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Araraquara, São Paulo, Brazil
Graduado em Fisioterapia pela Universidade Paulista. Especialização em Quiropraxia pela ANAFIQ- Associação Nacional de Fisioterapia em Quiropraxia. Pós Graduação em Fisioterapia Ortopédica e Desportiva pela Universidade Cidade de São Paulo- UNICID Coordenador do Grupo de Estudos em Postura de Araraquara. –GEP Membro da Associação Nacional de Fisioterapia em Quiropraxia- ANAFIQ/ Membro da Associação Brasileira de Fisioterapia Manipulativa- ABRAFIM/ Membro da Associação Brasileira de Pesquisa em Podoposturologia –ABPQ PODO/ Formação em RPG, SGA, Estabilização Segmentar Lombar e Cervical, Pilates, Podoposturologia, Quiropraxia,Reabilitação Funcional, Kinesyo Tape ,Dry Needling,Mobilização Neurodinâmica, Técnica de Flexão-Distração para Hérnias Lombares e Cervicais. Formação no Método Glide de Terapia Manual. Atualização nas Disfunções de Ombro, Quadril , Joelho e Coluna ( HÉRNIAS DISCAIS LOMBARES E CERVICAIS). ÁREA DE ATUAÇÃO: Diagnóstico cinético-funcional e reabilitação das disfunções musculoesqueléticas decorrentes das desordens da coluna vertebral. AGENDAMENTO DE CONSULTAS PELO TELEFONE 16 3472-2592

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terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

LESÕES ORTOPÉDICAS EM ATLETAS UNIVERSITÁRIOS BRASILEIROS DE JUDÔ

LESÕES ORTOPÉDICAS EM ATLETAS UNIVERSITÁRIOS BRASILEIROS DE JUDÔ
ALINE ALVES E SILVA*; HUGO GUSTAVO FRANCO SANT’ANA**;
ERIBERTO JOSÉ LESSA DE MOURA*.
*Universidade Federal de Alagoas (UFAL) – Maceió/AL – Brasil.
**Centro de Estudos Superiores de Maceió (CESMAC) – Maceió/AL – Brasil.
mcz.aline@gmail.com
RESUMO
As lesões no esporte têm sido bastante discutidas na atualidade, no entanto, poucas são as
literaturas que abordam tal tema no esporte universitário. Sendo assim, o objetivo desse estudo
é verificar a prevalência de lesões ortopédicas no judô masculino universitário brasileiro,
fazendo uma análise geral com relação às categorias de peso que são inerentes a este esporte
e utilizando-se de um estudo retrospectivo, epidemiológico de prevalência. Para tanto, foram
analisados 33 prontuários de atendimento de atletas lesionados nas Olimpíadas Universitárias
– JUBS 2008. Em que se observou de modo geral, quanto ao diagnóstico clínico, maior número
de escoriações, seguido de lesões musculares e discreta prevalência de lesões em esqueleto
axial, acometendo primariamente cabeça/face. Sendo a categoria de peso Meio Médio a mais
lesionada durante a competição. Apesar da expressiva prevalência de 25,8% lesões durante a
competição, nota-se que a grande porcentagem dos atletas retornou à luta após terem sido
lesionados. Mesmo tendo se tratado de lesões predominantemente traumáticas, vale ressaltar
a importância de um treinamento planejado, onde o treino das principais valências utilizadas
pelo esporte seja enaltecido e o preparo físico dos atletas seja um ponto crucial, principalmente
para se evitar as tão indesejadas lesões.
PALAVRAS-CHAVE: Judô; Lesão Esportiva; Epidemiologia.
ORTHOPEDIC INJURIES IN COLLEGE ATHLETES BRAZILIAN JUDO CHAMPIONSHIPS
ABSTRACT
The injuries in sports have been discussed much nowadays, however, few are the literature that
address this topic in sports university. Therefore, the objective of this study is to assess the
prevalence of orthopedic injuries in judo male Brazilian university, making an overall analysis
with respect to weight categories that are inherent in this sport and using it is a descriptive
epidemiological study of prevalence of embossing. To that end, we analyzed 33 medical
records of care for injured athletes in the Olympics University - JUBS 2008. In what was
observed in general, about the clinical diagnosis, many of excoriations, followed by muscle
injuries and slight injuries in the prevalence of axial skeleton, affecting primarily head/face. The
category of weight over the Middle Half injured during the competition. Despite the significant
prevalence of 25,8% injuries during competition, note that the high percentage of athletes
returned to fight after being injured. Even having been treated for traumatic injuries mostly, it
emphasized the importance of a planned training, where the main aspects of training used by
the sport is welcomed and physical preparation of athletes is a crucial point, mainly to prevent
such unwanted injuries.
KEY-WORDS: Judo; Sports Injuries; Epidemiology.
INTRODUÇÃO
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ISBN: 85-85253-69-X - Livro de Memórias do VI Congresso Científico Norte-nordeste - CONAFF
O judô é a modalidade individual com maior número de praticantes no Brasil,
ultrapassando dois milhões (LUCIRIO et al., 1997 apud DRIGO, 2002).
Essa constante ascensão é percebida pelo representativo destaque que tal esporte
possui no âmbito competitivo, através de resultados expressivos que o coloca em posição
privilegiada no ranking mundial. Observa-se assim, um número significativo de judocas
brasileiros em evidência no âmbito esportivo.
Apesar de ser um esporte originariamente nipônico, em que se preconiza apenas o
gesto técnico, as necessidades competitivas, exigiram que o Judô brasileiro adquirisse
características européias, havendo assim, nítida transição do judô-espetáculo para o judô-força
(JÚNIOR et al., 1999).
A modernização que o esporte vem passando e a incessante busca por status e
resultados, faz com que muitos atletas elevem instituições através de seu desempenho em
competições. Este fato leva a refletir sobre o quanto estes indivíduos exigem de seus corpos
para poder atender todas as expectativas idealizadas.
Ao se pensar em esporte de alto rendimento, enfatiza-se a importância das Olimpíadas
Universitárias – JUBS, pelo alto nível técnico dos atletas envolvidos nas competições, o que
possibilita a identificação de talentos para o cenário esportivo nacional e internacional.
Este evento ocorre anualmente com a realização do COB (Comitê Olímpico Brasileiro)
em parceria com a CBDU (Confederação Brasileira de Desporto Universitário), Ministério do
Esporte e as Organizações Globo, e contempla um total de oito modalidades esportivas, dentre
as quais, o Judô (COB, 2008).
Apesar de não preconizar a violência, por ser um esporte de contato direto entre os
adversários, essa prática apresenta um considerável risco para ocorrência de lesões, sendo
apontado com destacado risco relativo através da análise comparativa entre diferentes
modalidades esportivas. (BARSOTTINI; GUIMARÃES; MORAIS, 2006).
Barbosa e Silva (2006) afirmam, que fatores como exposições a sobrecargas posturais,
forças excessivas e repetitividade do gesto técnico são os principais responsáveis por acrescer
os riscos de lesões no sistema músculo-esquelético. Características pertinentes ao judô,
quando se analisa a biomecânica de sua prática.
Quando se trata de uma modalidade esportiva de alto nível, a sobrecarga do sistema
músculo-esquelético conseqüente da intensa atividade física durante o treinamento e as
competições, exige do corpo valências físicas superiores aos padrões suportados pelo
organismo (FRANCA; FERNANDES; CORTEZ, 2004 apud KURATA; JUNIOR; NOWOTNY,
2007). Assim, quando o aparelho locomotor é submetido a tal sobrecarga, há favorecimento
para o aumento do risco quanto a ocorrência de lesões. Entende-se então a necessidade de
realizar estudos epidemiológicos para nortear a criação de programas de treinamento capazes
de evitar ou superar qualquer acometimento que venha a lesionar o atleta.
Vale ressaltar que, lesão esportiva é o nome coletivamente utilizado para todos os danos
que ocorrem em relação às atividades esportivas (VITAL et al., 2007), segundo Hermandez
(2006, p.181) "[...] acomete todos os segmentos corporais, não poupando nem mesmo os
dentes". No entanto, a ocorrência de lesões nesse contexto é decorrente da relação entre o
atleta e o esporte praticado.
Diante do exposto, considera-se de grande valia identificar a prevalência de lesões
ortopédicas, em atletas de Judô masculino nas Olimpíadas Universitárias – JUBS 2008, pela
concentração de atletas de alto rendimento de todo Brasil.
O estudo em questão justifica-se pela importância do conhecimento prévio das
características das lesões e do mecanismo do trauma contribuir de forma significativa para a
elaboração de programas de treinamentos que previnam as mesmas, de acordo com Keller et
al. (1987) para se evitar lesões, os profissionais que trabalham diretamente com o atleta devem
ter a percepção da porcentagem do número de ocorrências, bem como a localização, o
diagnóstico, e as circunstâncias em que se ocasionam as mesmas.
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ISBN: 85-85253-69-X - Livro de Memórias do VI Congresso Científico Norte-nordeste - CONAFF
Desta forma, o estudo epidemiológico têm se mostrado um instrumento fundamental
para nortear medidas preventivas e elaboração de programas de treinamento mais
direcionados (CONSTANTE, 2005; LADEIRA, 1999).
Além disso, são escassos os relatos encontrados acerca de lesões esportivas na prática
do Judô, principalmente ao se referir a atletas universitários brasileiros. Em decorrência, se faz
necessário maior pré-disposição à investigação sobre o assunto, para que se possa traçar o
perfil da modalidade e dos praticantes, contribuindo com o trabalho dos profissionais
envolvidos na área, e beneficiando primariamente, o atleta.
MATERIAIS E MÉTODOS
A pesquisa trata-se de um estudo retrospectivo, epidemiológico de prevalência.
Aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de Alagoas sob o
protocolo 23065.017838/2008-49.
Participaram das Olimpíadas Universitárias – JUBS 2008, na cidade de Maceió-AL, no
período de 20 a 29 de junho do corrente ano, 128 atletas na modalidade Judô masculino, com
idade entre 18 e 28 anos. Foram analisados os prontuários de atendimento, preenchidos pelo
apoio médico do evento, em decorrência de todos os atendimentos prestados aos atletas que
sofreram lesão, durante a competição oficial. Ressalta-se que tais prontuários foram
disponibilizados pela Confederação Brasileira de Desporto Universitário.
A análise dos dados foi estatisticamente realizada através de regra de três simples. Bem
como, através de comparação com estudos existentes acerca do assunto que ora se refere,
sendo apresentados valores relativos e utilizando-se de tabela estatística para a exposição dos
resultados encontrados.
Os dados dos prontuários de atendimento foram as referências utilizadas como base
para serem feitas as estatísticas do estudo.
Sendo a localização topográfica dividida pelos segmentos corporais: esqueleto axial
(cabeça, face, pescoço, coluna vertebral, tórax e abdômen); membros superiores - MMSS
(ombro, braço, cotovelo, antebraço, punho, e mãos); e membros inferiores - MMII (coxa, joelho,
perna, tornozelo e pé).
A localização anatômica refere-se ao local do corpo específico, acometido pela lesão,
sendo classificados como: cabeça/face, ombro, joelho, tornozelo, coxa, e a denominação
adequada de acordo com o local lesionado.
Com relação ao diagnóstico clínico, embora a literatura apresente várias classificações
relacionadas ao tipo e grau das lesões, para este estudo não será utilizada nenhuma definição
específica, apenas nomenclatura das lesões ocorridas, de acordo com a verificação e
diagnóstico no momento do incidente. Sendo as lesões classificadas como: luxação, entorse,
contusão, lesão muscular e escoriações.
Houve análise ainda da etiologia das lesões, se traumática ou atraumática, bem como se
o atleta retornou ou não ao combate após ter sido lesionado.
RESULTADOS
Nas Olimpíadas Universitárias – JUBS 2008, a modalidade de judô envolveu 128 atletas
universitários brasileiros masculinos, resultando em um total de 143 combates deste gênero.
Durante as lutas, houve o registro de 33 lesões ortopédicas prestadas atendimento, o que
mostra uma estatística de 0,3 lesão/combate e a prevalência de 25,8% de lesões ortopédicas
durante o evento.
Com relação às categorias de peso houve prevalência de lesões na categoria Meio
Médio, seguida da categoria Pesado; Leve; Ligeiro; Meio Leve; e as categorias Médio e Meio
Pesado, respectivamente (ver Tabela 1).
Estas lesões, analisando o segmento corporal acometeram: 39,4% esqueleto axial;
36,4% MMII; e 24,2% MMSS. Fragmentando tais resultados pelas categorias de peso observase
que nas categorias Ligeiro e Meio Leve houve predomínio de lesões no esqueleto axial,
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seguida de MMII. Já na categoria Meio Médio a prevalência ocorreu em esqueleto axial
seguida de MMSS. Enquanto que na categoria Leve prevaleceram lesões em MMII. A categoria
Médio teve um equilíbrio entre esqueleto axial e MMII. Enquanto que a categoria Meio Pesado
também mostrou equiparação quanto aos resultados, no entanto em MMII e MMSS. Por fim, as
lesões da categoria Pesado, acometeram MMII e MMSS (ver Tabela 1).
Referindo-se mais especificamente à localização anatômica das lesões catalogadas,
cabeça/face (36,4%), joelho (15,2%), ombro (12,1%) e tornozelo (12,1%) foram os locais do
corpo mais acometidos. Como se observa na Tabela 1, referindo-se a estas localizações, a
categoria Ligeiro apresentou lesões em cabeça/face, seguida de joelho. Já na Meio Leve todas
as lesões aconteceram em cabeça/face. Enquanto que na categoria Leve, as lesões
acometeram joelho e tornozelo. Na categoria de peso Meio Médio o predomínio foi em
cabeça/face e em ombro. Contribuindo estatisticamente a categoria Médio com as lesões em
tornozelo. Enquanto que a categoria Pesado acometeu joelho, tornozelo e ombro. A categoria
Meio Pesado teve localização das lesões diferentes das apontadas, sendo um tanto
inexpressivas quando se analisa o todo.
No diagnóstico clínico observa-se de modo geral, uma maior predominância de
escoriações (33,4%), seguida de lesões musculares (27,3%), contusões (21,2%), entorses
(15,2%) e luxação (3,0%).
Quando se analisa as categorias de peso em relação ao diagnóstico, nota-se que na
categoria Ligeiro registrou-se escoriações e entorses. A categoria Meio Leve apresentou
apenas escoriações. Já a categoria Leve mostrou lesões musculares, seguida de contusão,
luxação e entorse. Na categoria Meio Médio nota-se escoriações, seguidas de contusões e
entorses. Enquanto que nas categorias Médio e Meio Pesado foram registradas lesões
musculares e contusões na mesma proporção. Já a categoria Pesada apresentou lesões
musculares, seguidas de entorses, contusões e escoriações (ver tabela 1).
Quanto à etiologia das lesões, constatou-se que 84,8% foram ocasionadas por trauma
direto. No entanto, dentre os atletas lesionados apenas 15,2% não retornam à luta.
TABELA 1
PREVALÊNCIA E CARACTERÍSTICA DAS LESÕES
Ligeiro
Meio
Leve Leve
Meio
Médio Médio
Meio
Pesado Pesado TOTAL
Nº de combates 22 22 25 23 18 15 18 143
Nº de lesões 12,1% 9,1% 15,2% 30,3% 6,1% 6,1% 21,2% 33
Lesão/combate 0,2 0,1 0,2 0,4 0,1 0,1 0,4 0,3
Segmento corporal
Esqueleto axial 9,1% 9,1% - 18,2% 3,0% - - 39,4%
MMSS - - - 12,1% - 3,0% 9,1% 24,2%
MMII 3,0% - 15,2% - 3,0% 3,0% 12,1% 36,4%
Loc. Anatômica
Cabeça/Face 9,1% 9,1% - 18,2% - - - 36,4%
Ombro - - - 9,1% - - 3,0% 12,1%
Joelho 3,0% - 6,1% - - - 6,1% 15,2%
Tornozelo - - 3,0% - 3,0% - 6,1% 12,1%
Diagnóstico Clínico
Escoriação 9,1% 9,1% -
15,2
% - - 3,0% 33,4%
Contusão - - 3,0% 9,1% 3,0% 3,0% 3,0% 21,2%
Entorse 3,0% - 3,0% 3,0% - - 6,1% 15,2%
Lesão Muscular - - 6,1% - 3,0% 3,0% 9,1% 27,3%
Luxação - - 3,0% - - - - 3,0%
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Etiologia
Traumática 12,1% 9,1% 15,2%
30,3
% 3,0% 3,0% 12,1% 84,8%
Atraumática - - - - 3,0% 3,0% 9,1% 15,2%
Retorno ao combate
Sim 12,1% 9,1% 9,1% 24,2
% 6,1% 6,1% 18,2% 84,8%
Não - - 6,1% 6,1% - - 3,0% 15,2%
Fonte: dados da pesquisa
DISCUSSÃO
Nesta pesquisa foram levantados dados a cerca das lesões que acometeram os atletas
universitários brasileiros de judô masculino, durante os combates nas Olimpíadas Universitárias
– JUBS 2008, levando-se em consideração o diagnóstico clínico; o segmento corporal
acometido, bem como a localização anatômica precisa; além de informações quanto à etiologia
da lesão – se traumática ou atraumática; e o retorno do atleta à luta. Visto que, apesar de não
preconizar a violência, o judô tem sido apontado como um dos esportes com maiores
representações quanto à ocorrência de lesões (BARSOTTINI et al., 2006).
Os resultados encontrados por ora, confirmam o destacado risco relativo da ocorrência
de lesões neste desporto. Tamanha predisposição a lesões pode ser esclarecida pela própria
dinâmica do combate no judô, que de acordo com Vertter e Araújo (2006) é praticado com alta
intensidade de esforço, movimentos repetitivos, com períodos constantes de atividade e curtos
períodos de repouso.
Apesar da prevalência de lesões, ter uma representação significativa, um pequeno
percentual dos atletas lesionados não retornaram ao combate, para Cruz (1997, apud SANTOS
et al. 2001) são raras as lesões graves durante a prática esportiva do judô. Afirmação
comprovada, uma vez, que expressiva porcentagem dos atletas submetidos ao atendimento
médico retornou ao combate.
Das lesões registradas constatou-se majoritariamente, que ocorreram por trauma direto.
Tal fato parece ser explicado principalmente por este esporte, ter contato físico direto entre os
adversários.
Com relação à localização topográfica houve equivalência entre os segmentos corporais,
no que diz respeito ao acometimento de lesões. Dados semelhantes são encontrados no
estudo de Carazzato et al. (1996) que relata 34,49% das lesões em MMII, 37,29% em MMSS e
29,22% para a soma do segmento axial e encefálico.
Tratando-se mais especificamente da localização anatômica acometida, há um
abrangente leque de possibilidades, todavia torna-se pertinente o destaque para as lesões em
cabeça/face; joelho; ombro; e tornozelo. Resultados que confirmam estudos apontando as
lesões articulares como as preferidas por esporte de contato (MENESES, 1993 apud SANTOS
et al., 2001), não sendo encontrada evidências para tal ocorrência.
Entretanto, o fato da face ter uma representação significativa para o acometimento de
lesões pode ser explicado pela consistência dos materiais empregados neste esporte, uma vez
que o tatame utilizado em competições oficiais por ser sintético, causa lacerações na pele, se
friccionada contra o mesmo. Segundo Santos e Melo (2003), existe uma grande polêmica entre
a preferência do tipo de tatame, pois apesar do sintético tem melhor aderência, enfatiza-se que
o atrito em excesso acaba acarretando lesões.
Além disso, a vestimenta utilizada pelos atletas, para a prática esportiva, é o kimono
trançado, que apresenta tecido grosso e áspero, podendo também causar lesões cutâneas,
que por ora são classificadas como escoriações. Vale ressaltar, que a luta de judô consiste em
golpes de arremesso, bem como em imobilizações, chaves na articulação do cotovelo e
estrangulamentos (FRANCHINI, 1999), e que o contato direto existente entre os adversários
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parece tornar inevitável o atrito com tais materiais, dependendo claro, do estilo de luta do
atleta.
Aliado a tais hipóteses, é pertinente o registro de que o judô brasileiro torna-se cada vez
mais competitivo, e vem adquirindo características semelhantes às praticadas na Europa,
evidência descrita por Júnior et al. (1999), que apesar de não concordar com esta mudança,
descreve em seus estudos a transição do judô-espetáculo para o judô-força. O intuito não é
avaliar qual proporciona melhor rendimento, mas apresentar sugestão quanto ao elevado
número de escoriações que ora se faz presente.
Assim, sugere-se que o judô-força, aliado aos materiais utilizados já descritos, sejam os
principais responsáveis por tais lesões. Este diagnóstico confirma levantamentos feitos pela
Federação de Judô do Estado do Rio de Janeiro (FJERJ)1, em que as escoriações são as
lesões mais freqüentes, e geralmente localizam-se na face. No entanto, diverge de outros
estudos que sequer apontam tal hipótese diagnóstica, a exemplo de Santos (et. al., 2001), que
aponta as entorses; luxações e distensões, respectivamente, como as principais lesões.
A lesão muscular, apontada como segundo diagnóstico mais freqüente, também
contraria a literatura revisada, uma vez que de acordo com Carazzato et al. (1996) as mesmas
são apontadas com o menor percentual de todas as lesões catalogadas no referente estudo.
Parece que tamanha prevalência esteja estritamente relacionada à falta de preparação física
adequada, pois segundo Soares (2003) a prevenção de lesões musculares inclui aquecimento
antes do início da prática esportiva, desenvolvimento de um programa de força progressiva,
equilíbrio entre força e flexibilidade no sistema músculo-esquelético. Nota-se assim, que um
bom condicionamento físico é pré-requisito básico na prevenção de lesões.
Quanto à prevalência de contusões, entorses e luxação/fratura, podem ser explicadas
pelo cunho competitivo dos atletas, que para não favorecerem os adversários, assumem
posturas de risco durante a luta e a queda, o que gera alteração na biomecânica do golpe.
Franchini (1999) ressalta ainda, que o judô é uma modalidade de alto impacto e de forças
rotacionais, fatores que favorecem a pré-disposição das referidas lesões.
Barsottini et al. (2006) demonstra em seu estudo, que há aumento de lesão quando o
gesto esportivo não ocorre de forma exata. No entanto, essa perspectiva não se enquadra
nesta pesquisa, uma vez que a população investigada é composta por atletas de nível
nacional, o que sugere apresentarem elevado nível técnico, e gesto esportivo refinado.
Com relação às categorias de peso, nota-se que as categorias intermediárias (Meio
Médio e Leve), bem como a categoria mais pesada (Pesado) apresentam prevalências
significativas de lesões quando comparadas com o todo, havendo ainda um discreto destaque
à categoria mais leve (Ligeiro). Esse fato pode ser explicado se levado em consideração a
exigência física dos atletas que as compõem. De acordo com Grosso et al. (2007), as
categorias de menor peso corporal são caracterizadas principalmente pela alta velocidade e
potência, já as mais pesadas pela resistência aeróbia. No entanto, esta última categoria por ser
considerada a mais lenta do judô, utiliza-se por demais da força, uma vez que fibras do tipo I
têm baixa velocidade, mas grande força de contração (SALLES, 2005).
Assim, a prevalência de lesões nas categorias mais leves, parece ser explicada devido
justamente ao ritmo de luta ser intenso durante todo o combate. Já as categorias mais
pesadas, como citado, tem predominância de força, que para Carazzato et al. (1996) é fator
inegável de sobrecarga do sistema músculo-esquelético, associado ainda a massa corpórea
dos participantes desta categoria serem aumentadas, parece correlacionar o elevado número
de lesões em tal categoria de peso. Em contrapartida, contradiz o estudo do mesmo autor, que
afirma ser esta a categoria com maior prevalência de lesões. O parecer para as categorias de
peso intermediárias estarem tão propensas à lesão justifica-se por ser nela associada às
características de velocidade e força.
1 Disponível em: 10
ISBN: 85-85253-69-X - Livro de Memórias do VI Congresso Científico Norte-nordeste - CONAFF
As categorias mais leves pelas características de velocidade e potência apresentam a
proporção de escoriações, em termos relativos, surpreendentemente maior que os demais
diagnósticos, justamente pelo estilo de luta mais dinâmico aliado ao judô-força já mencionado.
As categorias intermediárias, como descrito, associam o fator força à velocidade e são
as mais propensas ao acometimento de lesões. O que torna o diagnóstico clínico das lesões
mais abrangente, justamente por mesclar variadas exigências físicas.
Já as categorias mais pesadas apresentam grande predomínio de lesões musculares, tal
fato pode ser esclarecido mais uma vez pelas características físicas dos atletas. Segundo
Franchini (2008), “de maneira geral, os aspectos como elevado percentual de gordura corporal,
força de MMSS reduzida e baixa flexibilidade aumentam os riscos dos atletas de lesionarem.”
Além disso, nesta categoria de peso, observa-se grande discrepância com relação à massa
corporal dos atletas que as compõe.
Assim, tais fatores aliados a grande exigência de força inerente nessa categoria de peso
coloca esses atletas mais susceptíveis a lesões musculares, sendo a localização topográfica
justificada, uma vez que os MMSS e MMII representam os grupos musculares mais exigidos
pelo esporte.
CONCLUSÃO
O estudo em questão demonstra estatisticamente a prevalência de lesões ortopédicas
em atletas universitários de judô masculino. Registrando-se relativa discrepância no
acometimento de lesões quando se analisa separadamente as categorias de peso.
Ressalta-se ainda que, o diagnóstico clínico das lesões, bem como a localização
topográfica e anatômica, são facilmente entendidos quando se analisa as características gerais
destas categorias de peso. No entanto, não se encontrou correlação para tal fato, na literatura
revisada, sugere-se, pois, que mais estudiosos se debrucem sobre o tema a fim de confirmar
tais análises e ponderações.
Observa-se ainda, que o número de lesões ocasionadas poderia ser potencialmente
diminuído, com o trabalho preventivo sendo devidamente realizado em concomitância a
preparação física adequada.
O conhecimento prévio das lesões, concebido através de estudos epidemiológicos,
permite que profissionais que lidam diretamente com o atleta, estejam aptos a construir novos
programas de treinamento e prevenção. Uma vez, que o um bom condicionamento físico é prérequisito
básico para a prevenção de lesões, principalmente no esporte de alto rendimento.
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ISBN: 85-85253-69-X - Livro de Memórias do VI Congresso Científico Norte-nordeste - CONAFF
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Aline Alves e Silva
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