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Araraquara, São Paulo, Brazil
Graduado em Fisioterapia pela Universidade Paulista. Especialização em Quiropraxia pela ANAFIQ- Associação Nacional de Fisioterapia em Quiropraxia. Pós Graduação em Fisioterapia Ortopédica e Desportiva pela Universidade Cidade de São Paulo- UNICID Coordenador do Grupo de Estudos em Postura de Araraquara. –GEP Membro da Associação Nacional de Fisioterapia em Quiropraxia- ANAFIQ/ Membro da Associação Brasileira de Fisioterapia Manipulativa- ABRAFIM/ Membro da Associação Brasileira de Pesquisa em Podoposturologia –ABPQ PODO/ Formação em RPG, SGA, Estabilização Segmentar Lombar e Cervical, Pilates, Podoposturologia, Quiropraxia,Reabilitação Funcional, Kinesyo Tape ,Dry Needling,Mobilização Neurodinâmica, Técnica de Flexão-Distração para Hérnias Lombares e Cervicais. Formação no Método Glide de Terapia Manual. Atualização nas Disfunções de Ombro, Quadril , Joelho e Coluna ( HÉRNIAS DISCAIS LOMBARES E CERVICAIS). ÁREA DE ATUAÇÃO: Diagnóstico cinético-funcional e reabilitação das disfunções musculoesqueléticas decorrentes das desordens da coluna vertebral. AGENDAMENTO DE CONSULTAS PELO TELEFONE 16 3472-2592

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quarta-feira, 20 de maio de 2009

capoeira

Capoeira no Brasil
No Brasil, a primeira vez em que se ouviu falar em capoeira foi no início do século XVII, durante as invasões holandesas, quando os escravos (negros e índios) se aproveitavam da grande confusão para fugir para as matas. Os negros criaram os quilombos, dentre os quais está o famoso Palmares, cujo líder foi Zumbi, guerreiro e estrategista, que diz a lenda ter sido capoeirista.

Proibida por representar uma ameaça à segurança dos senhores de engenho durante o período escravocrata foi praticada às escondidas nos quilombos e matas ralas, o que deu origem ao seu nome. Quando ocorria nas senzalas e terreiros, às vistas dos brancos, a luta era disfarçada pela associação com a dança e com a música. Dessa forma, os senhores de escravos viam apenas o que chamavam de “brincadeira de angola”.

Após essa época, houve um período obscuro para a capoeira, que voltou a ser vista no século XIX, quando se transformou num fenômeno social que tomou conta dos centros urbanos como o Rio de Janeiro, Salvador e Recife. Essas principais cidades portuárias brasileiras eram um aglomerado barulhento de gente, e era comum a figura do “escravo de ganho”, aquele que tinha permissão de vender ou prestar serviços na rua e, em troca, dar uma porcentagem do dinheiro que obtivesse ao seu senhor. Sem outra coisa a oferecer senão a força física para carregar móveis, mercadorias e dejetos, muitos faziam ponto perto do porto. Não demorou para que esse grupos se organizassem sob a chefia de algum valente chamado de “capitão”, exímio capoeirista. Essa época ficou marcada pelo “terror da capoeira”, principalmente no Rio de Janeiro e Bahia.

A lei punia a capoeiragem com sentenças de até 300 açoites e o calabouço. O auge de repressão foi em 1890 quando ficou instituída a deportação dos capoeiristas do Rio de Janeiro para a Ilha de Fernando de Noronha. Na Bahia, esses grupos foram desorganizados pela convocação para a Guerra do Paraguai, em 1864. Os grupos de capoeiragem do Recife só acabaram definitivamente em 1912, quando o jogo voltou a ser brincadeira, dando origem ao frevo.

De 1890 a 1937, a capoeira foi crime previsto pelo Código Penal da República. Simples exercícios na rua davam até seis meses de prisão. Nesse ambiente hostil, as escolas de capoeira sobreviviam clandestinamente nos subúrbios.

Após um recesso de quase 50 anos, a capoeira ressurge no ano de 1937, quando Manoel dos Reis Machado, mestre Bimba, realizou uma apresentação para o então presidente Getúlio Vargas que, encantado com o jogo, o decretou como esporte nacional.

Com o passar dos anos, a capoeira começou a ganhar popularidade e os novos adeptos aderiram à mania de aprender a capoeira em academias. Entre esses adepto estão as mulheres que até então eram excluídas das rodas.

Hoje a capoeira é um esporte bastante conhecido e difundido fora do Brasil. Essa mistura de jogo, dança e pugilismo está presente em mais de 48 países.
O Som
A capoeira é talvez a única luta que utiliza instrumentos musicais. Dentre eles temos o berimbau, o pandeiro e o atabaque (Vídeo 028). Como equipamentos opcionais temos também o reco-reco e o agogô. Vale ressaltar as palmas e o canto, indispensáveis na capoeira (Vídeo 029).

O berimbau: (Vídeos 024 e 025) A origem do berimbau é desconhecida, mas ele é o principal instrumento do jogo; é ele que comanda o ritmo do jogo da capoeira. É formado por um arco de madeira de mais ou menos 1,6 metros, ligado por um fio de aço, tendo numa das extremidades uma cabaça ou caixa de ressonância bem seca, com dois furos, onde passa um barbante que a prende no arame e no arco. Com uma vareta para percutir na corda, empurra-se com a outra mão uma moeda, também na corda, produzindo assim o som. Leva-se ainda na mão da vareta um caxixi (cestinha com sementes, contas ou milhos) para marcar o ritmo.

O pandeiro: (Vídeo 026) O pandeiro, velho conhecido dos sambistas, é tocado com ambas as mãos, uma das quais faz vibrar os guizos, enquanto a outra, tamborila sobre a membrana. Sua origem é controversa.

O atabaque: (Vídeo 027) O atabaque é de origem árabe. Muito usado nas festas profanas afro-brasileiras. É formado por uma espécie de tambor ou caixa de madeira coberto com couro só de um lado. Pode ser quadrado ou redondo, com mais ou menos 20 cm de circunferência.


As Regras
Ao contrário das artes marciais originárias do oriente, a capoeira pode ser jogada em qualquer lugar, aberto ou fechado, sobre qualquer piso, descalço ou calçado, com qualquer tipo de vestimenta. Por uma questão de tradição, no entanto, dá-se preferência à roupa branca. Na capoeira é imprescindível o acompanhamento musical. As canções são primárias, sem preocupação de métrica ou rima, freqüentemente improvisadas. Tradicionalmente utiliza-se o berimbau como pano de fundo; o pandeiro e o atabaque também podem entrar na dança.

Apenas duas pessoas podem jogar capoeira de cada vez. Elas sempre iniciam o jogo de cócoras, ao pé do berimbau que sola o ritmo (Vídeo 030).

Fundamentos da Capoeira
A Ginga (Vídeo 001)

A ginga é o principal movimento da capoeira. Ela é a base para todos os movimentos, isto é, dela partem todos os golpes e movimentos da capoeira. Na ginga, o capoeirista poderá defender-se com o auxílio das mãos e dos braços, deslocar-se para qualquer direção, permitindo-lhe uma melhor posição para a defesa (Vídeo 002), o ataque e o contra-ataque, além da utilização do “floreio” - um jogo de corpo no qual o capoeirista utiliza movimentos corporais com o intuito de distrair o adversário para melhor aplicar-lhe o golpe. A distância entre os pés plantados paralelamente deve ser igual a largura dos ombros aproximadamente. O capoeirista desloca o pé esquerdo para trás até uma distância em que se sinta perfeitamente equilibrado, retornando à posição inicial para, em seguida, deslocar para trás o pé direito, com o mesmo procedimento anterior, e assim sucessivamente. O corpo deve estar completamente relaxado, com o braço equivalente ao pé que recua na frente dos ombros em atitude protetora. Na ginga, o tronco deve estar inclinado para frente e os joelhos devem estar ligeiramente flexionados sem ultrapassarem a ponta dos pés.

Os Golpes

Os golpes da capoeira se dividem entre traumáticos e desequilibrantes. Entre os primeiros estão os movimentos de ataque que envolvem a cabeça, o joelho e, principalmente, os pés. No segundo grupo se incluem rasteiras e tesouras, cujo objetivo é derrubar o adversário.

1. Golpes Traumáticos

a) Meia-lua de frente: É um golpe em forma de “meia lua”, realizado com a face medial do pé (Vídeos 003 e 008).
b) Benção: Golpe aplicado com o calcanhar frontalmente no sentido horizontal (Vídeo 004 e 009).
c) Martelo: Golpe com o peito do pé (Vídeo 005 e 010).
d) Meia-lua de compasso: O capoeirista gira o corpo na direção do adversário com uma perna flexionada, servindo de apoio no solo juntamente com a(s) mãos(s), e com a outra, completamente estirada (Vídeos 006 e 011).
e) Queixada: Golpe giratório realizado com o lado externo do pé (Vídeo 013).
f) Armada: Golpe giratório com o calcanhar (Vídeos 007 e 012).

2. Golpes Desequilibrantes

a) Rasteira: Golpe desequilibrante no qual a perna deve atingir o pé de apoio do adversário (Vídeos 014 e 015).
b)Tesoura de frente e de costas: São golpes que visam à queda do adversário (Vídeos 016 e 017).
c) Esquivas: São utilizadas como forma de fuga, de desviar do golpe do adversário (Vídeo 002).

Os Floreios

São usados como meio de distração ao adversário para então aplicar o golpe. Dentre os principais floreios temos: Macaquinho (Vídeo 021) , Macaco em pé, S dobrado, Aú sem as mãos, Saltos mortais (Vídeo 023), etc.

Aú: é realizado com as pernas para o ar, apoiando as mãos no solo, voltando, em seguida, à posição inicial (Vídeos 018 e 022).

Negativa: da mesma forma que a ginga é a base da movimentação em pé, a negativa e o rolê são a base da movimentação no chão (Vídeo 020).

Rolê: o capoeirista enrola o corpo rapidamente no chão, afastando-se ou aproximando-se do oponente (Vídeo 019)
Principais Lesões
As referências bibliográficas sobre esse assunto são bastante restritas, assim, serão aqui abordadas as lesões mais comuns encontradas na minha experiência como atleta da modalidade e relato de casos obtidos por capoeiristas de vários grupos e cidades.

A capoeira é um esporte que requer capacidades físicas como equilíbrio, coordenação, agilidade, velocidade e força, além de flexibilidade.

Como em qualquer outra arte marcial, deve-se proteger o tórax e a cabeça. Um pontapé nesses pontos pode ser fatal. Por isso o ensino da capoeira deve dar uma consciência corporal, com noções de distância, desenvolvendo reações rápidas.

As lesões mais comuns são os traumas diretos que ocorrem tanto durante os treinos como nos jogos. Esses traumas são decorrentes principalmente de golpes que não conseguem ser esquivados pelo adversário e são desde simples contusões na face, cortes na região da sobrancelha e boca, até fraturas de nariz e mandíbula.

Devido à exigência de grande flexibilidade e força muscular é comum o estiramento de quadríceps, isquiotibiais e principalmente de adutores.

A capoeira, por ser praticada sem calçados, leva a lesões por impacto nos tornozelos e joelhos, principalmente durante a aterrissagem dos saltos mortais. Com os pés descalços, é usual no treino os capoeiristas iniciantes reclamarem de bolhas formadas na planta dos pés, principalmente no antepé.

Torções de tornozelo e joelho também são comumente encontradas devido à velocidade e força dos golpes. Há também vários relatos de rupturas parciais e totais de LCA, ocorridas principalmente durante a realização da tesoura de frente (Vídeo 016).

Lesões mais graves como luxações ou subluxações de ombro e cotovelo são encontradas durante o treinamento dos floreios e saltos mortais. Fraturas de radio também podem ser ocasionadas nesses treinamentos, quando o capoeirista cai sobre o braço.

As queixas de dor na região da coluna vertebral principalmente as lombalgias, são normalmente relatadas, mas não possuem um mecanismo de trauma direto, estando apenas relacionadas aos movimentos e gestos da modalidade.

Como Eu Trato
Contusões Musculares em Praticantes de Capoeira

1- Contusão Muscular:

A contusão muscular é uma lesão traumática direta, não penetrante, que na capoeira, se deve ao contato físico entre os capoeiristas provocando uma lesão dos tecidos com rompimentos de capilares levando ao aparecimento de hematoma evoluindo para um processo inflamatório 1, 2. É também popularmente conhecida como “paulistinha” ou mesmo “tostão”, principalmente por jogadores de futebol onde encontramos sua maior incidência, seguido de esportes como basquete e rugby 1.

As contusões ocorrem com maior freqüência no músculo quadríceps, gastrocnêmio e tríceps braquial 3.

Os sinais e sintomas mais comuns de uma contusão são: inicialmente, um pouco de dor ou desconforto; evoluindo quando o atleta “esfria” com rigidez, edema, equimose, hematoma e dor localizada na região, agravando com a movimentação ativa ou mesmo passiva.

As contusões podem ser classificadas, de acordo com a perda de função após a lesão, em leves, moderadas e graves 3:

Leves: mobilidade articular quase normal, sensibilidade local e marcha sem alteração;

Moderadas: edema, sensibilidade muscular, mobilidade articular de 75% e marcha antálgica;

Graves: edema e sensibilidade importante, mobilidade articular menor que 50% e marcha claudicante.

2. Danos provocados pela contusão muscular:

As contusões são causadas por traumas diretos de um capoeirista contra o seu adversário ou contra um objeto fixo, resultando em células e tecidos danificados e sangramento dentro ou entre os músculos. Como resultado temos a formação de tecido necrótico, hemorragia e reação inflamatória local.

O hematoma causado pela contusão muscular pode ser dividido em hematoma intermuscular e intramuscular. No hematoma intermuscular, o sangue está em contato com a fáscia muscular e septos intermusculares o que é mais propenso a causar equimose distal. Já no hematoma intramuscular, o sangramento não sai do músculo, a lesão tem resolução mais lenta e está associada a miosite ossificante e contratura 4, 5.

3. Tratamento:

O tratamento da contusão muscular baseia-se primordialmente no repouso do membro acometido, gelo e retorno gradual ao movimento da articulação. Alguns autores preconizam a imobilização defendendo que a reação inflamatória diminui mais rapidamente. Porém, com a imobilização há formação de tecido fibroso o que está associado a um maior tempo para a mobilidade e restabelecimento das funções articulares 4, 6.

Imediatamente após a contusão, chamada fase aguda da lesão, deve-se limitar a mobilidade e minimizar o risco de hemorragia, o que pode ser obtido pelo repouso, gelo, elevação e compressão.

O repouso do membro acometido é necessário para promover a cicatrização além de aliviar a dor músculo-esquelética nas primeiras 24 horas.

A elevação pode tanto auxiliar na prevenção do aparecimento de edemas quanto na sua reabsorção, pois favorece o retorno venoso e linfático.

O enfaixamento compressivo da área afetada auxilia na redução do edema, pois seu efeito faz com que haja um aumento da pressão extravascular ajudando na reabsorção.

O gelo ajuda a diminuir o edema, reduz a área de lesão por hipóxia secundária, diminui o espasmo muscular e reduz a dor, diminuindo a transmissão nervosa nas fibras de dor e a excitabilidade dos terminais nervosos livres.

Essa primeira fase de tratamento dura de 24 hora para contusões leves e 48 horas ou mais para moderadas e graves. Ainda nessa fase inicial de tratamento são indicados exercícios isométricos e exercícios passivos, porém calor e exercícios isotônicos não são recomendados 4.

Ainda na fase inicial ou aguda, pode-se fazer uso do ultra-som de forma atérmica ou pulsada a 20%, facilitando a cicatrização 6, 7.

Numa segunda fase, fase subaguda, após o edema se estabilizar e o paciente readquirir o controle muscular do músculo acometido, a cinesioterapia é iniciada. O objetivo dessa fase é o ganho da amplitude de movimento da articulação, isto é, restauração da mobilidade ativa do músculo. Podem ser feitos exercícios ativos livres dentro do arco de movimento livre de dor. Alongamentos leves também são recomendados nessa fase. Deve-se lembrar que a compressão, gelo e elevação ainda são importantes nessa fase com os mesmos objetivos da primeira fase.

Nessa fase o ultra-som pode ser recomendado na forma pulsada, porém a 50%.
Na fase final de tratamento objetiva-se restaurar a função total do músculo e da articulação. A reabilitação funcional é conseguida com exercícios de resistência progressiva. Exercícios proprioceptivos devem ser iniciados após a recuperação da amplitude de movimento articular, força e resistência muscular. Quando a movimentação, resistência e agilidade do músculo acometido forem restauradas, o indivíduo pode retornar aos treinos.

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