacional de Fisioterapia em Quiropraxia- ANAFIQ/ Membro da Associação Brasileira de Fisioterapia Manipulativa- ABRAFIM/ Membro da Associação Brasileira de Pesquisa em Podoposturologia –ABPQ PODO/ Formação em RPG, SGA, Estabilização Segmentar Lombar e Cervical, Pilates, Podoposturologia, Quiropraxia,Reabilitação Funcional, Kinesyo Tape ,Dry Needling,Mobilização Neurodinâmica, Técnica de Flexão-Distração para Hérnias Lombares e Cervicais. Formação no Método Glide de Terapia Manual. Atualização nas Disfunções de Ombro, Quadril , Joelho e Coluna ( HÉRNIAS DISCAIS LOMBARES E CERVICAIS). ÁREA DE ATUAÇÃO: Diagnóstico cinético-funcional e reabilitação das disfunções musculoesqueléticas decorrentes das desordens da coluna vertebral. AGENDAMENTO DE CONSULTAS PELO TELEFONE 16 3472-2592

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quarta-feira, 14 de setembro de 2011

A dor no esporte de alto rendimento

A dor no esporte de alto rendimento


Na última reportagem, a dor faz parte da rotina de atletas mas não ofusca o prazer da vitória. As cinco reportagens especiais sobre a dor são de autoria da repórter Verônica Lima, com produção de Lena Araújo e Lucélia Cristina.
As restrições da ex-jogadora da seleção brasileira de vôlei Ana Moser decorrem de uma artrose no joelho esquerdo, um problema crônico que fez com ela fosse obrigada a abandonar as quadras.

Hoje, a ex-atleta restringe suas atividades físicas ao surf e ao pilates, com uma única preocupação em mente: “evitar problemas mais sérios quando tiver uma idade mais avançada”.

A dor faz parte da vida do atleta de alto rendimento, afirma Cristiano Roque Antunes Barreira, professor de Psicologia da Área Sociocultural, da escola de Educação Física e Esporte, da Universidade de São Paulo.

Isso porque o corpo é o instrumento de trabalho do atleta, e suas metas profissionais envolvem a superação de limites físicos.

"Como o atleta estabelece metas para o seu desempenho, ele muitas vezes vai optar por superar o momento de dor, por conviver de uma maneira que seja na direção de aguentar essa dor, mesmo que isso signifique eventualmente um prejuízo maior para a lesão a fim de que essas metas sejam atingidas".

Ana Moser confirma que o raciocínio do atleta é exatamente esse:

"O atleta, primeiro, ele está sozinho ali, se ele não treina, se ele não joga, ele pode perder o espaço para um outro atleta. Então, a postura do atleta sozinho é: vamos, porque eu não posso perder essa oportunidade."

De fato, devido ao alto condicionamento aeróbico, à força e massa musculares, à elasticidade e resistência do atleta, ele tem mais capacidade de utilizar técnicas de enfrentamento para lidar melhor com a dor, como explica o coordenador e médico do Centro de Tratamento Intensivo da Dor no Rio de Janeiro, José Ribamar Moreno.

Além disso, o médico afirma, o músculo, quando está muito desenvolvido, manda informações que bloqueiam a dor. E é assim que atletas como a corredora Lucélia Oliveira resistem a longas provas, como a meia maratona.

"Chega um momento que você está bem desgastada, então tem que manter uma concentração muito forte. Não só na maratona, como nas outras provas também. Dez mil, meia maratona, a gente tem que manter uma concentração grande para, na hora em o cansaço bater forte, que é ali os quilômetros finais, a gente manter o ritmo".

Mas o que faz o atleta submeter seu corpo a tantas provações? O prazer da vitória, responde Lucélia.

"Uma sensação maravilhosa (…) Igual na São Silvestre, que eu venci, o corpo está todo cansaço, a musculatura está dolorida, mas aquilo ali é muito pequeno, próximo da felicidade que você está sentindo por ter alcançado um objetivo, depois de ter treinado, ter se esforçado, ter cumprido toda uma agenda que tem que ser feita para chegar em uma competição como essa. Então tem essa sensação imensa de ter conseguido atingir o objetivo. Tudo isso é muito maior do que a dor do cansaço".

Apesar de serem instigados a superar a dor, e de serem premiados ao vencê-la, os atletas não são, na visão do psicólogo Cristiano Roque, pessoas psicologicamente mais bem preparadas para suportar a dor.

Ele entende que a carreira esportiva simplesmente faz com que o atleta tenha a necessidade de lidar de uma maneira habitual com a dor. Portanto, confirma o médico João Augusto, o significado que a dor tem para o atleta é diferente do que tem para outras pessoas.

"O grau de atenção e de focalização na dor durante a prática do esporte é completamente diferente daquela que nós temos quando não estamos envolvidos nessa atividade. Então, por exemplo, um boxer, durante uma luta, ele talvez não perceba, certamente não percebe com a mesma intensidade, os estímulos dolorosos aos quais ele está sendo submetido que essa mesma pessoa receberia fora do ringue. Então, uma pessoa, por exemplo, pode ter uma fratura do nariz e não perceber dor naquele momento. Perceberá depois quando ele sair dessa situação, que é de estresse, uma situação de focalização na sua meta".

Mas se o atleta acaba se acostumando a sentir dores durante a atividade física, ele não pode ignorar o alerta que a dor representa, pois a permanecência na atividade pode agravar lesões existentes.

E, na vida do atleta, uma lesão pode trazer outro tipo de dor: a da interrupção da carreira. E, ainda que não represente o fim, como aconteceu com Ana Moser, pode provocar a perda de patrocínios, como ocorrou com a corredora Lucélia Oliveira. Sofrendo com lesões desde 2008, ela acaba de perder seu último patrocínio.

"Nós que somos atletas não temos garantia nenhuma que o trabalhador formal tem. Então, quando a gente se lesiona, quando você está bem, tem patrocínio, corre, faz participações em competições, ganha dinheiro na competição também. Só que, quando você se lesiona, se não tiver feito uma reserva, você fica sem nada e não tem nenhuma garantia. Então é uma coisa que é muito ruim, tanto para o atleta que está iniciando tanto para um atleta que já chegou no nível que eu cheguei, de viver do esporte".

Com base em seu próprio exemplo, Ana Moser alerta para a necessidade do uso de técnicas mais conservadoras de treinamento, que visem à preservação das articulações e à prevenção de lesões.

Ela defende que treinadores e preparadores físicos orientem os atletas a preservar seu corpo e sua saúde. Prática que, segundo Ana, não é muito frequente.

"Até hoje são restritos a algumas modalidades, algumas pessoas, alguns técnicos e preparadores físicos em especial que se preocupam com isso. O que a gente tem muito por aí são técnicos e preparadores físicos que se preocupam mais com o resultado do que com a saúde do atleta".

O psicólogo Cristiano Roque concorda que é necessária uma mudança de cultura no esporte, em que a vitória deixe de ser a única motivação de atletas e treinadores.

Segundo Roque, as instituições esportivas teriam a responsabilidade de investir na formação ampla dos atletas, com recursos culturais e educacionais, além dos físicos.

Desse modo, ele defende, o atleta teria tranquilidade para se dedicar à prática esportiva sabendo que terá saúde e opções profissionais após o fim da carreira.

"O fato justamente de que o esporte lida constantemente com a contigência da lesão, da dor, eventualmente de dores e lesões que interrompem bruscamente uma carreira, faz com que, se eles não têm, do ponto de vista de inserção institucional no esporte, um apoio, um estímulo a outros recursos, que eles estejam mais fragilizados e com isso tenham mais chance de desistência justamente porque aquilo é caracterizado por um risco enorme de efemeridade. Essa efemeridade vai ser justamente compensada, digamos assim, se ele percebe que existe junto com à prática e à sua preparação esportiva uma preparação que não se restrinja a elementos técnicos ou a elementos de rendimento".

Essa responsabilidade social do esporte ganha ainda mais importância, segundo Cristiano Roque, quando se trata de crianças e adolescentes. Ele defende que a exigência psíquica de treinamento e rendimento limita as possibilidades de desenvolvimento de recursos em outras áreas.

O psicólogo diz não ser contra a participação de jovens em competições esportivas, mas alerta que eles devem ser estimulados a investir também em outras atividades, sem deixar que o esporte se torne desde cedo um objetivo profissional.

"Pode ser uma expectativa desses jovens, um sonho de se tornar profissional, isso não é um problema, mas quando isso se torna mais do que expectativa, mais do que sonho, você está num projeto familiar, eventualmente de um clube e que, então, torna esses jovens absolutamente focados nisso, a gente está tirando justamente aspectos essenciais para o desenvolvimento que dizem respeito a outras atividades educativas, atividades lúdicas, atividades culturais".

A corredora Lucélia Oliveira teve o privilégio de receber boa orientação de seu treinador. Além de se permitir pausas para o tratamento de lesões, ainda que ao custo de seus patrocínios, ela já se preparou para o fim da carreira.

É formada em Administração, estuda Educação Física e se preocupa em fazer uma reserva financeira. Mas ela sabe que essa não é a regra geral e acredita, assim como Ana Moser e Cristiano Roque, na necessidade de políticas públicas e esportivas para que o atleta chegue à aposentadoria com saúde, sem dores e com opções profissionais.

De Brasília, Verônica Lima.

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