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Araraquara, São Paulo, Brazil
Graduado em Fisioterapia pela Universidade Paulista. Especialização em Quiropraxia pela ANAFIQ- Associação Nacional de Fisioterapia em Quiropraxia. Pós Graduação em Fisioterapia Ortopédica e Desportiva pela Universidade Cidade de São Paulo- UNICID Coordenador do Grupo de Estudos em Postura de Araraquara. –GEP Membro da Associação Nacional de Fisioterapia em Quiropraxia- ANAFIQ/ Membro da Associação Brasileira de Fisioterapia Manipulativa- ABRAFIM/ Membro da Associação Brasileira de Pesquisa em Podoposturologia –ABPQ PODO/ Formação em RPG, SGA, Estabilização Segmentar Lombar e Cervical, Pilates, Podoposturologia, Quiropraxia,Reabilitação Funcional, Kinesyo Tape ,Dry Needling,Mobilização Neurodinâmica, Técnica de Flexão-Distração para Hérnias Lombares e Cervicais. Formação no Método Glide de Terapia Manual. Atualização nas Disfunções de Ombro, Quadril , Joelho e Coluna ( HÉRNIAS DISCAIS LOMBARES E CERVICAIS). ÁREA DE ATUAÇÃO: Diagnóstico cinético-funcional e reabilitação das disfunções musculoesqueléticas decorrentes das desordens da coluna vertebral. AGENDAMENTO DE CONSULTAS PELO TELEFONE 16 3472-2592

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quinta-feira, 28 de maio de 2009

Exemplos de exercícios de pilates no solo com o uso de Equipamentos

































































Pilates solo Criado por Joseph H. Pilates, o método MAT Pilates visa tonificar a musculatura corporal, fazer um realinhamento postural e alongá-lo integrando corpo e mente, para que os praticantes adquiram um corpo forte, harmonioso e saudável




Pilates prima pela qualidade e não pela quantidade de repetições, tendo uma variedade de movimentos que devem ser feitos com concentração e consciência corporal, utilizando basicamente a força da gravidade sobre o corpo. A região abdominal é muito solicitada para a realização dos exercícios, que sincronizam a respiração com o movimento.Utilizado tanto para condicionamento físico como para reabilitação, seus movimentos são realizados de acordo com os princípios básicos da concentração, controle, precisão, respiração, fluidez, centramento e por fim a consciência corporal.


Os exercícios de solo são os mais tradicionais sendo os que mais focam a ação da musculatura abdominal, podendo também ser praticados diretamente no solo ou com o auxilio de acessórios que além de ajudar desafiam o aluno a desenvolver força, flexibilidade e capacidade proprioceptiva.


Estes acessórios são as bolas, rolos, flex ring (anel flexível), thera band (faixas elásticas), discos de rotação e equilíbrio e molas.

Pilates prima pela qualidade e não pela quantidade de repetições, utilizando basicamente a força da gravidade sobre o corpo.”


Os movimentos do Pilates Mat ou mais conhecido como Pilates Solo trabalham o seu corpo em diferentes graus de dificuldade, e por isso há a necessidade de uma avaliação do profissional para que possam ser administrados dentro da capacidade de cada um, ressaltando a importância da respiração na execução de cada movimento.


Exercícios sem acessórios:


1- Na posição de quatro apoios eleve o braço direito juntamente com a perna esquerda expirando e mantenha-os num mesmo prolongamento e inspire voltando na posição de quatro apoios. Faça do outro lado também.


2- De barriga para cima, fique na posição de conchinha não deixando os joelhos muito próximos a cabeça e inspire. Faça um movimento de círculo com os braços abrindo-os ao mesmo tempo em que estende as pernas mantendo-as num ângulo de 45 graus e expire devagar, inspire novamente voltando na posição inicial fechando os braços finalizando o círculo. Mantenha sempre muito bem contraído o seu abdômen na expiração para conseguir executar tal exercício.



3- Deitada de barriga para cima, flexione a perna direita e segure-a com a mão esquerda na altura do joelho e com a mão direita na altura do tornozelo. Mantenha a perna esquerda estendida e o tronco sempre elevado. Estando na posição inicial expire e então troque o movimento de lado alternando as pegadas das mãos ao mesmo tempo em que inspira. Faça sempre a expiração do ar quando tem uma das pernas estendidas e a inspiração na troca do movimento.


4- Sentada com as pernas estendidas e unidas e braços apoiados mais atrás do seu corpo e levemente afastados inspire e então eleve o quadril de modo que seu corpo fique num só prolongamento e neste momento de elevação expire. Inspire novamente e então eleve uma das pernas estendidas expirando devagar. Repita o movimento alternando as pernas tomando o cuidado de não deixar o quadril descer na execução do movimento.


Exercícios com o uso de acessórios:


Rolo Feldenkrais


Utilizando o rolo como acessório, deite-se sobre ele mantendo o equilíbrio, deixando apenas as mãos apoiadas no solo e elevando as pernas mantendo-as num ângulo de 90 graus, inspire. Na extensão da perna expire, deixando a outra flexionada. Depois alterne a perna, nesta troca de movimentos inspire e na extensão da perna expire.
Rolo Feldenkrais e Flex ring


Utilizando ainda o rolo e agora também o anel flexível, mantenha-se deitada como no exercício anterior mas com os pés alinhados e apoiados no solo, segure o anel na altura do peito, inspire o ar e mantendo os cotovelos levemente flexionados, faça força para empurrar as laterais do anel e nesse momento expire devagar, então repita por 10 vezes.

Bola Suíça


Deitada sobre um colchonete, mantenha os braços estendidos na lateral do corpo, estenda as pernas e as mantenha apoiadas sobre a bola. Inspire e então eleve o quadril de modo a ficar com o corpo num só alinhamento e neste momento expire devagar. Faça 10 repetições.


Disco de Equilíbrio


De barriga para baixo, apóie as mãos sob o disco de equilíbrio e mantenha o corpo estendido, ficando ele apoiado no solo somente pela ponta dos pés. Inspire e conforme eleva uma das pernas estendidas expire devagar, inspire novamente e então desça devagar expirando. Alterne o movimento das pernas.


Rolo Feldenkrais e Faixa elástica


Deitada sobre um colchonete, fique com a região sacral apoiada sobre ele e então com a faixa elástica passada por baixo de um dos pés, segure nas pontas e mantenha a perna elevada e estendida o quanto conseguir, mantendo a perna que está apoiada no chão também estendida. Fique por 20 a 30 segundos na posição e então alterne a perna, mantendo a respiração fluída.

Pilates e seus benefícios

O que é Pilates e quais seus benefícios?

Pilates é o nome do criador de um método de exercícios que desenvolvem o tônus muscular simultaneamente com alongamento e flexibilidade, que ele denominou de "Contrologia". Este método tem como princípios básicos o controle consciente da respiração e do alinhamento postural, solicitando muita concentração e coordenação para movimentos precisos, promovendo resistência física e ao mesmo tempo treinamento mental durante a execução dos exercicios. Depois de uma aula de 60 a 90 minutos o individuo experimenta a sensação de leveza e relaxamento, ao inves de exaustão fisica e fadiga muscular. Portanto os benefícios são muitos, mas podemos citar-Aumento de Força e Controle Muscular-Melhora na Capacidade Respiratória-Corrige Postura-Aumenta a Vitalidade e a Disposição Física-Mais Flexibilidade e Alongamento-Equilíbrio e Coordenação Motora-Definição de Contornos Corporais-Alivio do Estresse e de Dores Musculares-Auto-Confiança-Integração Mente e Corpo-Reabilitação e Pós-ReabilitaçãoPor causa da insatisfação de muitas pessoas com os resultados obtidos através de programas convencionaisde exercícios, o método de Pilates está sendo bem aceito por individuos mais exigentes em termos de segurança, conforto e consciência na pratica de atividade física.Muitos dos resultados do Método Pilates estão sendo confirmados pelas pesquisas cientificas, através de publicações em revistas especializadas no campo da Medicina do Esporte, Fisioterapia, Educação Fisica, Terapias Corporais e de Movimento. Portanto, a "Contrologia" de Joseph Pilates veio para ficar, principalmente pela sua filosofia a respeito de saúde, bem estar, longevidade e qualidade de vida.

O que é RPG

O que é R.P.G.?
A Reeducação Postural Global, método francês de tratamento fisioterápico, é umas das técnicas mais inteligentes de que se tem notícia, como abordagem corretivo-preventiva, fundamentando-se na Biomecânica Moderna e Neurofisiologia.Devido à bipedia os músculos posteriores do corpo humano, da cabeça à planta dos pés (músculos da cadeia estática) são mais tônicos, mais rígidos, para manter a posição ortostática contra a força da gravidade. Mais tônicos são também os músculos suspensores dos ombros, braços, antebraços e mãos, além dos músculos responsáveis pela inspiração, mais numerosos que os da expiração.

É exatamente nisso que se baseia a R.P.G.:

A atividade contínua desses músculos tônicos tende a encurtá-los, enquanto os outros grupos de músculos, como os abdominais, por ex., não participam ativamente da nossa posição ereta, não sendo solicitados e distendendo-se exageradamente. Flexibilizar os músculos da chamada cadeia estática, constantemente solicitados, é primordial, pois cada vez que um músculo desses se enrijece, suas extremidades se aproximam e os ossos nos quais são inseridos se deslocam. As articulações se bloqueiam e o corpo acaba por se deformar. Todos os outros músculos que se inserem sobre esse osso ficarão "desarrumados" por esse deslocamento e propagarão esse desarranjo a outros ossos e assim por diante.

O que a R.P.G. visa é o aumento da elasticidade dos músculos da estática. As posturas feitas durante o tratamento são realizados em posição de "freiar" a força da gravidade, levando-se em conta os diferentes tipos de contrações musculares. É um trabalho músculo-articular associado a uma conscientização corporal : sentindo e percebendo seu próprio corpo, as pessoas conseguem modificar posturas. Através da elasticidade muscular alcançada, modifica-se a estrutura óssea, restabelecendo os espaços articulares e a boa morfologia, evitando-se os bloqueios e as compensações que são as principais causas de desvios e dores.Através desse tratamento estimulamos o Sistema Nervoso Central a "Trabalhar" numa nova imagem corporal, levando ao automatismo do novo padrão postural.O tratamento é indicado para pacientes portadores de:- Alterações morfológicas do esqueleto, tais como hipercifoses, hiperlordoses, escolioses, joelhos valgos ou varos, pés planos ou cavos, deformações do tórax, etc...- Dores articulares ou musculares ( agudas ou crônicas ) decorrentes de degenerações, traumas ou reações inflamatórias, em afecções como, por ex.: artroses, entorses, hérnias de disco, bico de papagaio, ciatalgias, lesões meniscais, tendinites, bursites, etc...- Síndromes compressivas neurovasculares.- Disfunções respiratórias.- Traumatismos desportivos.- Seqüelas de traumatismos ou afecções neurológicas.Concluindo, a R.P.G. representa um campo muito vasto dentro de uma proposta de terapia física e repercute nas esferas motora, respiratória, circulatória, digestiva e psíquica, podendo ser aplicada a qualquer indivíduo que busque o auto-conhecimento.

Disfunções Posturais em Crianças na idade escolar

Desvios posturais são decorrentes em crianças e adolescentes por diversas razões. Dentre as possíveis estão: o estirão de crescimento, a má postura, o levantamento de peso excessivo, modelos inadequados de mochilas, má distribuição das disciplinas na grade horária e o sedentarismo.
A Academia Americana de Ortopedia define postura como o estado de equilíbrio entre músculos e ossos com capacidade para proteger as demais estruturas do corpo humano em relação a traumatismos, seja na posição em pé, sentados ou deitados.
É essencial manter a postura correta, caso contrário a musculatura deixa de fazer o que lhe cabe como suporte do peso de boa parte do corpo, sobrecarregando a ossatura, que então adquire a postura errada
O uso de mochilas durante o deslocamento de crianças e adolescentes à escola, e dela para casa, pode ser um dos fatores determinantes para agravar ainda mais os desvios de postura comumente observados.
A hiperlordose cervical é acompanhada por uma flexão occipital por tensão dos músculos semi-espinhais da cabeça.
A hipercifose é uma convexidade posterior aumentada da coluna torácica, é o distúrbio vertebral mais freqüente em adolescentes, cerca de 25% destes sofrem de alguma dificuldade relacionada à cifose.
A hiperlordose lombar é aumento da curva na região lombar, acentuando a concavidade lombar no plano sagital, sendo mais encontrada em mulheres devido aos saltos altos, ginástica olímpica e a própria postura feminina.
A coluna possui curvaturas normais no sentido antero - posterior, mas uma curvatura em sentido látero-lateral é considerada uma escoliose. Como a coluna vertebral não pode inclinar-se lateralmente sem também fazer rotação, a escoliose envolve tanto flexão lateral quanto rotação.
Na Escola Pública, o problema está no mobiliário inadequado e na falta de informação dos alunos e família. Na Escola Particular, apesar da boa infra-estrutura e das informações que a família e os professores possuem, o problema se encontra no peso excessivo das mochilas. O que falta em ambos os casos é mais cuidado e prevenção.
Nos dias atuais, doenças da coluna têm sido consideradas um sério problema de saúde pública, pois se apresentam com alta incidência na população, incapacitando-a temporária ou definitivamente para atividades profissionais.
Um estudo realizado nos EUA revelou que numa população de 20 milhões de incapacitados, 8,4 milhões de casos eram por doenças da coluna. Ao relacionar o ambiente escolar com postura percebe-se que os problemas são diversos, como por exemplo: causas ergonômicas, como as encontradas no transporte do material escolar, arquitetura desfavorável do imóvel, disposição e proporções inadequadas do mobiliário, as quais, provavelmente, serão responsáveis pela manutenção, aquisição ou agravamento de hábitos posturais inapropriados.
Considerando que as crianças permanecem por um longo período de tempo nas instituições escolares e que estas podem não apresentar condições ergonômicas adequadas, torna-se conveniente realizar estudos sobre alterações posturais, sobretudo as da coluna vertebral, por entender que as mesmas possam gerar agravos futuros e também pelo elevado número de adultos incapacitados para uma vida social ativa por problemas nesse segmento.

quarta-feira, 27 de maio de 2009

Repiração bucal/ATM/Coluna

Respiração Oral - ATM - Coluna Cervical


Dr. FRANDERSON MARQUES CARVALHO FISIOTERAPEUTA CREFITO - 4/28696 F

Ao nascer, após o parto há uma excitação das vias respiratórias que estimula o desenvolvimento das fossas e seios nasais. Durante a amamentação a mandíbula avança e retrai e isto desenvolve o tônus muscular favorecendo a respiração nasal, permitindo um bom posicionamento de cabeça e coluna cervical. A amamentação desempenha um papel importante no processo de amadurecimento das funções orais e desenvolvimento da tonicidade muscular, e consequentemente desenvolvimento da articulação têmporo-mandibular ( ATM). Quando a criança passa para uma alimentação de alimentos amassados , mal amassados e picados, essa tonicidade continuará a ser estimulada através dos movimentos mastigatórios, posicionando bem a ATM e em seguida a coluna cervical e cabeça.Uma criança que possui respiração oral, apresenta desequilíbrio na oclusão dental, desfavorecendo um fechamento suave da mandíbula, da sua posição de repouso para a máxima intercuspidação. Um contato ou postura alterada, irá afetar a propriocepção e a atividade muscular, ocorrendo alterações de repouso. 40 a 50% dos respiradores bucais sofrem influência da coluna cervical e postura experimentando algum tipo de dor cervical com limitação da mobilidade o que interfere com o estilo de vida. Existem evidências empíricas e documentadas, na literatura, que sugerem o envolvimento de estruturas cervicais, ósseas e musculares, que podem ser consideradas como uma das maiores fontes de sintomas referidos em região orofacial, de cabeça e MMSS ( membros superiores ). Quando se altera o posicionamento da cabeça, a oclusão imediatamente se altera. O equilíbrio muscular é alterado e a estabilidade articular da ATM, que é mantida pelos músculos, se modifica também. Os contatos oclusais podem ocorrer então, com interferências ou prematuramente, provocando contração ou estiramento dos músculos envolvidos no sistema estomatognático, e consequentemente, surge um quadro doloroso, podendo estar aí a causa de dores orofaciais e na ATM de crianças. A postura do ser humano é influenciada por: hereditariedade, patologias e hábitos. Lembre-se que a influência de uma cabeça e cervical mal posicionada pode produzir sintomas como cefaléias, tonturas e vertigens, sendo comuns a crianças que só fazem respiração bucal. PARA QUE A VIDA SEJA BEM VIVIDA TEMOS QUE FAZER ALGO PELA VIDA.
Técnica de Mobilização Neural na Prevenção e Tratamento de Lesões por Esforços Repetitivos nos Esportes

Henri Maurício Stelle

Resumo
Devido a intensa busca de sucesso nos esportes, os atletas estão sofrendo com lesões por esforços repetitivos e isto passou a ser uma grande preocupação para todos os envolvidos na reabilitação esportiva. Podemos utilizar a técnica de mobilização neural para a prevenção deste tipo de lesão com envolvimento neural, tratando qualquer compressão e/ou tensão no nervo que esteja dificultando seu fluxo axoplasmático, elasticidade, condução de impulso nervoso, nutrição e circulação sangüínea normal, abolindo os sintomas.
Palavras-chave: neural, esportes, atletas, lesões por esforços repetitivos.

Introdução

As lesões por esforços repetitivos estão cada vez mais presentes na população mundial e não é diferente em relação aos atletas. Apresentando hoje a maior porcentagem de lesões esportivas que requerem tratamento médico (O’TOOLE et al, 1989), as lesões por esforços repetitivos aumentam sua ocorrência devido a uma busca exaustiva de resultados com treinamentos diários e por vezes excessivos, somando-se a um fraco trabalho de prevenção. O objetivo deste artigo é buscar uma nova forma de prevenção e tratamento das lesões por esforços repetitivos em atletas.



Revisão da Literatura

Nos esportes em geral há um grande envolvimento dos nervos para a realização dos muitos movimentos precisos e coordenados, com isso há uma sobrecarga sobre as estruturas neurais pelo seu uso freqüente afetando seu funcionamento normal.
As lesões por uso excessivo vêm dificultando o desempenho dos atletas há muito tempo. No período de 10 anos, entre 1972 e 1982, Murphy e Baxter realizaram 21 cirurgias que envolveram descompressão dos nervos periféricos no pé e tornozelo consistindo na liberação dos tecidos moles no túnel tarsal e pé ou remoção de excrescências corporais anormais que estavam irritando esses nervos (MURPHY e BAXTER, 1985).
Wang e Crielaard (2001) relataram que as neuropatias compressivas mais freqüentes são a síndrome do desfiladeiro torácico em nadadores e arremessadores, a neuropatia do torácico longo nos tenistas, a neuropatia supraescapular em tenistas e jogadores de voleibol, a compressão do nervo ulnar no cotovelo de arremessadores e no punho em ciclistas e a síndrome de Morton em corredores e dançarinas.
Uma das articulações mais afetadas pelas modalidades esportivas é a gleno-umeral. De acordo com Briner et al (1999) o ombro é mais suscetível a essas lesões pelo fato de esportes como o voleibol, a natação e outros envolverem movimento do membro superior acima da cabeça, levando o ombro a uma rotação externa e abdução repetitiva seguida de extensão e rotação interna. Além disso, o contato com a bola, no caso do voleibol, ocorre no ponto máximo de abdução do membro na qual pode aumentar as forças de pinçamento. Baseado nisso há uma freqüência maior de lesões nervosas nesses atletas (SAFRAN, 2004), assim como uma síndrome dolorosa pela compressão do nervo supraescapular (FERRETI et al, 1997) e pode estar presente em 32% dos atletas de voleibol (BRINER et al, 1999).
A lesão do nervo supraescapular também está presente em jogadores de beisebol, principalmente os arremessadores (MENDOZA e MAIN, 1990), porém ela quase sempre permanece assintomática (LIVERSON et al, 1991).
A inflamação crônica dos tendões extensores comuns presente na lesão do cotovelo de tenista leva à fibrose e edema local como conseqüência do uso excessivo dos tendões, levando a um aumento da compressão sobre o nervo radial quando ele passa abaixo do músculo extensor radial do punho (LUTZ, 1991).
A lesão do nervo ulnar é mais comum em atletas que realizam movimentos repetidos de arremesso (GLOUSMAN, 1990). Há um aumento anormal da pressão neural no túnel cubital quando o cotovelo é fletido em combinação com extensão de punho e abdução de ombro, na qual a posição da extremidade superior está no estágio inicial do arremesso (PECHAN e JULIS, 1975).
Compressão do nervo ulnar no punho é um problema comum em ciclistas (MELLION, 1991). Em um estudo realizado por Fernald (1988) sobre a incidência de lesões por uso excessivo do punho em ciclistas de elite foi descoberto que 21% deles tiveram mudanças sensoriais. Normalmente um ciclista deixa 45% de seu peso sobre as extremidades superiores (FERNALD, 1988), com isso a combinação de compressão e vibração aumenta a probabilidade de sintomas. A compressão pode causar distúrbios sensoriais e fraqueza motora nos músculos intrínsecos da mão (STEWART e AGUAYO, 1984).
Um grupo de 14 ciclistas chineses foram avaliados e concluiu-se que há uma prevalência maior do que o esperado das lesões do nervo mediano (CHAN et al, 1991). A síndrome do túnel carpal é a forma de compressão mais comum do nervo mediano e nos esportes ela ocorre pelo resultado de peso excessivo sobre as mãos de ciclistas (MELLION, 1991).
Jogadores de boliche são suscetíveis a compressão do nervo digital ulnar produzido pela pressão direta do buraco da bola de boliche. (RETTING, 1990).
Uma contração forte do tríceps que ocorre durante treinamento com peso ou arremessos pode levar à compressão do nervo radial causando fraqueza nos músculos extensores do antebraço (MITSUNAGA e NAKANO, 1988).
As lesões por esforços repetitivos estão presentes em 82,6% das lesões em golfistas (GOSHEGEN et al, 2003), em 28% das jogadoras de futebol na pré-temporada, no início e final da competição (ENGSTRON et al, 1991) e também foi visto com grande incidência em jogadores de vôlei de praia (BARH et al, 2003).
É observado também a neuropatia do nervo obturador particularmente em atletas que praticam esportes que envolvem corrida, chute e rotação com mudança de direção (BRUKNER et al, 1999).
Também os corredores parecem ser bastante vulneráveis à irritação do nervo fibular pelo repetitivo estiramento do nervo durante inversão e flexão plantar (LEACH et al, 1989), e pela natureza repetitiva da corrida combinada com mecânica alterada do pé e tornozelo, o nervo tibial estará em risco por lesões de estiramento no túnel tarsal (BOJANIC et al, 1991).
Esse problema também pode estar presente em atletas de competição da modalidade de arremesso de peso pela grande carga de peso sobre seus pés (JOHNSON et al, 1992).
Neuromas interdigitais muito comumente ocorrem em corredores e dançarinos devido ao repetitivo movimento de dorsiflexão das articulações metatarsofalangianas. O nervo é estirado sob o ligamento metatarsal transverso profundo. A compressão pode ocorrer também pela formação de calos sob as cabeças metatarsianas como resultado de um aumento de pressão sobre o nervo (SCHON e BAXTER, 1990).
Em um grupo de 28 atletas para-olímpicos cadeirantes foram encontrados disfunção do nervo mediano no túnel carpal em 46% dos atletas e neuropatia ulnar em 39% (BURNHAM e STEADWARD, 1994).
Em seu estudo Izzi et al (2001) relatam que lesões nervosas do cotovelo, punho e mão em atletas podem ser advindas de uma contusão direta dos tecidos que revestem esses nervos periféricos ou como resultado de uma atividade atlética repetitiva e vigorosa levando a isquemia e edema tecidual com sintomas de compressão neural.
Observa-se que nos esportes, cargas de pequena magnitude são aplicadas regularmente num tecido com estrutura colagenosa, não permitindo sua adequação metabólica, fatigando o tecido e desenvolvendo um processo inflamatório (TEITZ, 1989).
Zusman (1986) acredita que esses processos inflamatórios provém de irritabilidade química, causando dano tecidual adicional - as alterações químicas e mecânicas na estrutura levam a uma disfunção neural e a uma patologia no nervo periférico. Segundo Ladeira (1999) este tipo de lesão ocorre principalmente quando interfaces mecânicas do sistema músculo-esquelético afetam nocivamente a aplicação de cargas em certas áreas do tecido nervoso.
Como foi visto, várias são as formas de aparecimento dos sintomas de origem neural nos esportes, porém movimentos repetitivos também podem produzir lesões menores nos nervos periféricos, as quais serão assintomáticas e desenvolverão sintomas apenas no futuro, o que demonstra a importância da prevenção nesses casos (COPPIETERS et al, 2001).
Uma disfunção no suprimento sangüíneo é capaz de alterar a função neural normal. O sangue supre a energia necessária para a condução do impulso e também para o movimento intercelular do citoplasma do neurônio (CHANG, 2001). Além disso a fibrose diminuiria o movimento das fibras nervosas, resultando em tração, o que dificulta uma amplitude de movimento completa com um deslizamento diminuído (MACKINNON, 2002).
Dahlin (1991) explica que compressões crônicas e agudas do nervo periférico podem induzir a mudanças na microcirculação intraneural e na estrutura da fibra nervosa, aumento na permeabilidade vascular com subsequente formação de edema e dano no transporte axonal anterógrado e retrógrado, os quais contribuem para os sintomas clínicos e deterioração da função nervosa. Mudanças morfológicas e funcionais nas células corporais nervosas podem ser observadas depois da compressão causada provavelmente pela inibição do transporte axonal.
Segundo Butler (1991) o funcionamento do sistema nervoso central (SNC) ou do sistema nervoso periférico (SNP), pode ser afetado se houver alguma alteração na relação fisiológica do transporte de nutrientes e organelas do sistema nervoso, sendo assim uma interrupção do transporte endoneural por forças de compressão ou de tensão pode colocar em risco a nutrição do nervo. A interrupção deste mecanismo causa uma disfunção de amplitude de movimento e algia, essas mudanças centrais podem afetar o axônio como um todo e como conseqüência um aumento na suscetibilidade de trauma ao nervo (DAHLIN e LUNDBORG, 1990).
Frente a esses conhecimentos a técnica de mobilização neural¹ é um conjunto de técnicas que tem como objetivo colocar o sistema nervoso em maior tensão, mediante determinadas posturas, para que em seguida sejam aplicados movimentos lentos e rítmicos direcionados aos nervos periféricos e medula espinhal que proporcionem melhora da condutibilidade do impulso nervoso. A mobilização neural surgiu com o pensamento de que o sistema nervoso é formado por um trato de tecido contínuo, deste modo uma compressão ou uma tensão neural adversa em alguma parte do nervo pode afetar o nervo como um todo (BUTLER, 1991).
A técnica parte do princípio que se houver comprometimento da mecânica/fisiologia do sistema nervoso (movimento, elasticidade, condução, fluxo axoplasmático) outras disfunções do próprio sistema nervoso ou em estruturas músculo-esqueléticas que recebem inervação podem ocorrer (MARINZECK, 2002).
Os axônios são de extrema importância, pois além da função da condução nervosa através da ajuda das células de Schwann e dos nódulos de Ranvier, eles permitem o estiramento do nervo através de túbulos endoneurais como descreve Mackisson e Dellon (1988) apud Butler (1991) p. 6:

“Axônios correm um curso ondulatório nos túbulos endoneurais como fazem os fascículos no epineuro. O curso ondulatório que corre por axônios nos túbulos endoneurais permite algum estiramento. Essas ondulações causam um fenômeno óptico conhecido como faixas de ondas espirais de Fontana – essas faixas desaparecem nas áreas de compressão do nervo.”

Segundo Greening e Lynn (1998), em recente estudo em humanos e em animais verificou-se que sintomas de dor difusa podem ser uma conseqüência de, relativamente, pequenas lesões nervosas nas quais sinais de mudança da função neural não são inicialmente aparentes, isto demonstra que a dor e a mudança do limiar somatosensorial pode ocorrer através de um pequeno dano axonal ou uma inflamação da bainha de mielina quando não há dano axonal.
Wilson (1990) considera que algumas lesões por esforços repetitivos tais como desordens com trauma acumulativo tenham um mecanismo simpático.
Para verificar a existência de sintomas devem ser realizados os testes de tensão neural adversa para os nervos específicos, tanto em membros superiores como inferiores, com a finalidade de colocá-los em tensão através de seu estiramento, podendo existir sinais sensoriais durante sua execução como parestesia e algia (BUTLER, 1991).
Todos os Testes de Tensão para o Membro Superior conhecidos como Upper Limb Tension Tests (ULTTs) são úteis para determinar se a neurobiomecânica anormal está contribuindo para a persistência dos sintomas e devem ser usados sempre que há algum indício de envolvimento neural. Os testes de tensão neural adversa também devem ser usados em lesões aparentemente musculares ou tendíneas que não tiverem êxito no seu tratamento (DRYE e ZACHAZEWSKI, 1996).
Foi verificado que os indivíduos com lesões por esforços repetitivos tiveram ULTTs positivos bilateralmente principalmente no lado dominante e através de imagens de ultra-som percebeu-se pequenas reduções na função do nervo periférico envolvendo fibras grandes e pequenas que seriam consistentes com a hipótese de que neuropatias menores estão presentes nas lesões por uso excessivo e em digitadores há uma alteração similar porém menos marcada mostrando possíveis mudanças precoces nos nervos periféricos no grupo ocupacional (LYNN et al, 2001).
No estudo realizado por Yaxley e Jull (1993) foi observado que o tecido neural foi significativamente menos extensível no membro superior com lesão de cotovelo de tenista do que no membro normal usando o Upper Limb Tension Test (ULTT) para nervo radial².
Van der Heide et al (2001) estudaram o teste neural para o nervo mediano em 20 indivíduos assintomáticos e os resultados indicaram que respostas dolorosas e atividade muscular do trapézio estavam presentes na maioria das pessoas e sem uma significativa diferença da amplitude do cotovelo com o início da dor entre os membros superiores, consequentemente uma diferença entre os dois pode ser indicativo de um possível envolvimento de tecido neural.
Byng (1997) em seu estudo comparou os Upper Limb Tension Tests (ULTT’s) em pacientes assintomáticos digitadores e não digitadores do sexo feminino. Os digitadores assintomáticos tiveram ULTT positivo em 100% dos casos, o que mostra uma significativa diferença com os não digitadores. Várias mudanças fisiológicas subclínicas causadas por uso excessivo do teclado são possíveis causas do envolvimento neural. Deste modo, a técnica de mobilização neural pode ser usada como forma de prevenção para esses casos de uso excessivo dos membros superiores e consequentemente ela também pode ser usada para lesões esportivas que envolvem movimento repetitivo e lesões de nervos periféricos.

Segundo Shaclock (1999) p. 1:
“Tratamento de mecanismos periféricos podem ser executados através de técnicas centrais já que ambos mecanismos centrais e periféricos fazem sempre parte do mesmo problema clínico. Consequentemente, a terapia manual deve mudar sua mente fixa do ponto de vista periférico e integrar mecanismos centrais dentro da prática clínica como um modo de eficácia terapêutica e prevenir a mudança da dor aguda em direção a crônica.”

Pahor e Toppenberg (1996) concluíram que uma torção em inversão do tornozelo pode afetar a função neurodinâmica, o que demonstra que as lesões nervosas também estão presentes em lesões sem envolvimento de movimentos repetitivos.
As técnicas de mobilização neural têm sido utilizadas com sucesso em outras lesões esportivas como a ruptura dos isquiotibiais. Há evidências de que mobilização do sistema nervoso pode ser útil para o retorno mais rápido de jogadores de futebol (KORNBERG e LEW, 1989).
Turl e George (1998) em seu estudo afirmam que a tensão neural adversa pode resultar ou ser um fator contribuidor na etiologia de lesões repetitivas dos isquiotibiais. O que mostra que lesões musculares podem ser prevenidas com a eliminação da tensão adversa no nervo através da técnica.
Existem várias formas do nervo ser lesado além das lesões por esforços repetitivos, tais como quando os isquiotibiais são rompidos (SAMMARCO e STEPHENS, 1991), a articulação do ombro é deslocada (MENDOZA e MAIN, 1990) ou quando um ligamento do tornozelo é estirado (NITZ et al, 1985).

Conclusão

Desta forma, de acordo com os conhecimentos adquiridos relacionados à Mobilização Neural, há a possibilidade de tratamento e prevenção de lesões por esforços repetitivos com envolvimento neural através de avaliações utilizando os testes de tensão neural adversa seguido da aplicação da técnica. A partir da revisão da literatura existe a possibilidade de execução de pesquisas sobre o assunto mencionado para comprovação de resultados.


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Aplicação de bandagens Funcionais em atletas

Aplicação de
Bandagens Funcionais
como recurso no tratamento de
lesões nos atletas
tratados na Clínica de Fisioterapia Salgado –
Clinique du Sport, Londrina - PR
SALGADO, Afonso S. I. 1; PARREIRA, Rodolfo B. 2; CECI, Lisandro Antonio.2
Abstract
The strapping are a therapeutical instrument well used by physical
therapists of whole world, in other countries it receives the label of
taping or strapping (USA) or Ligaduras Funcionais (Portugal), Funcional
Bandages (Germany) e Contentions souples (France and
Switzerland).
The areas of orthopaedics- traumatological and sports physical
therapy are the ones who are in benefit, helping the techniques of
rehabilitation in articular, ligamentous, muscular and postural lesions
among others.
In sports physical therapy, the main objective is return the athlete as
fast as possible to activity regarding the physiological limits after
injuries.
The essential strapping for rehabilitation, enhance the desportive
activity inside a normal articular amplitude.
The objective is to demostrate different ways and applications of
strapping in sports inside the clinic of physical therapy Fisioterapia
Salgado in Londrina-Pr - Brazil.
The treatment can be completed by physical agents, movement
therapies, hidrotherapy if necessary.
Key-words: Bandages , Rehabilitation , Physical Therapy, Desportive
Resumo
As bandagens funcionais são um instrumento terapêutico muito utilizado
pelos Fisioterapeutas de todo o mundo, em outros países recebem
o nome de Taping ou Strapping (USA) ou Ligaduras funcionais
(Portugal) , Functional Bandages (Alemanha) e Contentions
souples (França e Suíça) .
As áreas de Fisioterapia Ortopédica – traumatológica e desportiva
são as beneficiadas , auxiliando as técnicas de reabilitação em lesões
articulares, ligamentares, musculares, posturais entre outras.
Na Fisioterapia desportiva, temos como principal objetivo devolver
o atleta o mais rápido possível dentro dos limites fisiológicos pós
lesões.
As bandagens funcionais essenciais para a Reabilitação melhoram a
atividade esportiva e competitiva dentro de uma amplitude articular
normal.
O objetivo é demonstrar formas diferentes de aplicação das
bandagens no esporte em pacientes da clínica de Fisioterapia Salgado
de Londrina-Pr – Brasil .
O tratamento poderá ser completado por agentes físicos,
cinesioterapia, hidroterapia se necessário .
Palavra-chave: Bandagens, reabilitação, fisioterapia desportiva.
1 Mestre em Cirurgia Experimental pela UNESP - Botucatu - SP e Coordenador do curso de
Pós-Graduação em Terapia Manual do CESUMAR - Maringá - PR.
2 Fisioterapeutas da Clínica de Fisioterapia Salgado - Londrina - PR.
Endereço para correspondência: Afonso Salgado. Rua Borba Gato, 1170, sala 5, Centro.
Londrina - PR. CEP: 86.010-630.
Fisio Magazine 31
pêutica com bandagens funcionais são
específicos e de utilização única, sendo
estes rígidos ou elásticos com a devida
graduação de tensão para cada caso.
Temos que levar em conta a indicação
para cada tipo de modalidade e o
objetivo que se quer alcançar dentro do
tratamento.
O uso de materiais próprios e aplicação
correta das técnicas fará com esta
modalidade contribua para o êxito da
recuperação do atleta.
As propostas e benefícios da bandagem
são (Austim et al., 1994):
Propostas:
- Suporte a uma estrutura lesada
- Limita movimentos prejudiciais
- Permite movimentos funcionais livre
de dor.
- Permite o retorno precoce as atividades
Benefícios
- A circulação se torna melhor através do
movimento.
- O edema é controlado.
- Previne:
1. Piora da lesão inicial
2. Lesão compensatória em partes adjacentes.
3. Atrofia por desuso.
- Permite:
1. Continuar o condicionamento e fortalecimento
corporal freqüentemente
perdido durante a inatividade pós-lesão.
2. Manutenção da habilidade e reação
freqüentemente devido a fatores inibitórios
(dor, medo de lesar novamente).
Contra-indicações
- Após a ocorrência de uma lesão grave.
- Se houver qualquer limitação funcional.
- Se houver grande edema com presença
de hematoma.
- Após aplicação de crioterapia.
- Durante a noite.
- Alterações tróficas e de sensibilidade
tecidual.
- Alterações vasculares.
A volta precoce a atividade esportiva
se torna imprescindível pois evita uma
grande perda de condicionamento
cardiorrespiratório e muscular.
A imobilização de um segmento desencadeia
alterações tróficas músculotendíneas
e cartilaginosas que variam dependendo
principalmente do tempo de
imobilização (Ferreira et al., 2001), pior
ainda na posição de encurtamento. Ve-
Introdução
Na prática da fisioterapia desportiva,
temos por principal objetivo devolver o atleta
a sua prática o mais breve possível dentro
dos limites fisiológicos após um lesão.
Como parte do arsenal fisioterapêutico
para tratamento do atleta, temos as
bandagens funcionais, promovendo proteção
e suporte para uma dada lesão, permitindo
ótimos movimentos funcionais.
O conhecimento anatômico é imprescindível
para a aplicação da bandagens funcionais,
bem como o conhecimento etiológico
das lesões o que facilita o terapeuta na identificação
de cada estrutura lesada, além da
aplicação correta da técnica.
Cada tipo de tecido necessita de um
determinado período para cicatrização e
reconstituição. Este período também
depende da gravidade da lesão, da
ocorrêcia de um tratamento inicial adequado
e do engajamento em um protocolo
de reabilitação. Se os cuidados iniciais
forem tardios e/ou e inadequados,
o tempo de recuperação é prolongado
significamente. Além disso, uma vez que
o tecido esteja tecnicamente ”cicatrizado”,
ou seja, que a reconstituição tissular
tenha se completado, ainda se faz necessário
um outro período para que o tecido
recupere sua força original. Em condições
ótimas isto requer em média oito
a doze meses, e em alguns casos pode
demorar ainda mais.
Em geral, classifica-se a cicatrização
e a reconstituição tissular em três fases
básicas:
- Fase inflamatória;
- Fase de reconstituição e regeneração;
- Fase de remodelação.
O conhecimento das propriedades
fisiológicas de cada fase é extremamente
importante para o fisioterapeuta realizar
um melhor diagnóstico e assim poder
direcionar o tratamento a ser executado
em todo e qualquer tipo de lesão.
Isto serve como base para a melhor compreensão
dos processos patológicos e assim
indicar e utilizar as melhores ferramentas
para o tratamento.
As bandagens funcionais, ferramenta
essencial na reabilitação, promove
uma rápida recuperação e evita a perda
da função do atleta pois promove um retorno
precoce a atividade ou competição
esportiva dentro de uma amplitude
cuidadosa, com a área lesada protegidas
por eventual lesões futuras e lesões compensatórias.
Os materiais utilizados para a terarifica-
se adaptações como diminuição do
número de sarcômeros, diminuição da
extensibilidade elástica mio-tendinosas e
eventual osteopenia.
A força muscular também estará diminuída.
Parte deste efeito pode ser atribuído
a fatores neurais (Berg et al.,
1997). Há evidências de que ocorre uma
disfunção reversível na transmissão
neuromuscular, somando-se a diminuição
na área de secção transversal
provocadas pelas alterações tróficas
(Grana et al., 1996).
Além disso, o músculo atua como um
órgão de secreção hormonal como o IGF-
1 (Insuline-Like Growth Factor) e MGF
(Mechano Growth Factor) regulado pelo
estímulo mecânico (Minamoto e Salvini,
2001). Sabe-se que células como a musculatura
esquelética e cardíaca,
fibroblastos e os osteoblastos, têm a capacidade
de responder a estímulos mecânicos,
os mecanócitos, que possuem
fatores de crescimento (IGF-1) associado
ao estímulo mecânico (MGF), responsáveis
pela hipertrofia e estimulação
muscular.
Portanto as bandagens funcionais
propicia de uma forma segura, a funcionalidade
da articulação pela atividade
muscular e articular envolvida.
Objetivo e Métodos
O objetivo é de demonstrar algumas
formas de bandagens aplicada em pacientes
desportos na Clínica de Fisioterapia Salgado
– Clinique du Sport, e demonstrar alguns
exemplos de aplicação de bandagens.
Os principais segmentos e patologias
tratadas em nosso serviço são o tornozelo
(entorse), joelho (fêmuro-patelar), coxa
(estiramento), cotovelo (tennis elbow) e
dedos (contusão).
Técnicas
Entorse de tornozelo –
inversão:
Foto 1 – tornozelo mantido a 90, colocar
as âncoras tibial e metatarsal.
Foto 2 – colocar uma bandagem em
sentido longitudinal a tíbia contornando o
calcâneo e subindo a fíbula até a âncora
tibial – mantendo o tornozelo em eversão,
repetindo a técnica tres vezes.
– continuando atrás
do tendão de aquiles contornando o
calcâneo. Subir lateralmente até fixar na
âncora tibial.

Joelho – fêmuro-patelar:
Foto 4 – aplicar uma tira horizontal ao
nível do ligamento patelar somente nas faces
lateral, anterior e medial, não contornando
o joelho.
Foto 5 – aplicar uma tira diagonal iniciando
lateralmente a patela, cruzando o
ligamento patelar e fixando medialmente
(sentido céfalo-caudal).
Fotos 6a, 6b – repetir a operação em
sentido oposto ao anterior (de distal para
proximal).

Coxa – estiramento de
adutor:
– aplicar tiras horizontais, em
torno da coxa ao nível do local lesado.
– aplicar uma tira no mesmo
sentido mas desta vez exercendo uma pressão
e fixando os dois lados
simultâneamente.
Foto 10 - se quiser evitar a abdução,
enfaixe o local lesado, contornando o
quadril oposto e finalizando no local de
início do enfaixamento.
Fisio Magazine 33
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Entendendo as Lesões

ENTENDENDO AS LESÕES

Antes de falar especificamente sobre as lesões vamos pensar nas estruturas afetadas pelas lesões. Ou seja, você já parou pra pensar em como você é por dentro? Do que seu corpo é constituído? Como são formados os tecidos do seu corpo? Qual a função dos seus órgãos, ossos, músculos, tendões, ligamentos e várias outras estruturas do seu corpo? O que acontece no seu corpo quando você pratica atividades físicas? O que acontece no seu interior que gera um desequilíbrio, e acaba por provocar lesões?

Seu corpo é formado por células dos mais variados tipos, e cada uma delas, conforme se desenvolve, vai assumindo características próprias e desempenhando determinadas funções, própria de cada uma.

FISIOPATOLOGIA DA LESÃO EM VÁRIOS TECIDOS DO CORPO HUMANO.

Neste momento abordaremos de forma superficial alguns tipos de células, tecidos e suas respectivas funções.

Quando nascemos temos uma célula responsável pelo desenvolvimento de todas as outras células do nosso corpo. A está é dado o nome de célula mensequimal, que se diferencia e especializa formando os mais variados tipos de células e os subseqüentes tecidos corporais.

Existem quatro tipos de tecidos fundamentais no corpo humano: epitelial, conectivo, muscular e nervoso. Segundo Guyton, todos os tecidos do corpo, exceto os ossos, podem ser definidos como tecidos moles. Cailliet, entretanto, define mais tecnicamente o tecido mole como a matriz do corpo humano, formada por componentes celulares dentro de uma substância básica. Ele também acredita que o tecido mole é a causa mais comum de incapacidade funcional do sistema musculoesquelético. A maioria das lesões relacionadas ao esporte ocorre nos tecidos moles.

TECIDO EPITELIAL

O primeiro tecido fundamental é o epitelial. Esse tecido específico reveste todas as superfícies internas e externas do corpo, abrangendo estruturas como a pele, a camada externa dos órgãos internos e o revestimento interno dos vasos sangüíneos e das glândulas. A finalidade básica do tecido epitelial, de acordo com Fahey, é proteger e formar estrutura para os outros tecidos e órgãos. Além disso, esse tecido atua na absorção (como no trato digestivo) e na secreção (como nas glândulas). Uma das principais características fisiológicas do tecido epitelial é não possuir suprimento sangüíneo, e, portanto, depender do processo de difusão para ser nutrido, oxigenado e para eliminar produtos excretáveis. Grande parte das lesões relacionadas ao esporte nesse tipo de tecido é traumática, incluindo abrasões, lacerações, perfurações e avulsões. Entre outras lesões a esses tecidos estão a infecção, a inflamação ou a doença.

TECIDO CONECTIVO

As funções do tecido conectivo no corpo são fornecer suporte e revestimento, preencher espaços, armazenar gorduras, auxiliar no reparo dos tecidos, produzir células sangüíneas e proteger contra infecções. O tecido conectivo é constituído de vários tipos de células, separadas umas das outras por alguma espécie de matriz extracelular. Essa matriz consiste em fibras e uma substância fundamental amorfa, que pode ser sólida, semi-sólida ou líquida. Os tipos primários de células de tecido conectivo são os macrófagos, que funcionam como fagócitos para eliminar os detritos; os mastócitos, que liberam produtos químicos (histamina e heparina) associados à inflamação; e os fibroblastos, que são as principais células do tecido conectivo.

Colágeno

Os fibroblastos produzem colágeno e elastina, encontrados em várias proporções em diferentes tecidos conectivos. O colágeno é uma das principais proteínas estruturais que formam as estruturas fortes, flexíveis e inelásticas, que mantêm o tecido conectivo unido. Ele possibilita ao tecido resistir a forças mecânicas e deformações. A elastina, porém, produz tecidos altamente elásticos que auxiliam na recuperação da deformação. As fibras de colágeno são os elementos de sustentação de carga do tecido conectivo. Elas são dispostas para acomodar os estresses tênseis, mas não são igualmente capazes de resistir ao estresse de cisalhamento ou ao estresse compressivo. Conseqüentemente, as fibras de colágeno percorrem as linhas de força tênsil.

O colágeno tem diversas propriedades físicas e mecânicas, que lhe possibilitam responder à carga e à deformação, permitindo que suporte altas cargas tênseis. As propriedades mecânicas do colágeno incluem elasticidade, que é a habilidade de recuperar o comprimento inicial após o alongamento; viscoelasticidade, que permitem um lento retorno ao comprimento e à forma normais após a deformação; e plasticidade, que possibilita a mudança permanente ou a deformação. As propriedades físicas incluem relaxamento ao estresse, que indica a diminuição da força necessária para manter um tecido em uma determinada quantidade de alongamento ou deformação ao longo do tempo; creep, que é a capacidade de um tecido deformar-se ao longo do tempo enquanto uma carga constante é imposta; e histerese, que é a quantidade de relaxamento que ocorre em um tecido durante a deformação e o alongamento. Caso as limitações mecânicas e físicas do tecido conectivo sejam ultrapassadas, o resultado será a lesão.

Tipos de tecido conectivo

Há vários tipos de tecido conectivo. O tecido conectivo fibroso é composto de fibras fortes de colágeno, que unem os tecidos. Há dois tipos de tecido conectivo fibroso. O tecido conectivo denso, que é composto basicamente por colágeno e é encontrado nos tendões, nas fáscias, nas aponeuroses, nos ligamentos e nas cápsulas articulares. Os tendões conectam os músculos ao osso. A aponeurose é um tendão fino como uma folha de papel. A fáscia é uma fina membrana de tecido conectivo que circundo músculos e tendões específicos ou grupos musculares. Os ligamentos ligam os ossos entre si. Todas as articulações sinoviais são circundadas por uma cápsula articular, que é um tipo de tecido conectivo semelhante a um ligamento. A direção das fibras colágenas nos ligamentos e nas cápsulas articulares é menos paralela do que nos tendões.

O tecido conectivo frouxo forma vários tipos de membranas finas presentes embaixo da pele, entre os músculos e entre os órgãos. O tecido adiposo é uma forma especializada de tecido conectivo frouxo, que armazena gordura, separa e atua de forma a absorver impactos. O suprimento sangüíneo para o tecido conectivo fibroso é relativamente baixo, portanto, a recuperação e o reparo da lesão são processos lentos.

A cartilagem é um tipo de tecido conectivo rígido que oferece apoio e reveste várias estruturas. É composta de células denominadas condrócitos localizadas em pequenas câmaras denominadas lacunas, completamente circundadas por uma matriz intracelular. A matriz é composta de diversas proporções de colágeno e elastina e de uma substância fundamental amorfa composta por proteoglicanos e glicosaminoglicanos, que são moléculas de proteína não-fibrosa. Os proteoglicanos atuam como esponjas e retêm grandes quantidades de água, o que permite que a cartilagem retorne à forma inicial após ter sido comprimida. A cartilagem recebe pouco suprimento sangüíneo; desse modo, a recuperação após a lesão é muito lenta.

O osso é um tipo de tecido conectivo composto de células vivas e de minerais depositados em uma matriz. Cada osso é constituído por três componentes principais. A epífise que é uma porção mais larga em cada extremidade do osso que se articula como outro osso adjacente. Cada uma das superfícies articulares é coberta por cartilagem articular e hialina. A diáfise é o eixo do osso. A placa epifisária ou placa de crescimento é o principal sítio de crescimento e alongamento ósseo. Depois que o crescimento ósseo cessa, a placa ossifica-se e forma a linha epifisária. Com exceção das superfícies articulares, o osso é totalmente confinado pelo periósteo, um tecido fibroso rígido, altamente vascularizado e inervado. O osso é rico em suprimento sangüíneo, o que certamente facilita o processo de recuperação após a lesão. Ele desempenha as funções de suporte, movimento e proteção. Além disso, armazena e libera cálcio no fluxo sangüíneo e produz glóbulos vermelhos.


O QUE É LESÃO

A lesão é caracterizada por uma alteração ou deformidade tecidual diferente do estado normal do tecido, que pode atingir vários níveis de tecidos, assim como os mais variados tipos de células. As lesões ocorrem em função de um desequilíbrio fisiológico ou mecânico, por trauma direto ou indireto, por uso excessivo de um determinado gesto motor, ou até por gestual motor realizado de forma incorreta.

No caso da população atlética, as lesões envolvem mais comumente o sistema musculoesquelético e, mais raramente o sistema nervoso. As lesões primárias são quase sempre descritas na medicina esportiva como sendo de natureza crônica ou aguda, resultantes de forças macrotraumáticas ou microtraumáticas. As lesões classificadas como microtraumáticas ocorrem em decorrência do trauma agudo e produzem dor e incapacidade imediatas. As lesões macrotraumáticas incluem fraturas, luxações, subluxações, entorses, distensões e contusões. As lesões microtraumáticas são geralmente denominadas lesões por excesso de uso (overuse) e são resultantes da sobrecarga repetitiva ou de uma mecânica gestual motora incorreta, relacionada ao treinamento contínuo ou à competição. As lesões microtraumáticas incluem tendinite, tenossinovite, bursite, etc. A lesão secundária é, essencialmente, a resposta inflamatória ou hipóxia secundária que ocorre em razão da lesão primária.


TIPOS DE LESÕES E OS TECIDOS MAIS LESIONADOS

As lesões podem ser ósseas, musculares, ligamentares ou articulares. As lesões podem ser internas e/ou externas; causadas por trauma direto ou indireto. Vejamos a seguir algumas das lesões mais comuns no esporte e os tecidos mais afetados por essas determinadas lesões.

As lesões ligamentares são comumente relacionadas ao entorse ligamentar. Um entorse envolve dano a um ligamento que fornece suporte a uma articulação. O ligamento é uma faixa de tecido rígido, relativamente inelástico, que liga um osso a outro. Os ligamentos podem ser espessamentos da cápsula articular como também podem ser faixas totalmente separadas da cápsula. Os ligamentos são formados por tecido conectivo denso, disposto em feixes paralelos de colágeno compostos por fileiras de fibroblastos. Embora os feixes estejam dispostos em paralelo, isso não ocorre a todas as fibras colágenas.

Sua função primária é tripla: proporcionar estabilidade a uma articulação, controlar a posição de um osso em relação a outro durante o movimento articular normal e fornecer informação proprioceptiva ou o senso posicional articular das terminações nervosas livres ou dos mecanoreceptores localizados no ligamento.

Os ligamentos e os tendões são muito semelhantes em sua estrutura. Porém, os ligamentos são geralmente mais achatados do que os tendões; e as fibras colágenas no ligamento são mais compactas. O posicionamento anatômico dos ligamentos determina, parcialmente, os movimentos que podem ser feitos por uma articulação.

Se estresses forem aplicados a uma articulação que forcem o movimento além de seus limites ou planos de movimento normais, é provável que ocorra lesão ao ligamento. A gravidade do dano ao ligamento é classificada de diferentes maneiras; entretanto, o sistema mais comumente usado envolve três classes (graus) de entorse ligamentares:

Entorse de 1º Grau: Existe algum estiramento ou talvez ruptura das fibras ligamentares, com pouca ou nenhuma instabilidade articular. Dor branda, pouco edema e rigidez articular podem ser observados.
Entorse de 2º Grau: Existe certa ruptura e separação das fibras ligamentares e instabilidade moderada da articulação. Dor de moderada a aguda; edema e rigidez articular devem ser esperados.
Entorse de 3º Grau: Existe ruptura total do ligamento, manifestada primariamente por grande instabilidade articular. Pode haver dor aguda no início, seguida por pouca ou nenhuma dor, devido à ruptura total das fibras nervosas. O edema pode ser volumoso e, desse modo, a articulação tende a tornar-se muito rígida algumas horas após a lesão. Um entorse de terceiro grau com instabilidade acentuada geralmente requer alguma forma de imobilização durante várias semanas. A força que produz a lesão ligamentar costuma ser tão grande que outras estruturas ligamentares ao redor da articulação também podem ser lesadas. Em casos nos quais ocorre lesão em múltiplas estruturas articulares o reparo cirúrgico ou a reconstrução podem ser necessários para corrigir a instabilidade.

As lesões ósseas são caracterizadas geralmente por fraturas, que são lesões extremamente comuns entre a população atlética. Podem ser classificadas, de modo geral, como aberta ou fechadas. A fratura fechada envolve pouco ou nenhum deslocamento dos ossos e, portanto, pouca ou nenhuma ruptura do tecido mole. A fratura aberta, por outro lado, envolve deslocamento suficiente das extremidades fraturadas para que o osso rompa de fato as camadas cutâneas e abra caminho para a pele. Ambas as fraturas podem ser relativamente graves se não forem tratadas adequadamente. No entanto existe maior possibilidade de infecção em uma fratura aberta. As fraturas são consideradas completas quando o osso é quebrado em no mínimo dois fragmentos; são denominadas incompletas, quando não se estendem completamente pelo osso.

Dentre as diferentes fraturas que podem ocorrer estão as em galho verde, transversas, oblíquas, espirais, cominutivas, por compressão, por avulsão e por estresse.

As lesões articulares são muito relacionadas a danos à cartilagem. A osteoartrose é um distúrbio degenerativo do osso é da cartilagem na articulação e em torna dela. A artrite deve ser definida basicamente como um distúrbio inflamatório com possível destruição secundária. A artrose é um processo degenerativo com destruição da cartilagem, remodelação do osso e possíveis componentes inflamatórios secundários.

A osteofitose ocorre quando um osso procura aumentar sua área de superfície para diminuir as forças de contato. Normalmente, as pessoas descrevem esse crescimento como “esporões ósseos” ou “bico de papagaio”. A condromalacia é a transformação não progressiva da cartilagem, com superfícies irregulares e de áreas de amolecimento.

Outros tipos de lesões que envolvem as articulações são a luxação e a subluxação, que são, respectivamente, o afastamento de duas superfícies articulares, mantendo-se afastadas no primeiro caso, e voltando a posição inicial no segundo.

Em atletas e praticantes de atividades físicas regulares, algumas articulações podem ser mais suscetíveis a uma resposta parecida com a osteoartrose. A proporção do peso corporal em repouso sobre a articulação, a distensão da unidade musculotendinosa e qualquer força externa importante aplicada sobre a articulação são fatores de predisposição. Uma mecânica articular alterada, causada por frouxidão ou por traumas anteriores, são também fatores a serem considerados.

As lesões musculares são classificadas: quanto à ação, que pode ser direta (mais comum em esportes de contato), ou indireta (comuns em esportes individuais); quanto à funcionalidade, que podem ser parciais, onde o músculo perde força mais ainda consegue se contrair, ou podem ser totais, quando a mobilidade articular e força muscular, podem ser nulas, ou seja, o músculo não se contrai mais; e, quanto ao agente agressor, que pode ser traumática, exemplos, estiramento ou distensão (quando uma unidade musculotendinea é excessivamente estirada ou forçada a se contrair contra uma resistência excessiva, excedendo seus limites de extensibilidade ou capacidade tênsil); contusão (é uma lesão por compressão, causada por trauma direto que resulta em ruptura capilar, sangramento e resposta inflamatória); e laceração (onde há perda do tecido muscular); ou podem ser não-traumáticas, tipo cãibra (dor gerada por motivos ainda não esclarecidos cientificamente, que diminui a capacidade funcional da musculatura gerando dor, espasmo e perda de força) e dor muscular tardia (dor resultante de um exercício intenso ou realizado pela primeira vez, que gera um ruptura tecidual, gerando microlesões nas fibras musculares e desencadeia um processo inflamatório, causando a dor muscular).

As causas mais comuns das lesões musculares são: excesso de treinamento; falta de controle nas tensões de exercícios e alongamentos; gestual motor (técnica) indevido nos exercícios e alongamentos; carência de exercícios de alongamento compensatórios após os exercícios físicos; excesso de força e insuficiência de flexibilidade, ou fraqueza com muita flexibilidade; excesso de exercícios, tanto de força quanto de alongamento, em músculos fracos, particularmente naqueles que suportam estruturas de apoio; excesso de exercícios de força isoladamente em grupos musculares com encurtamento; dispensa de aquecimento antes do treinamento e retorno ao treinamento antes da cura total de uma lesão.

Conseqüência das lesões Musculares

As lesões danificam a estrutura do retículo sarcoplasmático (endomísio, perimísio e epimísio), fáscias e tendões; são estas estruturas que compõem o interior dos músculos, assim como seus revestimentos e suas junções com os ossos. As lesões rompem o retículo sarcoplasmático interferindo no metabolismo do cálcio, que é responsável pela contração muscular.

As lesões diminuem a capacidade de contração muscular devido à degradação de proteína. Assim como também diminuem a capacidade de relaxamento e alongamento das fibras musculares por ocasionar espasmos dos músculos tônicos.

As lesões provocam dor muscular tardia, rigidez e desconforto. As lesões do sistema muscular podem afetar a propriocepção neuromuscular de uma área produzindo danos funcionais ao invés de danos estruturais. A estrutura pode estar intacta numa avaliação estática, mas com disfunção nos movimentos.


OVERTRAINING E AS LESÕES (OVERUSE)

A síndrome de supertreinamento (overtraining) representa muito mais que a simples incapacidade a curto prazo de treinar com a mesma intensidade habitual ou uma ligeira queda no desempenho em nível de competição. Pelo contrário, envolve fadiga crônica experimentada durante as sessões de exercícios e nos períodos subseqüentes de recuperação.

Entre os diversos sintomas que o excesso de treinamento apresenta, estão as infecções freqüentes, taxações de fadiga persistentemente altas, funções imunes alteradas (deficientes), alterações agudas e crônicas nas respostas dos processos inflamatórios. Ou seja, vários fatores que predispõe um indivíduo a lesões, principalmente as lesões funcionais.

As lesões corporais (musculares, ósseas, articulares e ligamentares) ocorrem com mais freqüência no estado de supertreinamento, devido a um estresse maior destas regiões por uso excessivo. E talvez, também, por períodos de recuperação inadequados. A participação em treinamentos adequados e eficientes, a alimentação e o repouso apropriados podem minimizar os efeitos potencialmente negativos do excesso de treinamento.

Entre todos os problemas causados por overuse (excesso de uso) e relacionados à atividade física, a tendinite é o mais comum. Tendinite é um termo abrangente que pode descrever muitos distúrbios patológicos diferentes de um tendão. Trata-se, essencialmente, de qualquer resposta inflamatória dentro do tendão, sem inflamação do paratendão. Durante a atividade muscular, o tendão deve mover-se ou deslizar sobre outras estruturas ao seu redor sempre que o músculo se contrair. Caso um movimento específico seja realizado repetidamente, o tendão fica irritado e inflamado. Essa inflamação manifesta-se pela dor durante o movimento, por edema, possivelmente algum aquecimento e geralmente crepitação (estalido semelhante ao som produzido por esfregar o cabelo sobre os dedos próximos à orelha).

O segredo para tratar a tendinite, assim como qualquer processo de overuse, é o repouso. Caso o movimento repetitivo que causa irritação ao tendão seja eliminado, as chances são de que o processo inflamatório permita que o tendão se recupere. Medicamentos antiinflamatórios e modalidades terapêuticas também ajudam na recuperação da resposta inflamatória.


TIPOS DE LESÕES MAIS COMUNS RELACIONADAS AOS SEGMENTOS CORPORAIS


OMBRO

Qualquer estudo relacionado ao ombro deve fundamentar-se no fato de que se está tratando de duas estruturas anatômicas distintas: a cintura escapular e a articulação do ombro. A cintura escapular consiste dos ossos da clavícula e da escápula, e a articulação do ombro é formado pelos ossos da escapulo e do úmero.

A articulação do ombro é uma região muito suscetível a lesões por esporte, isto acontece devido a sua organização anatômica e a quantidade de movimentos realizados sobre essa articulação. Entre as lesões mais comuns nesta articulação destacamos as:

- entorses da articulação esternoclavicular
- entorses da articulação acromioclavicular
- luxações/ instabilidades glenoumerais
- síndrome do impacto do ombro
- tendinite e rupturas do manguito rotador

COTOVELO E ANTEBRAÇO

O cotovelo e o antebraço são compostos por três ossos: o úmero, a ulna e o rádio. Juntos , eles formam quatro articulações, três na extremidade proximal do antebraço (umeroradial, umeroulnar e radiulnar proximal) e uma na extremidade distal do antebraço (radiulnar distal). O úmero, a ulna e o rádio se encontram para formar a estrutura comumente conhecida como cotovelo; a ulna e o rádio formam o antebraço. A extremidade distal do úmero fornece os encaixes ósseos para os tecido moles que ligam o braço ao antebraço, formando a articulação do cotovelo.

Dentre as lesões mais comuns nestas estruturas podemos citar:

- fraturas do cotovelo
- lesões no ligamento colateral ulnar
- compressão nervosa
- luxações do cotovelo
- epicondilite medial e lateral

PUNHO E MÃO

O punho e a mão são estruturas complexas formadas por vários ossos, ligamentos, articulações e músculos. E entre as lesões que mais acometem estas estruturas devido a treinamento físico e os desportos estão:

- síndrome do túnel do carpo
- luxação das articulações dos dedos

QUADRIL, VIRILHA E COXA

Qualquer discussão a respeito do quadril deve incluir os ossos da pelve e da coxa e os músculos da coxa, bem como os ligamentos e os músculos do quadril. Lembrando que vários dos músculos que atravessam a articulação do quadril também atravessam a articulação do joelho. Assim as várias lesões que acometem estas estruturas devem ser analisadas minuciosamente a fim de descobrir o real local da lesão. E entre as lesões mais comuns estão:

- contusão da crista ilíaca
- síndrome do piriforme (ciática)
- bursite trocantérica
- bursite isquiática
- bursite iliopectínea
- síndrome de estalido do quadril
- distensões do flexor da virilha e do quadril
- luxação do quadril
- distensão dos isquiotibiais
- fraturas por estresse do fêmur
- distensão do quadríceps
- contusão do quadríceps
- miosite ossificante

JOELHO

A articulação do joelho é a maior do corpo. Uniaxial e sinovial, geralmente chamada de articulação dobradiça. Na realidade, a articulação do joelho não é uma verdadeira articulação dobradiça e sim uma articulação modificada, pelo fato da a tíbia (osso distal) deslizar ao redor da extremidade distal do fêmur (osso proximal). O movimento se desenvolve em um único plano (sagital), sobre um eixo mutante. Em cada grau de movimento, no plano sagital, o eixo látero-lateral é alterado.

Ainda que a articulação do joelho pareça ser bem construída estruturalmente, ela não foi feita para suportar muita sobrecarga imposta por certas atividades atléticas. Ao examinarmos a sua anatomia, evidenciamos casos comuns de sobrecarga excessiva, que predispõem os praticantes de atividades físicas a lesões. Dentre elas as mais comuns, são:

- entorse do ligamento colateral medial
- entorse do ligamento colateral lateral
- entorse do ligamento cruzado anterior
- entorse do ligamento cruzado posterior
- lesões de menisco
- síndrome do estresse femoropatelar
- condromalacia patelar
- subluxação ou luxação patelar aguda
- tendinite patelar (joelho de saltador)
- bursite
- plica patelar

PERNA, TORNOZELO E PÉ

Podemos comparar esta tríade à do complexo superior (antebraço, punho e mão), porém neste caso devemos levar em consideração que o complexo inferior é responsável pela sustentação de carga (o peso corporal) e absorve a força aplicada a cada passo, sendo esta altamente elevada quando em situações de atividades físicas, principalmente as que envolvem a corrida.

Entre as lesões mais comuns nestas estruturas podemos citar:

- fraturas tibiais e fibulares
- distensões musculares
- síndrome do estresse tibial medial
- tendinite do tendão de Aquiles
- ruptura do tendão de Aquiles
- bursite retrocalcaneal
- entorses do tornozelo (entorse em inversão e entorse em eversão)
- fraturas e luxações no tornozelo
- subluxação e luxação dos tendões dos fibulares
- tendinite
- Excesso de pronação e/ou supinação
- fraturas por estresse no pé
- fascite plantar
- hálux valgo (joanete)
- síndrome do túnel do tarso

COLUNA

A coluna vertebral consiste de um empilhamento de 33 ossos, chamados vértebras. Os ossos são mantidos juntos por ligamentos e músculos, com discos cartilaginosos. Ao longo da coluna vertebral podemos verificar que as vértebras são divididas em 5 grupos distintos, cada grupo possuindo um curvatura e funções especificas. A coluna esta relacionada com a função de sustentação do nosso corpo em posição ortoestática (em pé) e esta sujeita a sofrer muitos distúrbios e lesões, como:

- lombalgia
- distensões musculares
- distensão do piriforme
- distensão do quadrado lombar
- dor miofascial e pontos-gatilho
- síndrome de hipermobilidade (espondilólise/ espondilolistese)
- disfunção na articulação sacroilíaca
- entorse cervical
- entre outras.


COMO PREVINIR AS LESÕES

As lesões podem ocorrer por fatores intrínsecos ou extrínsecos, por microlesões musculares cumulativas, por uso excessivo de um mesmo movimento, por má postura ao longo dos anos, e outros fatores predisponentes, como:

- fatores intrínsecos: desvios posturais; desequilíbrio na força muscular; falta ou excesso de arco de movimento articular; déficit no equilíbrio estático, semidinâmico ou dinâmico; morfologia constitucional (características ósseas individuais); gestual motor com mecânica incorreta; e idade.
- fatores extrínsecos: superfície de treinamento; calçados; equipamentos; métodos de treinamento. Sobrecarga excessiva no volume e/ou na intensidade.

Existem cinco campos de atuação quando o assunto é lesão, e cada campo pode ser ocupado por diferentes profissionais. O profissional de educação física atua no campo da prevenção, que é o primeiro; o fisioterapeuta desportivo, e o professor de educação física que tenha conhecimentos da fisioterapia, assim como o médico ortopedista, que atuam no segundo campo, que é a intervenção imediata após a lesão; o fisioterapeuta atua no terceiro e quarto campo, o de ação curativa e a reintegração do atleta as atividades físicas, respectivamente; e o fisioterapeuta e o professor de educação física irão atuar no ultimo campo, que é o retorno às atividades físicas diárias e as competições.

Para evitar as lesões, deve-se adotar medidas preventivas durante o treinamento. Tais medidas incluem treinar visando aumentar a força muscular, assim como a resistência e a potência muscular; o equilíbrio, tanto estático, quanto o semidinâmico e o dinâmico; o controle neuromuscular; o a flexibilidade, que ainda é um assunto muito controverso, pois a maioria dos profissionais (professores de Educação Física e fisioterapeutas esportivos) concordam que a boa flexibilidade é essencial para o sucesso no desempenho físico, embora suas idéias baseiem-se primariamente na observação, em vez de pesquisas cientificas. Do mesmo modo, esses profissionais acreditam que a manutenção da boa flexibilidade é importante na prevenção da lesão na unidade músculotendinosa e, geralmente, insistem em incluir os exercícios de alongamento como parte do aquecimento, antes de atividades extenuantes, o que pode aumentar o risco de lesão. No entanto, não existem evidências cientificas que comprovem essa hipótese.

A flexibilidade é específica para determinada articulação ou movimento. Uma pessoa pode ter boa amplitude de movimento nos tornozelos, joelhos, quadris e coluna lombar, e em uma outra articulação não ter o movimento normal, o que poderia acarretar riscos de lesões, se esse individuo praticar exercícios que envolvam essa articulação. Esse é um problema que precisa ser corrigido para que a pessoa possa apresentar uma função normal da articulação no que diz respeito à flexibilidade.

Outro fato que deve ser observado é quanto à forma de treinamento, para que este não aconteça de maneira inadequada, tanto quanto ao seu volume, quanto a sua intensidade, devendo haver uma periodização do treinamento para que não haja problemas do tipo: overtraining ou a síndrome de overuse. Assim como também devemos atentar muito para a forma de execução das atividades, para que o uso abusivo de um gestual motor incorreto não gere lesões.


COMPREENDENDO O PROCESSO DE RECUPERAÇÃO

Os programas de reabilitação devem basear-se na duração do processo de recuperação. O fisioterapeuta deve conhecer profundamente a seqüência das várias fases desse processo. As respostas fisiológicas dos tecidos ao trauma seguem uma seqüência e ocorrem em um período de tempo previsível. Decisões sobre quando e como alterar o processo do programa de reabilitação devem basear-se no reconhecimento dos sinais e sintomas, assim como na fase em que o processo de recuperação se encontra.

O processo de recuperação é constituído pelas fases de resposta inflamatória, reparo fibroblástico e maturação-remodelação. Deve-se salientar que, embora essas fases sejam apresentadas como três entidades distintas, o processo de recuperação é uma série contínua. Elas sobrepõem-se umas às outras e não apresentam pontos definidos de início e conclusão.

Depois que o tecido é lesado, inicia-se imediatamente o processo de recuperação. A destruição do tecido produz lesão direta nas células de vários tecidos moles. A lesão celular leva a uma alteração metabólica e à liberação de matérias que iniciam a resposta inflamatória. Caracteriza-se sintomaticamente por vermelhidão, edema, dor à palpação e aumento de temperatura. Essa fase inflamatória inicial é critica para todo o processo de recuperação. Caso essa resposta não realize o que se espera dela ou, caso não ceda, a recuperação normal não ocorre.

A inflamação é o processo pelo qual leucócitos e outras células fagocitárias e exudatos são levados ao tecido lesado. Essa reação celular é geralmente protetora e tende a localizar ou desfazer-se dos subprodutos da lesão (por exemplo, sangue e células danificadas) através da fagocitose, estabelecendo assim um cenário para o reparo. Nessa fase, ocorrem efeitos vasculares locais, distúrbios na troca de fluídos e migração de leucócitos do sangue para os tecidos.

Deve-se diferenciar a resposta inflamatória aguda, conforme descrito acima, e a inflamação crônica. A inflamação crônica ocorre quando a resposta inflamatória aguda não elimina o agente causador da lesão e não restaura o tecido à sua condição fisiológica normal. A inflamação crônica envolve a substituição de leucócitos por macrófagos, linfócitos e células de plasma. Essas células acumulam-se em uma matriz de tecido conectivo frouxo, altamente vascularizado e inervado na área da lesão.

Os mecanismos específicos que convertem uma resposta inflamatória aguda em uma resposta inflamatória crônica são até hoje desconhecidos. Entretanto, parecem estar relacionados com situações que envolvem o overuse ou sobrecarga em virtude de microtraumas cumulativos em uma estrutura específica. Do mesmo modo, não existe um prazo de tempo específico no qual a inflamação deixa de ser aguda para se tornar crônica. Parece que a inflamação crônica é resistente tanto ao tratamento físico como ao farmacológico.


QUAL O TRATAMENTO PARA LESÕES E A QUEM DEVEMOS PROCURAR

A abordagem da reabilitação é consideravelmente diferente no cenário da medicina esportiva se comparada à maioria dos outros cenários de reabilitação. A natureza dos praticantes de atividades físicas traz a necessidade de uma abordagem agressiva na reabilitação. O objetivo é retornar à atividade, com segurança, o mais cedo possível.

Felizmente, poucas são as lesões no cenário esportivo que oferecem risco de vida. A maioria das lesões não é grave e permite uma reabilitação rápida. Quando ocorrem lesões, atenção do fisioterapeuta esportivo transfere-se da prevenção para o tratamento e a reabilitação. No cenário da medicina esportiva o fisioterapeuta assume, geralmente, a responsabilidade primária pela criação, implementação e supervisão do programa de reabilitação para o individuo lesado. Uma vez que este individuo tenha passado por um médico, na maioria dos casos, um ortopedista, e este tenha diagnosticado com precisão o tipo de lesão a qual deve ser tratada.

As decisões sobre quando e como alterar ou avançar no programa de reabilitação devem basear-se no processo de recuperação da lesão. O fisioterapeuta, responsável pela supervisão do programa de tratamento e reabilitação, precisa ter a mais completa compreensão da lesão, inclusive como ela ocorreu, quais as principais estruturas anatômicas afetadas, o grau ou classificação do trauma e o estágio ou fase de recuperação da lesão. Assim como também deve ter compreensão profunda da seqüência e da duração das diversas fases da recuperação e deve saber que determinados eventos fisiológicos precisam ocorrer durante cada uma delas.

O objetivo principal do fisioterapeuta é possibilitar que o individuo possa retornar as atividades normais, com segurança e rapidez. E para que isso aconteça é necessário passar por vários componentes básicos do programa de reabilitação. Esses componentes também podem ser considerados como objetivos a curto prazo, e devem incluir: prestar os primeiros socorros adequados e imediatamente após a lesão para limitar ou controlar o edema; reduzir ou minimizar a dor; restaurar a amplitude total de movimento; restaurar e aumentar a força, resistência e potencia muscular; restabelecer o controle neuromuscular; melhorar o equilíbrio; manter a capacidade cardiorespiratória; e incorporar progressões funcionais adequadas.

Quando uma articulação ou outra estrutura anatômica são prejudicadas por uma lesão, a biomecânica normal é comprometida. Ocorrem mudanças adaptativas que alteram a maneira pela qual várias forças atuam coletivamente sobre aquela articulação para produzir o movimento. Portanto, a biomecânica do movimento articular é modificada como resultado da lesão.


A melhora, ou a restauração, da amplitude de movimento é um objetivo importante em qualquer programa de reabilitação. Algumas atividades esportivas requerem níveis relativamente “normais” de flexibilidade, porém, algumas outras atividades exigem flexibilidade acima da média. O atleta com amplitude de movimento restrita tem, provavelmente, suas capacidades de desempenho diminuídas. A falta de flexibilidade também pode resultar em padrões de movimento descoordenados ou inadequados.

O desenvolvimento da força, resistência e potencia muscular é um componente essencial de qualquer programa de treinamento e condicionamento físico para atletas e praticantes de atividades físicas. Do ponto de vista do fisioterapeuta esportivo que supervisiona o programa de reabilitação, recuperar e, em muitos casos, melhorar os níveis de força, resistência e potência é primordial não só para conquistar um nível de condicionamento ótimo, mas também para fazer com que o indivíduo volte a um nível funcional após a lesão.

O restabelecimento do controle neuromuscular é um componente primordial para a reabilitação de articulação patológicas. O objetivo das atividades que envolvem controle neuromuscular é integrar as sensações periféricas com relação às cargas sobre as articulações e processar esses sinais em respostas motoras coordenadas. Essa atividade muscular serve para proteger as estruturas articulares das tensões excessivas e para fornecer um mecanismo profilático à reincidência da lesão. As atividades que envolvem o controle neuromuscular destinam-se a complementar os protocolos tradicionais de reabilitação, que abrangem a modulação da dor e da inflamação, além de recuperar a flexibilidade, a força e a resistência.

O equilíbrio conclui mais uma das bases de atenção ao qual o processo de tratamento e reabilitação envolvem. Embora a manutenção do equilíbrio na posição em pé possa parecer uma habilidade motora bastante simples para atletas sadios, essa façanha não pode ser menosprezada em um atleta com disfunção musculoesquelética. Fraqueza muscular, alterações na acuidade proprioceptiva e na amplitude de movimento (ADM) podem desafiar a capacidade do atleta em manter seu centro de gravidade dentro da base de sustentação corporal, ou seja, podem fazer com que o individuo perca o equilíbrio.

O equilíbrio é o componente mais importante para seleção de estratégias de movimento em cadeia cinética fechada (posição na qual pelo menos um dos pés ou uma das mãos estão em contato com alguma superfície). A adoção de estratégias eficazes para a manutenção do equilíbrio é, portanto, essencial para o desempenho esportivo. Embora o equilíbrio seja freqüentemente considerado um processo estático, é, na verdade, um processo dinâmico que envolve vias neurológicas múltiplas. O termo equilíbrio postural refere-se ao alinhamento dos segmentos articulares necessário para manter o centro de gravidade dentro dos limites máximos da estabilidade.

Apesar de estar no fim da lista de objetivos relacionados com os exercícios terapêuticos, a manutenção do equilíbrio é um componente vital para a reabilitação de lesões articulares e não deve ser negligenciada. A reabilitação ortopédica sempre enfocou a mecânica articular isolada, como a melhora da ADM e da flexibilidade e o aumento da força e resistência muscular, e não as informações aferentes, obtidas pelas articulações, e que devem ser processadas pelo sistema de controle postural. Porém, mais recentemente, as pesquisas na área da propriocepção e sinestesia têm destacado a necessidade de treinar o sistema nervoso articular. O senso posicional articular, a propriocepção e a sinestesia são vitais para todas as atividades esportivas, mas especialmente para aquelas que requerem equilíbrio. Assim, os protocolos de reabilitação atuais concentram-se mais nos exercícios em cadeia cinética fechada, e o treinamento de equilíbrio está recebendo mais atenção na comunidade de medicina desportiva.


CONCLUSÃO

Ao final deste estudo concluímos que ao realizar atividades físicas, devemos nos preocupar com uma série de fatores que vai desde o nosso condicionamento físico atual até o mínimo detalhe na execução do gestual motor correto para a pratica de um determinado exercício. Que é importante respeitar os princípios do treinamento desportivo para evitar lesões por excesso de uso ou uso inadequado do nosso corpo, e que devemos procurar sempre um professor de educação física para nos orientar em relação à atividade física, assim como devemos escutar o nosso corpo a qualquer sintoma de dor ou desconforto, e procurar um médico ou fisioterapeuta, ou até o próprio professor, e comunicar, através de um relato sincero o sinais e sintomas que estamos sentindo. Desta forma estaremos nos precavendo do risco de ser acometido por uma lesão, e poderemos atuar de forma preventiva para fortalecer ainda mais o nosso corpo.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


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GANN, Nancy. Ortopedia: guia de consulta rápida para fisioterapeutas: distúrbios, testes e estratégias de reabilitação. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005.

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MCARDLE, William D. et al. Fisiologia do Exercício - Energia, Nutrição e Desempenho Humano. 5.ed. Rio de Janeiro. Guanabara Koogan, 2001.

SAFRAN, Marc R. et al. Manual de Medicina Esportiva. São Paulo: Manole, 2002.

PRENTICE, Willian E. Técnicas de Reabilitação em Medicina Esportiva. 3.ed. São Paulo: Manole, 2002.



Por
Raphael Lorete
CREF 9576-G/RJ
Graduado em Educação Física
Pós-Graduado em Musculação e Personal Trainner

Mecanismos de Lesaão na Sindrome do Chicote

Mecanismos de Lesão na Síndrome do Chicote
(de Mechanisms of Injury in Whyplash)

Tony McNamee, B.Phty, Grad Cert Reha, P.G.Adv.Man.Ther.

Visão geral

Desde Crowe (Crowe, 1928) que usou o termo “Síndrome do Chicote” para descrever um conjunto de lesões na coluna cervical em 1928, clínicos e pesquisadores tentaram definir e classificar essa condição. Recentemente, um estudo promovido pelo Quebec Task Force em desordens associadas a Síndrome do Chicote definiu-a como: “um mecanismo de aceleração-desaceleração de energia transferido ao pescoço…… O impacto pode resultar em lesões ósseas ou de tecido mole (lesão em chicote) que por sua vez pode levar a uma variedade de manifestações clínicas (Desordens Associadas à Sindrome do Chicote (DASC)).” (Spitzer, ML, LR & JD, 1995)
Em anos recentes houve um aumento enorme no conhecimento científico de lesões de chicote, desde classificação e diagóstico até mecanismos de lesão, biomecânica, consequências neurológicas e psicológicas, modalidades de tratamento, questões econômicas e estratégias de prevenção. É amplamente aceito que a incidência de DASC está aumentando globalmente e que há uma minoria significante de pacientes que permanecem incapacitados. Também é conhecido que a severidade da incapacidade decresce com o tempo ainda que as causas da incapacidade a longo prazo não são totalmente conhecidas e compreendidas.
Em quase toda sociedade ocidental o custo a comunidade é enorme. Apenas no Reino Unido o custo estimado anual é de 2.5 bilhões de libras que representa 18% do custo total de todos acidentes automobilísticos e aproximadamente 0.4% do produto interno bruto (Gunzburg & Szpalski, 1998).
Tão controversa quanto importante são as lesoes da Síndrome do Chicote para o indivíduo e para a sociedade. Em qualquer literatura que se olhe parece haver uma ampla divergência de opinião sobre a validade das desordens associadas à Síndrome do Chicote. O debate concentra particulamente na questão da “síndrome pós chicote” comumente descrita como sintomas persistindo por mais de 6 meses após a lesão.
É de certa forma compreensível que a controvérsia exista quando se considera os interesses dos diversos grupos envolvidos. Por um lado há as seguradoras, advogados de defesa e seus médicos experts acreditando que nao há relação da Síndrome do Chicote e o desenvolvimento de dor cervical crônica. Por outro lado há os advogados do cliente lesado, profissionais da saúde e o próprio indivíduo lesado que apoiam fortemente esse link.

Classificação

Apesar da controvérsia, há um crescente corpo de conhecimento a respeito dos tipos de lesões sofridos por pacientes acometidos pela Síndrome do Chicote e a Quebec Task Force classificou essas lesões em 4 graus dependendo de sua apresentação clínica.

1. Sem sinais físicos mas queixas de dor, rigidez e hipersensibilidade.
2. Problemas no pescoço com sinais músculoesqueléticos*
(*Esses sinais podem ser amplitude de movimento diminuida ou áreas hipersensiveis).
3. Problemas no pescoço e sinais neurológicos, como déficites sensoriais/motores ou anormalidades nos reflexos miotendíneos.
4. Problemas no pescoço com fratura ou deslocamento

Como mencionado anteriormente, muito está sendo feito para suprir a deficiência de procedimentos investigativos de detecção de lesões ocultas. Taylor, analisando resultados de autópsia de pacientes com lesão na coluna cervical após impacto (incluindo chicote), descobriu que o rompimento no anulo externo do disco e o trauma na cápsula das articulações facetárias eram as lesões mais comuns, geralmente não detectadas em exames investigativos, incluindo a Ressonância Magnética (Taylor & Taylor, 1996). Como sabemos, essas estruturas são bem inervadas e se recuperam vagarosamente o que pode levar a sequelas degenerativas. Também, Barnsley e Bogduk demostraram que 54% de seus pacientes com chicote tinham dor provinda das articulações facetárias (Barnsley, 1994).
Além de lesões em ligamentos, disco, músculos e cápsula que são sem sombra de dúvida as mais comuns e importantes sob uma perspectiva fisioterápica, tem se demonstrado o envolvimento de muitas outras estruturas, como lesões arteriais, do tecido neural e cerebral e lesões de ATM.

Cinemática

Devido as dificuldades no estudo de colunas cervicais humanas, os primeiros experimentos sobre os mecanismos de lesão foram principalmente realizados em animais. McNab inflingiu um trauma experimental em macacos anestesiados e encontrou uma predominância de lesões em elementos anteriores (McNab, 1982). Penning foi o primeiro a desenvolver uma teoria de que o principal mecanismo do trauma era uma hiper translação da cabeça, ao contrário da visão convencional de um movimento em hiperextensão. Ele acreditava que isso iria causar uma instabilidade ligamentar crônica da coluna cervical superior e diminuir o input proprioceptivo causando alteracoes crônicas de postura e equilíbrio (Penning, 1994).
Svenson foi o primeiro a descrever o formato em “S” da curva que se forma na coluna cervical na fase inicial do trauma. Entretanto, em seus experimentos, ele enfocou mais nos efeitos do trauma sobre a pressão de fluido no canal vertebral do que em cinemática (Svensson et al, 2000).
Panjabi e colegas, em uma série de experimentos usando cadáveres, exploraram ainda mais o fenômeno da curva em “S” e suas implicações (Panjabi, Cholewicki, Nibu, Grauer & Vahdiek, 1998). Eles encontraram duas fases distintas na cinemática das lesões em chicote.
A primeira fase é caracterizada pela formação do “S” na coluna cervical, devido a flexão da parte superior e hiperextensão da parte inferior. Isso parece ocorrer no intervalo entre 50-75 ms e se acredita ser a fase mais vulnerável do chicote tendo o maior alongamento dos ligamentos capsulares e alongamento máximo da artéria vertebral. A rotação intervertebral em C6,7 e C7,T1 significantemente excedeu os limites fisiológicos nesse intervalo.
Na segunda fase, toda a coluna cervical é extendida e isso ocorre entre 100 a 125 ms. Nenhuma lesão foi observada nessa fase, havendo um grau menor de extensão da parte inferior da coluna cervical.
Eles descobriram que a maior parte das lesões ocorrem na parte baixa da coluna cervical devido à hiperextensao que ocorre no primeiro intervalo ainda que tenha sido notado que em traumas com grande desaceleração a taxa de lesões aumentou também na parte superior da coluna cervical. Os autores admitem que a maior limitação de seu estudo é a falta das influências musculares na proteção do pescoço ainda que os mesmos sugerem que a influência muscular seria insignificante já que o tempo de reação dos músculos para desenvolver uma força suficiente para estabilizar o pescoço é de aproximadamente 200 ms e as lesões ocorrem antes de 100 ms.

Músculos??

São os músculos insignificantes no chicote? É o mecanismo de lesão tão rápido que o sistema normal de proteção do corpo é obsoleto? Realmente leva 200 ms até que o sistema muscular se torne ativo? São os procedimentos investigativos insuficientemente sensíveis para nos dar uma informação confiável sobre a proteção oferecida pelo sistema muscular durante o chicote?
Nós sabemos que algumas pesquisas (Ryan, 1993; Sturzenegger, 1995) mostraram que em acidentes automobilísticos, a consciência do que irá acontecer reduz a ocorrência de lesões cervicais e Pope (Gunzburg & Szpalski, 1998) mostrou que um movimento de elevação rápido do ombro antes ou durante uma aceleração repentina pode reduzir a severidade das desordens associadas ao chicote. Portanto, se o sistema muscular influencia os resultados do DASC, então qual é o mecanismo que está sendo utilizado e quão efetivo ele é?

Controle Postural

Alguns estudos que observaram o que acontece a indivíduos sentados submetidos a acelerações passivas encontraram uma série de eventos. Aparentemente o sistema nervoso central recebe informação sensorial de 3 diferentes modalidades. Em primeiro lugar, um estímulo proprioceptivo pode se iniciar tão cedo quanto 20 ms devido ao alongamento e/ou alivio da tensão da musculatura do tronco, antes mesmo que a cabeça comece a se mover. Então, a medida que a cabeça começa a se mover, estímulos vestibulares são dirigidos ao tronco cerebral e áreas corticais depois de cerca de 10 ms. Em terceiro, cerca de 40 ms após, a informação visual associada ao movimento da cabeça é iniciada.
Viebert et al (2001) em seu estudo sobre o controle da cabeça submetida a uma aceleração linear passiva brusca, achou uma variedade de reações posturais (em humanos). Eles mediram a rotação e a translação da cabeça e do corpo durante um trauma tipo chicote e também mediram as respostas eletromiográficas (EMG) de alguns músculos da coluna e pescoço. O movimento de resposta da cabeça dos indivíduos pode ser graduado entre duas categorias extremas, que eles denominaram “rígida” e “hipermóvel”.
Eles acharam uma consistência extraordinária nas respostas, medidas no mesmo dia ou em dias diferentes, que dependem se o indivíduo era rígido ou hipermóvel. A implicação disso é que os indivíduos respondem às perturbações posturais de uma maneira altamente esterotipada de acordo com estratégias de controle motor profundamente enraizadas. Os indivíduos rígidos eram mais ou menos capazes de estabilizar suas cabeças em seu corpo durante os movimentos bruscos, enquanto os indivíduos hipermóveis não conseguiam. Na realidade, alguns dos indivíduos hipermóveis exibiram uma contração muscular que exagerou sua extensão cervical o que possivelmente causaria um maior risco de lesão. Os indivíduos hipermóveis tiveram um movimento de cabeça significantemente maior e sinais de EMG mais intensos.
Os autores sugeriram que na falta de sinais da EMG na musculatura superficial, os indivíduos rígidos mais provavelmente usaram a contração dos músculos para-espinhais profundos (flexores cervicais profundos) para manter sua cabeça alinhada com seu corpo. Nós iríamos certamente expandir essa teoria sugerindo que os indivíduos rígidos tem um padrão de controle motor mais ideal comparado com os hipermóveis.
Curiosamente, os pesquisadores também observaram que quando os indivíduos eram instruídos a visualizar fixadamente um alvo durante os movimentos bruscos, houve uma melhora significante na performance ainda que isso só tenha ocorrido com os hipermóveis. Não houve um efeito significante nos individuos rígidos mas nos hipermóveis o deslocamento da cabeça no corpo foi reduzido para um terço.
O estudo de Viebert certamente é estimulante para nós fisioterapeutas, particularmente para aqueles que têm uma obsessão por assuntos relacionados ao controle motor. Entretanto, um trabalho adicional precisa ser realizado nessa área já que o número de indivíduos em seu estudo foi pequeno (24) e poderia ser argumentado que o agrupamento de poucos indivíduos tem validade questionável. Essas respostas estereotipadas, entretanto, podem nos dar algumas dicas sobre porque a severidade das lesões cervicais podem ser bem diferentes em passageiros diferentes no mesmo carro.

Referências

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