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Araraquara, São Paulo, Brazil
Graduado em Fisioterapia pela Universidade Paulista. Especialização em Quiropraxia pela ANAFIQ- Associação Nacional de Fisioterapia em Quiropraxia. Pós Graduação em Fisioterapia Ortopédica e Desportiva pela Universidade Cidade de São Paulo- UNICID Coordenador do Grupo de Estudos em Postura de Araraquara. –GEP Membro da Associação Nacional de Fisioterapia em Quiropraxia- ANAFIQ/ Membro da Associação Brasileira de Fisioterapia Manipulativa- ABRAFIM/ Membro da Associação Brasileira de Pesquisa em Podoposturologia –ABPQ PODO/ Formação em RPG, SGA, Estabilização Segmentar Lombar e Cervical, Pilates, Podoposturologia, Quiropraxia,Reabilitação Funcional, Kinesyo Tape ,Dry Needling,Mobilização Neurodinâmica, Técnica de Flexão-Distração para Hérnias Lombares e Cervicais. Formação no Método Glide de Terapia Manual. Atualização nas Disfunções de Ombro, Quadril , Joelho e Coluna ( HÉRNIAS DISCAIS LOMBARES E CERVICAIS). ÁREA DE ATUAÇÃO: Diagnóstico cinético-funcional e reabilitação das disfunções musculoesqueléticas decorrentes das desordens da coluna vertebral. AGENDAMENTO DE CONSULTAS PELO TELEFONE 16 3472-2592

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terça-feira, 20 de outubro de 2009

Lesões no Kung Fu

Kung Fu
O que é Kung Fu
Kung Fu (também conhecido como Wushu, Kuo Shu) é uma das mais típicas demonstrações da tradicional cultura chinesa. É uma atividade física que exige a união do físico e da mente.

A teoria do Wushu é baseada na clássica filosofia chinesa, enquanto as habilidades físicas consistem de várias maneiras de lutar: com mãos livres ou com armas, o praticante ataca e se defende de maneiras distintas, como por exemplo: chutar, socar, arremessar, segurar, esquivar, atingir articulações etc.

O Wushu é usado para defesa pessoal, como forma de desenvolver o físico e até mesmo de curar certas doenças. Mas ele não é apenas uma atividade física, ele também tem o componente artístico, que é mais bem apreciado nas atividades individuais (katys, rotinas).

Devido a sua longa história, o Kung Fu incorporou, ao longo deste tempo, diferentes culturas regionais, ideologias, métodos de treino e técnicas. Este fato levou ao desenvolvimento de uma vasta gama de estilos e escolas. Enquanto algumas escolas enfatizam o uso dos punhos e técnicas de mão, outras enfatizam técnicas de perna e pé. Algumas têm interesse na variação de técnicas enquanto outras preferem a simplicidade destas. Alguns preferem combater à distância de seus braços e pernas enquanto outros estilos preferem lutar em contato físico (corpo-a-corpo) com o adversário. Devido a esta variedade de estilos, o Kung Fu contempla o gosto e a necessidade de uma grande parcela das pessoas que o procuram.

Esta arte marcial detém em seu arsenal o manejo de muitas armas. Quase todos os estilos dominam, pelo menos, uma arma. A combinação de treinos com punhos livres e o manejo de armas confere ao praticante uma aplicação completa e mais eficiente das habilidades que o Wushu pode oferecer ao ser humano, uma vez que a arma é considerada uma extensão do corpo humano, dificultando os movimentos e exigindo mais do praticante.

A combinação de técnicas ofensivas e defensivas é a essência do Kung Fu. Mesmo em treinos solo (katys, rotinas) pode-se observar que os movimentos são de ataque e defesa contra um ou mais adversários imaginários, seguindo uma ordem no tempo e no espaço.

Contudo, os movimentos e os treinos corporais são apenas a parte externa do Wushu. O Kung Fu não se limita aos movimentos corporais, mas também enfatiza o desenvolvimento completo do temperamento interno, das atitudes mentais e do potencial do ser humano. O treino constante não só fortalece ossos e músculos, mas também os órgãos internos e a inteligência. Coordenação e cooperação são recrutadas a cada movimento, ou seja, os gestos são um resultado do trabalho mútuo das mãos, olhos, ouvidos, tronco e pés. Acredita-se que a mente direciona a circulação do fluxo de ar dentro do corpo e que esta circulação interna gera a força externa, demonstrando, assim, a combinação das forças externas e internas. Para tal ação, exercícios respiratórios são praticados nos mais variados estilos.

A respiração correta é incorporada em cada movimentação e golpe aplicado, movimentações e posições estáticas alternam-se entre elas enquanto firmeza e leveza complementam-se uma a outra; demonstram uma majestosa expressão artística e praticidade e demonstram sua natureza abrangente e equilibrada.
Uma vez em ação, o movimento é rápido e forte como uma rajada de vento enquanto em suas bases prostadas e fortes, o corpo parece firme como uma montanha.

Os sentimentos humanos e habilidades são claramente demonstrados através dos movimentos rítmicos e as emoções são expressadas no decorrer dos exercícios.(1)
O Que significa a palavra Kung Fu:

Antigamente, Kung Fu era uma expressão que no dialeto cantonês, queria dizer "trabalho", "jornada de trabalho" ou "saber fazer" dependendo da forma que era encontrada no texto. Hoje em dia, ela é mundialmente conhecida, mas na realidade, esta palavra nada tem a ver com técnicas de combate, pelo contrário (2), seu significado é muito mais antigo e profundo. O ideograma "KUNG" pode ser traduzido como "consumação ou realização de uma façanha em certos campos de atividade". O caracter "KUNG" tem origem no esquadro do carpinteiro, conforme interpretações tradicionais. Como substantivo, o caracter "KUNG" pode ser traduzido como trabalho. Já como adjetivo, "KUNG" significa habilidoso. A pessoa que transmite seus conhecimentos de Artes Marciais para outras pessoas e torna-se proficiente nessa missão, alcançou um grau de KUNG. Mas se essa pessoa alcançar um nível ainda mais elevado, adquirindo uma excelente reputação, tanto para sua arte quanto para si, aí o seu grau será o de "KUNG GO", que significa "alto grau de KUNG". O ideograma FU significa homem maduro ou marido. Pode significar também um artista marcial com caráter heróico. Quando os ideogramas "KUNG" e "FU" são colocados juntos, eles representam uma pessoa que tem "MOTAK", ou seja, princípios morais altamente elevados, combinados com habilidade em Artes Marciais. Genericamente o termo "KUNG FU" pode ser traduzido como "tempo e esforço desprendido em uma atividade" ou "grau de perfeição alcançado em qualquer área de atuação, ou ainda,"conhecimento profundo de um assunto". O povo Chinês deu bastante valor à Arte Marcial, relacionando-a com conhecimentos místicos, filosóficos e medicinais de sua cultura, proporcionando inestimável contribuição para toda a humanidade. (3)
Além de Kung Fu, existem outros termos para as artes marciais chinesas: Kuen Su (arte dos punhos), Wushu (arte marcial) e Kuo Shu (arte nacional) (2).

História do Kung Fu no Mundo
Breve histórico do Kung Fu (2)

Os primeiros registros históricos do Kung Fu foram encontrados em ossos e cascos de tartaruga da dinastia Shang (1766-1122 a.C.). Huang-ti, o terceiro dos Três Imperadores do Outono, usava espadas de cobre para o combate. O período de 770-481 a.C. foi chamado de Era da Primavera e do Outono, durante esta época, o Kung Fu foi chamado de ch?uan yung, e a arte começou a florescer. O período dos Estados Guerreiros (480-221 a.C.) produziu muitos estrategistas que enfatizaram a importância do Kung Fu na construção de um exército forte, dos notáveis mestres do Kung Fu em lutas de espadas naquele tempo, muitos eram mulheres. Uma delas, Yuenu, foi convidada pelo imperador Goujian, para expor suas teorias sobre a arte de combate com armas.

A dinastia Ch?in (221-206 a.C.) e Han (206 a.C. - 220 d.C.) presenciaram o crescimento de artes marciais como o Jiaodi, uma contenda na qual os participantes se defrontam com chifres de boi nas cabeças. Várias novas armas foram incorporadas à arte, e o taoísmo começou a influenciar a filosofia de luta. Nesta dinastia também um famoso médico chamado Hua Tuo criou uma seqüência de exercícios para a saúde que imitavam os movimentos do tigre, do cervo, do urso, do macaco e do pássaro. Na dinastia Jin (265-439 d.C.), o Kung Fu caiu pesadamente sob a influência do budismo e do taoísmo. Ge Hong (284-364 d.C.) famoso médico e filósofo taoísta, integrou o Chi Kung, importante ramificação da Medicina Chinesa Tradicional, ao Kung Fu. Suas teorias em relação à ação externa (yang) e interna (ying) no Kung Fu são universalmente conhecidas até nossos dias.

Outra grande contribuição para o desenvolvimento do Kung Fu ocorreu com a chegada do monge Bodhidharma à China em 519 d.C. Bodhidharma foi um príncipe na Índia, onde se tornou um mestre budista (28º Patriarca do Budismo), que peregrinou pela China. Depois de muitos contratempos, por fim hospedou-se no Templo Shaolin e, segundo a lenda, teria meditado durante nove anos numa caverna. No templo ele transmitiu conhecimentos do budismo e também uma série de exercícios físicos, pois ele havia notado a grande dificuldade que os monges chineses tinham em ficar longas horas meditando, pois seus corpos não resistiam a tal prática.

Durante a dinastia Qing (1644-1911), apesar de um Decreto Imperial que proibia a prática do Wushu entre o povo, estabeleceu-se uma grande quantidade de sociedades secretas dedicadas à divulgação da arte.

Já com a proclamação da República em 1912, as artes marciais foram ensinadas em todo o país e adquiriram grande prestígio. Em 1949, o líder comunista Mao Tse-Tung tomou o poder e muitos mestres de Kung Fu, por motivos políticos, emigraram para Taiwan ou para Hong Kong, protetorado britânico na época. Atualmente, na China continental, o Kung Fu tem recebido características desportivas, onde o aspecto competitivo é altamente enfatizado. Não obstante, a prática tradicional do Kung Fu tem sido preservada. O termo ?Kung Fu? é aplicado às artes marciais há séculos e significa ?trabalho duro?. Essa descrição se encaixa nos rigores envolvidos no aprendizado e prática das artes marciais chinesas.
O templo Shaolin (4)



O templo Shaolin merece um breve comentário por ser o berço da maioria dos estilos de Kung Fu existentes nos dias atuais:

O estilo de luta Shaolin Chuan teve sua origem no templo budista chamado "SHAOLIN", que significa "Jovem Bosque", situado na província de HONAN, na zona norte da China Central. Em 519 dC, o monge Budista TA-MO (Bodhidharma), de origem indiana, chegou ao Templo Shaolin procedente do Estado de Liang. Ele ensinou aos monges do templo a arte de defesa pessoal, e daí provém o estilo de luta chamado SHAOLIN CHUAN (Punhos de Shaolin), também conhecido como estilo "Exterior" ou "Duro", em contraposição ao estilo "Interior" ou "Suave", o TAI CHI CHUAN, por exemplo. "Exterior" implica em força física externa, rigidez de movimentos e rapidez.

À medida que se desenvolveu a Escola de Shaolin, aumentando sua forma, adotou-se regras estritas para assegurar que os alunos do Wushu não fizessem mal uso de sua força e poder. Para tanto, havia doze regras para os estudantes e a sua desobediência era castigada com a expulsão do mesmo.

A vida era intencionalmente dura, para desenvolver o corpo e, ao mesmo tempo, fortalecer o espírito. Não havia lugar para a falsidade, os alunos graduados deviam respeitar e ajudar o povo, não podendo em hipótese alguma transgredir a lei. Em caso de fazê-lo, poderiam ser perseguidos pelos sacerdotes do Templo Shaolin e condenados à morte.

Os alunos de Shaolin eram eleitos cuidadosamente. Os segredos dos mestres só podiam ser ensinados para aqueles que possuíam um alto nível moral. Eles deviam manter-se em vigilância constante, para que no templo não fosse admitido alguém com más intenções ou que fosse corrompido.

Diz-se que os mestres de Wushu mantinham alguns segredos de reserva para usá-los contra alunos malfeitores. Os monges que ensinavam eram todos mestres em Wushu, além de Budistas praticantes.Acordavam cedo, rezavam pela paz universal, treinavam muito, carregavam água, pedras, árvores etc para as melhorias do templo, sempre voltando a orar e meditar antes de dormir.

O treinamento era árduo e produzia guerreiros que cumpriam missões notáveis para defender os fracos dos poderosos, às vezes, sacrificando suas próprias vidas a serviço da humanidade. Mas a luta não era o único meio usado pelos monges para se defender de um agressor, muitas vezes eles usavam a sutileza da palavra, a filosofia, a poesia, para vencer uma pessoa mal intencionada. Algumas vezes até essas pessoas deixavam a vida de malfeitores e entravam para o templo, tornando-se monges.

Naquela época, nos templos de Shaolin, florescia a arte, a poesia, a filosofia, como meio de ligação entre o Homem e o Cosmos. Para se tornar "Mestre" em Wushu (Kung Fu), os monges eram obrigados a estudar filosofia, pintura, música, literatura, anatomia e medicina. Geralmente começavam a praticar muito cedo e atingiam o grau de "Mestre" depois de ter treinado quase a vida toda.

Os monges, observando as lutas entre animais, desenvolviam técnicas de lutas semelhantes, quanto ao usa das mãos, dos saltos e das esquivas. Tigre, Louva-Deus, Serpente, Leopardo, Águia, Macaco etc, todos eram muito observados quando estavam lutando e depois os praticantes de Wushu criavam os Tao (Katys - seqüências de ataques e defesas), baseados nas lutas desses animais.

O Shaolin Chuan dispõe de várias armas: lanças, espadas, bastões, punhais, que são treinados na forma de Katy, sozinho ou a dois (lança contra bastão, espada contra punhais, bastão contra bastão etc.)

Mas como tudo que tem seu começo tem seu fim, o Templo Shaolin foi queimado e destruído pelos homens do governo que viam no templo, um refúgio para os revoltosos. É que na China houve muitas revoltas e levantes do povo contra os governos que, na maioria das vezes, eram chefes invasores como os Mongóis, os Tang, os Song, os Ming e os Manchu. E sendo os templos considerados solos sagrados, o governo não tinha nenhum poder lá dentro, nem sequer poderiam entrar lá sem a permissão dos monges, assim, muitas pessoas realmente procuravam abrigo nos templos Shaolin.

Como exemplo, em 1850 houve a revolta de Tai Ping (Paz Celestina). Entre 1900 à 1905 a revolta do "Lótus branco", dos "Facas Longas"ou "boxers", abafadas e esmagadas pelas forças estrangeiras que tinham armas modernas e ocupavam a China (Alemanha, França, Estados Unidos, Inglaterra).

Muitos lutadores de Kung Fu foram mortos e tiveram suas cabeças penduradas em praça pública, como forma de intimidar os "revoltosos".
Outros Templos Shaolin foram construídos em diversas regiões da China, mas novamente foram destruídos pelos donos do poder e muitos treinamentos e segredos foram perdidos com a morte de vários mestres. Porém, alguns mestres escaparam, refugiando-se nas selvas e montanhas, e passaram a ensinar o que sabiam, mas fragmentando, de uma certa maneira, mais ainda o Kung Fu. Outros que escaparam com vida, recusaram-se a repassar a sua experiência para outros.
E foi através desses mestres, que repassaram seus conhecimentos, que a população civil chinesa teve acesso ao famoso Kung Fu Shaolin, amplamente difundido pelo mundo atual.

História do Kung Fu no Brasil
História do Kung Fu no Brasil (5)

A partir do ano de 1959, desembarcaram no Brasil os primeiros Grão- Mestres chineses vindos de Cantão (província do sul da China e de Hong Kong).

Iniciaram os ensinamentos com muita dificuldade, principalmente devido à língua e à cultura brasileira, primeiramente em casas com aulas particulares, depois em centros comunitários e finalmente abrindo as próprias academias onde a maioria continua até hoje.

Os pioneiros no Brasil foram os Grãos Mestres Wong Sun Keung (Tai Chi Chuan), Chan Kowk Wai (Shaolin do Norte - Bak Siu Lum), e Chiu Ping Lok ( Shaolin do Sul - Fei Hok Phai).
Em 1971, chegou a São Paulo o Mestre Li Wing Kay, representante do Estilo Garra de Águia (Jen Jiao Fan Tzi).

Nos anos 70 também chegou a São Paulo o Mestre Chen Hwa Tong introduzindo no Brasil o Estilo Taisan.(2)

Em 1979, chegou o Mestre Li Hon Kay representante do estilo Hung Gar e Wing Chun.
Em 1980 o estilo Shen She Chuen começa a ser ministrado no Brasil sob supervisão do Mestre Hu Chao Tien o filho do Mestre Hu Shi Wen.

Somente em 1989 foi organizada a primeira entidade para dirigir a Arte Marcial Chinesa no Brasil. Foi a Federação Paulista de Kung Fu. A partir de 1990-1991 surgiram outras federações de Kung Fu (Wushu) tais como as do estado de Minas Gerais, Rio de Janeiro, Goiás, Mato Grosso do Sul e outras.

Em 9 de maio de 1992 foram reunidas todas as federações estaduais para fundar a Confederação Brasileira de Kung Fu.

Hoje existem 23 federações estaduais em todo o Brasil, amparadas pela Confederação Brasileira de Kung fu que está vinculada ao COB (Comitê Olímpico Brasileiro) e à International Wushu Federation com sede na China. Vale a pena ressaltar que a Federação Paulista de Kung Fu, através da Confederação Brasileira, é a representante oficial do Kung Fu do Brasil na China.

Os Diferentes Estilos de Kung Fu
Os Diferentes Estilos de Kung Fu

As artes marciais chinesas subdividem-se em centenas de estilos diferentes; diz-se que só em Hong-Kong, existem mais de 360 estilos de Kung Fu. A existência de vários estilos, tanto no sul quanto ao norte da China, deve-se à situação geográfica do meio ambiente onde se praticam esses estilos.

Os estilos dos praticantes que viviam nas montanhas diferenciam-se dos que viviam em planície, como nos pântanos ou sobre as barcas, nos rios e nas orlas marítimas e em outras regiões da China. E assim, surgiu o conceito ?NAKUEN PATTUI?, que significa: MÃOS NO SUL E PÉS NO NORTE.

Os habitantes das regiões montanhosas (do norte) possuem pernas bastante fortes, habituados aos exercícios no solo acidentado e a subir montanhas, desenvolveram técnicas voltadas para o domínio dos membros inferiores.

Já os habitantes do sul, que vivem sobre as barcas, se especializaram no uso dos membros superiores, por causa da flutuação que exigia o apoio firme das pernas. Os habitantes do sul também desenvolveram os membros superiores, devido ao trabalho nas plantações de arroz, onde eram obrigados a trabalhar com água pelos joelhos, já que o plantio era feito nos terrenos alagados das grandes planícies. Por isso, só lhes restavam os braços para lutar.

Há também as influências religiosas que dividem os estilos do sul e do norte, com os pensamentos confucionista e taoísta, que deu origem às escolas internas (NEI CHIA) e aos templos Budistas (CHAN), que deram origem às escolas externas (WAI CHIA) (2).

Além dessas divisões, a maioria dos estilos de Kung Fu imita os movimentos e a personalidade dos animais, gerando, assim, muitas outras divisões. Alguns dos estilos mais conhecidos no Brasil são:Leão, cegonha, serpente, tigre, leopardo, garça, dragão, shaolin do norte, pak ton long, louva a Deus do norte, garra de águia, wing chun, ving tsun, shaolin chuan, pakua tchang, tai chi chuan yang, tai chi chuan chen, choy lee fat, hung gar, shuai-chiao, jeet kune do.
O Kung Fu e o profissional da saúde:

O que é importante para o profissional da saúde saber é que, dependendo do estilo, algumas lesões tem mais propensão em aparecer neste ou naquele núcleo de treinamento. Por exemplo: Nos estilos do sul, no qual se usa mais técnicas de membro superior, as lesões nesta região do corpo podem aparecer em maior número, já nos estilos do norte, no qual se pratica muitos chutes e chutes com pulo, a propensão de lesões em membros inferiores e coluna lombar é maior. Já em estilos como o do leão e do tigre, em que se usa o vigor físico, que muitas vezes se defende e contra-ataca usando a força muscular pode haver lesões diferentes daquelas presenciadas em estilos considerados mais suaves como o da serpente e o do louva-a-Deus, em que a rapidez, a leveza e as esquivas, por exemplo, são mais enfatizadas. Portanto, é importante para o profissional da saúde não apenas saber que a pessoa pratica Kung Fu, mas sim saber o estilo e quais as principais características de treino do mesmo.


Quem pode praticar
O Kung Fu, em seu estado atual, inclui uma vasta gama de exercícios que podem ser executados com armas ou mãos vazias, com ou sem parceiro, sendo adaptado para todas as faixas etárias, a partir dos 5 anos, contemplando o sexo masculino e o feminino. Há muitos anos esta nobre arte era praticada em regime muito fechado, toda a filosofia e ensinamentos técnicos eram religiosamente reservados às pessoas que tinham entre si laços familiares, sendo treinados em pequenos grupos e em ambientes totalmente secretos.

Só a partir dos anos 60, com maior divulgação através das produções cinematográficas, o Kung Fu foi se tornando mundialmente conhecido. Hoje somam-se milhões de praticantes de Kung Fu espalhados por todo o mundo.(3)

De um praticante de Kung Fu espera-se a prática diligente, estas devem envolver fé, resistência, muitas horas de treino e fidelidade; combinando isso a altos padrões de moral, caráter e disciplina mental. (2,6)

Benefícios para o praticante de Kung Fu
O Kung Fu, como arte de luta e defesa pessoal, é tido como uma das artes marciais mais completas e que oferece distintas habilidades a seu praticante. Através dos KATYS (formas, rotinas), entre outras qualidades, desenvolve no adepto a perseverança, conduta refinada, auto estima e auto disciplina. Quem o pratica há muitos anos afirma que: ?Além de ser uma arte de autodefesa altamente eficiente e aplicável nos dias atuais, é excelente como condicionamento físico, tonifica os tecidos musculares, equilibra o biorritmo dos órgãos internos, estimula de forma generalizada o sistema imunológico do organismo e proporciona bem estar físico e mental a cada praticante, quando este impõe regularidade a seus treinos.(3,6) Dentre as várias modalidades marciais existentes, o Kung Fu é uma das mais procuradas, acredita-se que seja por sua filosofia, disciplina, eficiência como arte de defesa, pela arte e beleza plástica de sua movimentação, percebida facilmente através dos KATYS (formas)? (3) e lutas combinadas (Toy Chao).

Além disso, Douris et al (2004) analisando praticantes de meia idade (40 a 60 anos) de uma arte marcial similar ao Kung Fu, chegou à conclusão que o treino regular aumenta a capacidade aeróbia, o equilíbrio, a flexibilidade e também a resistência e força muscular, quando comparados estes praticantes a sedentários de mesma faixa etária. (7)


Hierarquia
A harmonia que deve existir em um praticante de Kung Fu também deve ter origem na ?escola? de Kung Fu. É ensinado ao discípulo: respeito aos instrutores, respeito ao próximo e à sociedade em que vivem. Em todos os estudantes repousa a responsabilidade no cuidado com o próximo e com a escola (e com o estilo em si). Dessa forma, uma escola de Kung Fu age como uma família. Na tradição chinesa os membros de uma escola são denominados ?irmãos? (si hing).

O mestre é visto neste contexto como ?pai? da escola e recebe mais respeito que um professor. O mestre da escola de Kung Fu é conhecido pelo respeitoso termo ?Si Fu? e não é apenas um professor de artes marciais, mas sim responsável em guiar e agir como exemplo para os discípulos(2). A hierarquia no Kung Fu é um ponto realmente levado a sério, o sentimento de respeito que é ensinado na academia, com o decorrer do tempo de prática, extrapola os limites do tatame e o praticante passa a ter grande respeito por todos que o cercam, porém, ele também adquire a consciência de que o respeito e a educação devem ser mútuos, ou seja, tanto dele para com o próximo como vice-versa.

Disciplina a Favor do Terapeuta
Disciplina das Artes Marciais a Favor do Terapeuta (1)
O Kung Fu incorpora uma profunda filosofia, senso de humanidade e valores sociais. Ele também enfatiza tradição, experiência e conhecimento racional. É por isso que podemos falar sobre a civilização oriental através de suas respectivas artes marciais.

Acredita-se que assim avaliam-se os comportamentos humanos e ajustam-se suas relações com a sociedade, através de conceitos como o que é benéfico e o que é maléfico, justiça e injustiça, parcialidade e igualdade, honestidade e desonestidade.

A palavra combate no seu sentido usual significa violência, guerra e morte. Por este motivo, poucos esportes ou práticas combativas estão associados a valores morais. No entanto, o Wushu tem sido influenciado desde o começo com princípios morais e desenvolveu um código completo de comportamentos.

Os pontos principais da ética no Kung Fu são:

? Respeito pela vida humana;? Ênfase nos princípios morais;? Ênfase na conduta e boas maneiras;? Respeito pelo professor e diligência com o próximo;? Humildade;? Isenção de pensamentos vingativos;
PERSISTÊNCIA E PERSEVERANÇA.

Apesar de todos esses tópicos serem importantes para a prática do Kung Fu, o último é o que mais interessa para os profissionais da área da saúde. Isso porque para praticar artes marciais é necessário dispender muito tempo de treino e árduos esforços. Convicção e perseverança são exigidas, o praticante deve aprender e tentar compreender completamente toda a essência e significado de cada técnica. O verdadeiro Kung Fu só é aprendido através de um trabalho mental e corporal bem sucedidos (4). Assim, um praticante assíduo adquire costumes em seus treinos que acabam sendo extrapolados para sua vida cotidiana.

Portanto, quando um praticante de Kung Fu procura o serviço de reabilitação, podemos nos beneficiar desse tipo de comportamento já intrínseco nele e considerar este um ponto positivo na fase de reabilitação, pois são esperadas a cooperação e persistência do artista marcial com o tratamento, tanto dentro como fora da clínica.


A Questão da Dor
Um ponto a ser considerado no meio das artes marciais em geral é o lado psicológico que a DOR insere nessas pessoas. Para a maioria dos praticantes de artes marciais, a dor muitas vezes é negligenciada e não é parâmetro para o indivíduo parar os seus treinos. Mais do que isso, a dor é um meio que esses indivíduos encontraram para elevar seu estado mental e espiritual, ou seja, é através da superação de situações adversas que se evolui(8). Este é um pensamento que foi adotado junto aos orientais que trouxeram as artes marciais para o Ocidente e, por termos como base do pensamento ocidental a lógica, muitas pessoas aqui em nosso continente não entendem esse tipo de conduta perante a dor.

Adotando essa conduta, muitas vezes, os artistas marciais só procuram um profissional da área de saúde quando a dor é incapacitante. Portanto, é sempre válido reforçar junto a essas pessoas a importância de se procurar um centro de reabilitação antes que os distúrbios alcancem estados críticos ou crônicos. Além disso, deve-se prestar muita atenção quando a dor for seu parâmetro de tratamento, talvez o paciente sentirá dor e tentará continuar a fazer os exercícios sem relatar ao terapeuta que a dor alcançou intensidades maiores que o aceitável para o tratamento.


Vestuário
Vestimenta:
A vestimenta do praticante de Kung Fu varia de estilo para estilo. Mas, geralmente, usa-se uma calça junto com a parte de cima do uniforme (?blusa?) que pode ser tanto de manga longa ou manga curta, ou mesmo camiseta . Já quando o treino é exclusivo de luta, alguns estilos adotam o short e a camiseta.

Mas cada estilo tem sua própria vestimenta que varia desde as cores até a forma dos botões e o tipo de tecido. O importante é que ela seja confortável e não restrinja os movimentos. Sabe-se que na China, as pessoas praticam com a roupa do seu cotidiano, não fazendo qualquer tipo de distinção.

Calçado:
Aqui no Brasil, ainda não existe um padrão. Há aqueles que praticam de tênis, outros que praticam descalços e existem também os que usam um calçado apropriado para Kung Fu.


Estes calçados estão disponíveis no mercado e nada mais são que calçados de sola bem baixa e tecido de couro ou pano, ele não tem nenhuma tecnologia específica, apenas se assemelha ao máximo com a sensação de que se está descalço.

Local de Prática
O Piso

O Kung Fu pode ser praticado em qualquer tipo de piso. Antigamente treinava-se apenas no chão, porém, com a intenção de prevenir as mais variadas formas de lesões, algumas academias já adotaram o uso do tatame na intenção de absorver impactos do corpo humano contra o solo. Lesões essas que poderiam ser ocasionadas por: repetidas aterrisagens de saltos acrobáticos e chutes com salto; treinos de projeções e defesa pessoal em que o oponente cai no chão; combate em que a pessoa cai e bate a região occipital da cabeça no solo. (9)

No entanto, o tatame tem a característica de ceder aos pontos de pressão, ou seja, ele não mantém sua superfície intacta e acaba alterando o seu nível (?afundando?) no lugar em que a pessoa pisa. No treino em tatame, há a possibilidade do indivíduo traumatizar os metatarsos e as falanges quando realiza movimentos giratórios bruscos (chutes giratórios, por exemplo); isso acontece, pois, nestes movimentos, o corpo realiza o giro em cima do pé de apoio e o tatame, por afundar, pode ?segurar? os dedos fixos em sua lona (ou espuma) e, ao invés de o pé inteiro girar, o 4° e 5° dedos podem não acompanhar o movimento e acabam sendo lesados, chegando até mesmo a luxar e/ou fraturar (vídeo 01). Ainda, a predisposição em ocorrer um entorse de tornozelo e joelho parece ser maior, devido à instabilidade que o tatame pode favorecer. Apesar de não podermos desprezar estas lesões de tatame supracitadas, elas não são freqüentes no ambiente de treino.

Ainda assim, o tatame ajuda a prevenir outros tipos de lesão e já é bem-vindo em muitas academias.


Equipamentos
Para praticar Kung Fu alguns equipamentos podem auxiliar no aprendizado, nem todos são essenciais e, dependendo do estilo, são usados mais este ou aquele equipamento. Abaixo, listamos alguns deles:

Saco de pancada:


Utensílio geralmente pendurado no teto, feito de pano ou couro e preenchido com vários materiais como por exemplo: raspa de borracha, areia, retalhos de pano e espuma. Os diferentes materiais proporcionam diferentes densidades. Nele são feitos treinos de chutes, socos, cotoveladas, joelhadas e outros golpes traumáticos. As lesões são por choque direto com o equipamento e quanto mais forte a pessoa bater, maior é a força de reação contra seu corpo. Calosidades na mão, deformidades (espessamentos) das articulações interfalangianas de mãos e pés são comuns; pode haver também escoriação da pele por fricção com o revestimento do saco de pancada, sendo um motivo para se orientar o uso de proteção nas mãos quando for realizar este treino. Quando o praticante não domina bem a técnica e realiza os golpes de maneira incorreta, como por exemplo, não fecha bem a mão ou chuta com o pé ?relaxado?, sem firmeza, ele provavelmente terá lesões articulares, ligamentares e/ou condrais.
Luva de foco:


Feito de couro, revestido com espuma densa e que tem o formato de uma luva para a pessoa colocar a mão atrás. Os exercícios com esse equipamento devem ser feitos em dupla: enquanto um praticante posiciona as luvas de foco, o outro desfere socos contra elas. A pessoa que veste as luvas vai variando a posição delas exigindo, assim, que o atacante varie seus golpes também. A dupla é que dita a intensidade e velocidade dos golpes. (vídeo 02)
Raquete:


É como a luva de foco, porém é usada para treinos de chutes e chutes com saltos. Pode ser usado tanto para um golpe isolado como para chutes em seqüência. (vídeo 03)
Muk Yan Jong:


É um boneco de madeira que representa um adversário. O seu formato favorece o desenvolvimento das aplicações das técnicas de membros superiores e também reforça o trabalho de pés. O Muk Yan Jong é utilizado também de forma semelhante ao saco de pancadas, visando o treinamento de socos de curta distância, ataques com palma e borda ulnar das mãos e chutes. A vantagem sobre o saco de pancadas é a possibilidade de treinar movimentos de defesa.

Armas:

O arsenal no Kung Fu é muito vasto, porém, vale lembrar que cada estilo tem um certo número de armas, ou seja, os estilos não necessariamente manejam as mesmas armas. Algumas são usadas para confrontos a distância, como por exemplo atingir alguém sobre um cavalo, e outras são usadas no confronto mais direto. Existem armas pesadas e outras leves. Suas funções podem ser: bater, estocar, atirar, bloquear, cortar, perfurar, imobilizar etc.
Hoje em dia, para o intuito competitivo, as armas são feitas de material mais leve, porém ainda há os que treinam com armas bem pesadas, na intenção de desenvolver suas habilidades corporais. Exemplos de armas: bastão (Chang Gun),


nunchako de duas partes (Liang Jie Gun),


nunckako de três partes (San Jie gun), tonfa,


facão (Dao),


espada (Jian),


corrente (Bian),


lança (Hua Giang), leque (Zhan Zhi)


e o famoso Guan Dão. Maiores explicações serão dadas no tópico sobre lesões.
Luva:

Feitas geralmente de espuma. Existem as luvas de bater no saco de pancada (luva bate-saco)


que não possuem divisórias para os dedos (do 2° ao 5°) e as luvas de combate, na qual cada dedo é separado por uma divisória de pano ou couro. Existem no mercado vários tipos de luva com densidades diferentes, sendo que cada academia adota o que achar mais conveniente.

Protetor tórax:


Material almofadado usado para proteger o tronco do lutador contra golpes traumáticos. A proteção não abrange a região dorsal. Assim como ocorre com o uso do capacete, quando se usa esse tipo de proteção, o oponente se sente mais confiante em desferir golpes mais violentos, que nem sempre atingem a região onde o colete protege.
Caneleira:


Material almofadado usado para proteger a perna do lutador.
Protetor bucal:

Feito de borracha (mais antigo), silicone ou EVA (etileno acetato de vinila), sendo o último de tecnologia mais avançada que, ao invés de tentar apenas transmitir a força do golpe, ele a dissipa. Existem os protetores de uma arcada dentária (geralmente a superior) e os que abrangem as duas arcadas. Esta proteção não visa apenas proteger os dentes do lutador, como bem esclareceu a matéria do site da federação rio-grandense de pugilismo(11): ?Como resultado de todo esse trabalho, temos que atualmente as finalidades maiores dos modernos protetores bucais são ajudar a evitar lesões cerebrais, lesões das articulações temporo-mandibulares, fraturas da mandíbula e a herniação da coluna cervical. Bem atrás em importância, vem a proteção dos dentes, gengivas e lábios?. E segue-se a explicação: ?As lesões cerebrais e as lesões das ATMs resultam do fato que a força do golpe no queixo faz com que o côndilo da mandíbula colida violentamente na delicada estrutura da fossa glenóide. A gravidade das lesões provocadas por esse trauma resulta do fato que a fossa está na base do cérebro, estando assim muito próxima dos nervos cranianos bem como dos vasos que irrigam o cérebro. Ou seja, um golpe que tenha direção e força capazes de fazer com que o queixo inferior colida na fossa glenóide irá produzir danos neurológicos e circulatórios. O nocaute é provocado por qualquer um desses dois tipos de danos, mas eles também são a causa das concussões e mil e um sintomas menores que podem durar a vida inteira.?. (texto modificado)Em relação à situação sem nenhum protetor bucal, o protetor de uma arcada dentária, ao forçar uma separação maior entre a fossa e o queixo inferior, diminui enormemente o impacto no cérebro e a lesão da articulação. Por sua vez, o protetor que abrange as duas arcadas praticamente anula essas duas lesões, pois consegue manter a separação entre queixo e fossa durante o impacto do soco.


Para os interessados, este trabalho apresenta-se na íntegra na referência bibliográfica citada.
Capacete:

Utilizado para, teoricamente, absorver impactos contra a cabeça do lutador. Existem modelos em que há a opção de se acoplar uma grade de proteção na parte anterior, com a intenção de proteger a face. (foto 019 e 020) A grande reclamação dos usuários é que o capacete (mesmo sem a grade protetora) dificulta a respiração e limita a visão periférica ficando assim mais suscetíveis a golpes que se originam das laterais, como os socos cruzados e os chutes giratórios. (foto 021 e 022). Segundo Rabadi et al (2001), o capacete diminui as lesões na região da face(9) mas a sua eficácia em absorver impactos e evitar traumas cumulativos no cérebro ainda não está comprovada cientificamente e mais estudos são sugeridos pela literatura.(9,12,13)

Fundamentos, Golpes e Principais Lesões
Nota do autor

Devido a pouca literatura científica especializada sobre lesões no Kung Fu, optamos por fazer relações com outras artes marciais que têm golpes em comum e que são melhores estudadas sob o cunho acadêmico-científico.

Usamos de nossa experiência no meio das artes marciais e também tomamos grande cuidado de selecionar apenas a literatura que se encaixa no perfil das atividades do Kung Fu, sem nunca colocar à exmo informações que não fossem compatíveis com a realidade vivenciada pelos praticantes da referida arte marcial. Além disso, alguns tópicos parecem nunca ter sido abordados antes, portanto, usaremos da experiência na área para fazermos comentários pertinentes aos movimentos e suas possíveis lesões e, para elucidar ainda mais as situações, colocamos à disposição vídeos e fotos ilustrativas que podem auxiliar os profissionais da área da saúde no momento do tratamento e na futura profilaxia de possíveis lesões.

Para registrar o material áudio-visual visitamos uma academia de Kung Fu de um determinado estilo, tendo em mente que, apesar de suas diferenças, os muitos estilos de Kung Fu apresentam posturas e movimentos básicos muito semelhantes. Devido a esta enorme diversidade de estilos existentes, não temos a pretensão de contemplar todos os exercícios que existem dentro desta vasta arte marcial, mas tivemos o cuidado de englobar um grande número de técnicas.

Esta gama de diferenças serve de alerta, para o profissional da área da saúde, na questão do conhecimento da atividade física praticada pelo seu paciente, e mostra a importância do diálogo entre este e o fisioterapeuta. Ainda, nos colocamos à disposição para discussões de casos e para soluções de possíveis dúvidas que não foram esclarecidas nesse documento. Damos início então ao texto:

O risco de lesões sérias nas artes marciais é pequeno (16,9 por 100.000) se comparado a outros esportes, como o futebol americano (167 por 100.000), basquete (188 por 100.000), dança (18,8 por 100.000) e ginástica (23 por 100.000).(14) A maioria das lesões relatadas são de natureza leve ou moderadas, consistindo principalmente de entorses, distensões, contusões e lacerações menores.(15) As lesões podem ser subestimadas e, em alguns estudos, chegam a 63% de casos não relatados, conforme observado por Birrer.(16) Esse fato pode ser devido a sentimentos de invulnerabilidade, comuns no âmbito das artes marciais; medo ou ansiedade pela percepção da lesão por parte do treinador; ou confusão na definição de lesão por parte dos entrevistados.(16) Além disso, o autor relatou um aumento do limiar de dor entre os praticantes de artes marciais quando comparados a outros esportes, além da ignorância quanto à gravidade da lesão apresentada, sendo esses também considerados fatores importantes na gênese da subestimação do número e gravidade das lesões nos estudos entre praticantes das modalidades de artes marciais.

Observações importantes a partir de estudos de epidemiologia e revisões das lesões nas artes marciais podem contribuir para o entendimento e prevenção das mesmas: são comuns contusões menores de extremidades tanto superiores como inferiores, particularmente dos dedos.(17,18) As lesões são mais freqüentes entre participantes inexperientes(19) e do sexo masculino. (20,21) O uso de equipamento de proteção reduz o número e a gravidade das lesões.(19,22) O equipamento protege mais quem ataca do que quem se defende (20,23) e falhas em seu uso(22,24,25) são diretamente relacionadas com o aumento do número e gravidade das lesões. As atividades não supervisionadas, ou supervisão médica e técnica falhas conduzem a hábitos inadequados em treinos(24,26) ou em técnicas de ataque, aumentando o número e gravidade das lesões.

Outros trabalhos concordam que lesões decorrentes do uso de armas são raras e, quando ocorrem, são de natureza leve.(27) A incidência e gravidade das lesões foram proporcionalmente maiores nas lutas livres (sem intervenção do técnico e uso de golpes na altura da cabeça) do que em treinos controlados.(27) Nas lutas livres, houve mais lesões na cabeça e pescoço, enquanto, nas atividades controladas, houve mais lesões no tronco e extremidades. Por atividade, 69% das lesões ocorreram na fase de defesa; 23% no ataque e 8% em ambas.

Torneios e competições foram associados a maior incidência e gravidade das lesões do que situações não-competitivas, particularmente na cabeça e pescoço, provavelmente devido à maior agressividade imposta nos golpes, decorrente de sentimentos competitivos. Esses traumas repetitivos na região da cabeça podem levar a disfunções neurológicas e psicossociais.(21,25,28)

Atividades de treino e suas possíveis lesões
QUEDAS (vídeos 04, 05 e 06)

O treino de quedas consiste em educar/aperfeiçoar os movimentos corporais na intenção de desenvolver maneiras menos lesivas de se cair. Existem várias técnicas e elas visam manter a integridade física do lutador. Um lutador que não domina estas técnicas tem maior probabilidade de se machucar durante os treinos e as lutas. Apesar da impressão de ser um treino agressivo e traumatizante, são treinos sem lesões específicas. Um ponto relevante é que as quedas exigem grande esforço dos músculos cervicais e do pescoço, para que a cabeça do praticante não movimente excessivamente quando ocorre o impacto do corpo com o solo e assim não haja colisão daquela com o chão.
DEFESA PESSOAL:

Existem muitas técnicas de defesa pessoal, portanto, citaremos algumas delas e daremos alguns exemplos ilustrativos:

Torções: essas técnicas têm como alvo as articulações e o objetivo é deixá-las em posições extremas, desconfortáveis e traumatizantes. (vídeos 07, 08 e 09,10) A chance de ocorrer lesões origina-se da:

Inexperiência da pessoa que sofre o ataque: ela está desatenta no momento que o golpe será aplicado e, portanto, não se prepara para recebê-lo ou resiste abruptamente à força imprimida quando sua articulação já está em desvantagem;

Imperfeição na técnica: o indivíduo aplica muita força na torção ou na imobilização, não respeitando o limite daquele que recebe o golpe, ocasionando distenções e até rupturas ligamentares, traumas na cartilagem, nas estruturas ósseas, estiramentos capsulares e outros tecidos moles. Apesar disso, Zetaruk et al (2005) indica que práticas como esta tem como lesões mais freqüentes os traumas nas unidades miotendíneas e ligamentares;(29) Freqüência abusiva no número de treinos semanais ou no número de repetições do mesmo exercício em um único treino, estressando as estruturas articulares em questão;
Má orientação técnica.

Tesouras: golpes traumatizantes que atingem diferentes regiões do corpo: podem ser na altura de joelho, quadril e pescoço. As lesões aparecem pelos mesmos motivos das torções. (vídeos 11, 12)

Projeções: são técnicas que visam arremessar o oponente das mais diversas maneiras e, portanto, cada projeção pode resultar em uma lesão peculiar. Assim, daremos alguns exemplos ilustrativos. (vídeos 13,14,15,16) Falando-se no geral, a chance de ocorrer lesões origina-se da:Inexperiência da pessoa que sofre o ataque, ou seja, ela não realiza a queda correta;
A pessoa está desatenta no momento que golpe é aplicado e, portanto, resiste à força imprimida quando seu corpo já está em desvantagem; Freqüência abusiva no número de treinos semanais ou no número de repetições do mesmo exercício em um único treino;

Diferença de idade, sexo, peso e altura entre os parceiros;Falhas técnicas ou má orientação.

Golpes diretos: consiste em treinar golpes traumatizantes diretos (chutes, socos, cotoveladas, joelhadas etc), mas não se atinge o oponente, apenas simulam-se os ataques. Os ataques visam cabeça, garganta, tórax, genitais, joelho e outros pontos estratégicos. (vídeos 17,18)
ESQUIVAS:

Neste treino, a intenção é desviar dos golpes desferidos pelo oponente, golpes estes que podem ser com as mãos, pés, ou com armas. As esquivas exigem agilidade e um refinado controle de quadril e pernas, senso de posição do corpo no espaço, baixo tempo de reação e velocidade no deslocamento do corpo. (vídeos 19,20,21,22)
CHUTES:

Existem várias formas de chutes: chutes frontais(vídeo 23), laterais(vídeo 24), circulares (ascendentes ou descendentes)(vídeo 25), giratórios(vídeo 26), associados a saltos(vídeo 27), que atingem o oponente com o calcanhar, com a tíbia, com o dorso do pé, entre outros.

As técnicas de chutes exigem do corpo muito mais que um bom controle do membro inferior. Para se executar um chute, por mais simples que ele pareça, é necessário um bom acionamento de toda a cadeia cinética do praticante, ele precisa desenvolver um bom equilíbrio (que começa no pé e perna de apoio e é continuado no posicionamento do quadril, coluna, membros superiores e cabeça), sincronia no trabalho de quadril e pernas na intenção de acertar o alvo com força, potência e precisão além da flexibilidade e a preocupação em executar o golpe e voltar em uma posição de guarda para não ser surpreendido por um contra golpe do adversário. Este posicionamento refinado das articulações (principalmente do quadril) é primordial para um chute bem feito.

Os treinos de chutes podem ser realizados atingindo-se alvos (raquete, saco de pancada) ou chutando-se o ar. As lesões no saco de pancadas já foram citadas. Os chutes que não acertam um alvo têm a incidência de lesões por estiramento dos músculos que desaceleram o movimento, ou seja, por mau recrutamento excêntrico, devido à força e velocidade que o praticante imprime no golpe; isso ocorre com maior freqüência no fim dos treinos, quando o praticante já está cansado. Ainda, a chance de esta lesão ocorrer é maior em combates em que o oponente esquiva-se do golpe e a perna do indivíduo não atinge o alvo e acaba continuando o movimento com toda potência, ou seja, ele esperava que sua perna atingisse o oponente e o corpo deste pararia o movimento e, assim, não precisaria dos músculos excêntricos para realizar essa função, mas quando a pessoa esquiva, quem tem que desacelerar o chute é a contração excêntrica dos músculos que não estavam ?preparados? para realizar esta atividade. (vídeo 28)

Não obstante, quando um praticante tenta alcançar um alvo muito alto ou distante, este movimento pode resultar em estiramentos dos músculos posteriores e adutores, principalmente. Isso se deve à falta de flexibilidade ou à indevida preparação e alongamento antes de se realizar as séries de chutes. A fadiga também contribui para as lesões, por isso a importância das pausas durante os exercícios e da periodicidade dos treinos. E, como dito anteriormente, os chutes giratórios podem resultar em lesões meniscais, pois ocorre a rotação do corpo, porém o membro inferior permanece fixo limitado de movimento.
SOCOS E TÉCNICAS DE PUNHO:

Os socos são desferidos em forma de diretos(vídeo 29), cruzados(vídeo 30), ganchos (upper) (vídeo 31) e com o dorso das mãos(vídeo 32). Além disso, o Kung Fu tem a característica de aplicar golpes que imitam alguns animais como: garça, louva-a-Deus, serpente, tigre etc.

Para se executar um soco, é necessário uma ação dinâmica de toda a cintura escapular além da isometria dos músculos de mão e punho, para que o golpe seja efetivo e o atacante não machuque o punho quando este colidir contra seu alvo. Ainda, na hora da colisão, todos os segmentos articulares devem ser estabilizados, para que a energia do golpe seja devidamente transferida para o corpo do oponente, ou seja, é necessário, além de força e potência, um bom recrutamento da ação muscular estabilizadora das articulações de toda a cadeia cinética; e vale a pena ressaltar que, apesar de serem técnicas de soco, utiliza-se também uma refinada ação dinâmica de movimentos circulares de pernas e quadril com a intenção de deixar o golpe mais eficiente, sendo necessário, portanto, domínio de todo corpo.

As lesões em treinos com saco de pancada já foram esclarecidas e o raciocínio das lesões em treinos de soco livre, seguem o mesmo raciocínio dos chutes livres; sendo que Benno e Andreoli (2003) citam que episódios de socos que não alcançam seu adversário durante a luta (soco no ar) podem acarretar em subluxação ou luxação glenoumeral.(30)

Já nas técnicas especiais(dos animais), por serem mais realizadas nos katys, não há o contato vigoroso contra um corpo rígido e assim as lesões são raras e devem-se mais pelas posturas extremas dos ombros, punhos e dedos.
KATY (rotina ou TAO LU) (1):

As rotinas de mão livre (sem armas) são movimentos coordenados, seqüenciados e pré-determinados que desenvolvem técnicas de luta como chutar, socar, imobilizar e arremessar, sendo úteis como técnicas de ataque ou defesa.

Elas foram elaboradas de forma a desenvolver fisicamente as diferentes partes do corpo humano. Existem muitas rotinas e elas compreendem várias movimentações e posições estáticas, movimentos de avançar e recuar, movimentos lentos e explosivos.

Alguns Katys contém muitos movimentos, outros não; alguns são agressivos e usam força física, outros são calmos e transmitem paz; alguns enfatizam agilidade e velocidade enquanto outros focam a variedade e mudança de movimentos, alguns destacam o lado artístico e a plasticidade do corpo humano, já outros a objetividade e simplicidade.

No entanto, a maioria dos TAO LU se preocupam com a continuidade e fluidez dos movimentos, com a variação de ritmo, com golpes ágeis e precisos.

Para se executar bem um katy, é necessária uma ação conjunta das diferentes partes do corpo humano: os ouvidos, os olhos, mãos, pés etc devem estar em pleno sincronismo. Os praticantes devem deixar a mente liderar o corpo, deixar o fluxo interno de ar gerar as forças externas, alcançando assim a unidade entre o mental, o fluxo interno e os movimentos do corpo.
Cada estilo de Kung Fu tem seus katys específicos, os quais são considerados a ?marca registrada?, a ?identidade? do estilo de Kung Fu que o executa, sendo assim um dos treinos que difere uma escola da outra. (vídeo 33,34)
- KATY DE ARMAS:

É recomendado que as armas sejam manejadas quando o praticante já tenha uma certa experiência no Kung Fu. Porque, assim, ele já terá um certo domínio de seu corpo e a chance de ele se machucar, ou machucar um companheiro de treino, manejando uma arma será bem menor. A arma é considerada uma extensão do corpo do praticante e, por isso, exige deste maior coordenação, imagem corporal, concentração, senso de tempo e espaço, equilíbrio e perícia. As armas podem ser manejadas unilateralmente ou com o uso de ambos membros superiores, dependendo da arma. Seus movimentos exigem ampla mobilidade das articulações do membro superior (punho, cotovelo, cintura escapular) e contração isométrica para empunhar a arma. Os movimentos são soltos, livres, porém firmes; além disso, são bem diversificados, o que exige um apurado controle muscular e perfeito arranjo articular. (vídeo 35,36,37,38,39).

Consultando um artigo recente, Zetaruk et al, 2005, afirma que há um risco muito pequeno de haver lesões no manejo de armas na prática do Kung Fu. (29)
- TOY CHAO:

Mais conhecido como luta combinada, é uma forma de treinar as técnicas de combate de uma maneira organizada. Os praticantes realizam uma luta previamente coreografada, ou seja, eles já sabem os movimentos que devem realizar. As lutas podem ser entre duas ou mais pessoas e são realizadas com e sem armas. (vídeo 40,41)
ACROBACIAS:

São responsáveis pela plasticidade das apresentações de Kung Fu, seus princípios não diferem das acrobacias realizadas na ginástica olímpica ou na capoeira, por exemplo. Ainda nesse tópico existem os rolamentos (para frente e para trás) (Vídeo 42) e os saltos em altura e distância. (vídeo 43)
QUEBRAMENTOS:

São feitos com tábuas de madeira, telhas, blocos de gelo entre outros materiais. As técnicas de quebramento são realizadas com várias partes da mão, com o pé, com a perna, com o cotovelo, antebraço e até com a cabeça.

As lesões estudadas foram principalmente nas mãos, com casos descritos de neuropraxias pelo trauma direto repetido(31) e fraturas e luxações de dedos e metacarpianos, apesar de estudos mostrarem que as mãos de praticantes dessas modalidades não estão predispostas à artrose precoce e tendinites de mãos e punhos.(32)
COMBATE:


Os combates podem ser de contato leve (light contact), semi-contato ou contato total (full-contact), sendo que dentre eles variam algumas regras e o nível de agressividade. As lutas competitivas de full-contact, o propósito é desferir os golpes com força e potência máxima, sendo a vitória decidida por pontos ou por nocaute e, dependendo da federação que organizou a competição, usa-se as proteções de cabeça, mãos, pernas, tórax e genitais, além do protetor bucal.

Já as lutas denominadas light contact são decididas exclusivamente por pontos e o praticante não pode fazer o outro adversário sangrar e nem feri-lo demasiadamente e os itens de proteção não são obrigatórios em todos os campeonatos. Por ser decidida em pontos, neste tipo de luta, destacam-se os lutadores que desferem os golpes com maior velocidade e controle da intensidade dos seus chutes e socos, já que a intenção desse embate é acertar o oponente, porém não feri-lo em demasia, não sendo a força do golpe o fator de maior importância.
Esses são alguns fatores das competições em geral, sendo que, cada campeonato tem suas regras próprias, com algumas variações, assim, deve-se consultar a federação que o paciente participa para se obter maiores informações da categoria de luta que ele compete. As diferenças residem nos fatores: divisão por idade, peso e nível de treinamento (iniciante, avançado); uso obrigatório dos equipamentos de proteção, regiões do corpo que o oponente pode ser atingido, decisão da luta por nocaute ou por pontos, tempo efetivo do round e tempo de descanso entre os rounds, etc.

Dividimos em três tópicos os achados sobre lesões em combate:

Lesões por região corporal

Estas lesões são presenciadas nas competições de luta, principalmente, nos combates estilo full-contact:

Cabeça e pescoço: As lesões mais comuns são lacerações, abrasões, sangramentos nasais e contusões oculares. Fraturas podem ocorrer pelo trauma direto, principalmente as nasais e zigomáticas. As lesões na cabeça são potencialmente sérias, principalmente quando ocorre trauma no peito, que arremessa o participante de costas e ocorre a colisão da região occipital contra uma parede ou o chão. Outros tipos de golpes que levam a lesões sérias são os giratórios e contra o dorso do pescoço, podendo levar a fraturas cranianas com depressão e deslocamentos cervicais, respectivamente.(13)

Koh et al, 2004, além de evidenciarem o perigo dos traumas cumulativos na cabeça, também relatam em seu estudo que praticantes com uma apurada técnica de bloqueio de golpes estão menos sujeitos a sofrer este tipo de lesão, embasando, assim, a importância de treinos específicos de bloqueios e esquivas.(12)

Lesões no tronco: A lesão abdominal mais comumente observada é a causada por trauma na região do plexo solar, próximo ao plexo celíaco, que produz dificuldade respiratória transitória, com recuperação espontânea entre 20 e 40 segundos.(33) Fraturas de costelas por trauma direto contra o tórax são descritas, podendo ocorrer conseqüências como o pneumotórax. Os pulmões podem ser atingidos por golpes diretos, socos e chutes, causando sua ruptura. O fígado, baço e rins são vulneráveis a chutes giratórios, sendo o pâncreas um sítio comum de lesão por trauma direto.(13) Berkovich et al (2001) relatou também um caso em que um praticante adulto do sexo masculino apresentou quadro de dor abdominal esquerda, náusea e vômitos uma semana depois de ser atingido por um golpe na região do tronco. Uma investigação mais apurada indicou trombose de uma veia renal. Após os devidos cuidados médicos e tempo de recuperação adequado, o paciente apresenta-se assintomático.(34) Por fim, Wajchenberg et al (2003) afirmam que atividades físicas que envolvem saltos, movimentos de rotação repetitiva, extensão ou flexão acentuadas, como o judô e as lutas, têm maior incidência de espondilólise e, ainda, esta lesão são duas vezes maiores no sexo masculino. (35)

Lesões nos membros: as mãos e os pés, que são as armas de ataque são freqüentemente lesionados durante a realização dos golpes. Muitos competidores desferem golpes repetidos contra determinadas regiões dos membros, como a coxa ou perna podendo levar a contusões graves e até fraturas. Luxações de dedos podem ocorrer no bloqueio de chutes e socos. Os chutes giratórios altos podem ser bloqueados com o braço, ocasionando contusões do nervo radial, com neuropraxia e punho caído.(13) Deshmukh e Shah (2003) relataram um estudo de caso em que uma atleta, 19 anos, lutadora de Tae Kwon Do, sofreu fratura bilateral das cabeças dos rádios após bloquear um chute com suas mãos cruzadas e os cotovelos estendidos. A lesão foi classificada como fratura radial grau I de Maison e após 3 meses de reabilitação intensiva ela já havia recuperado sua antiga performance.(36)

Ainda, chutes baixos contra pernas e coxas podem levar a sérias contusões musculares. Lesões no joelho podem ocorrer, sendo as mais comumente relatadas as de menisco em chutes giratórios.(13)
PREVENÇÃO

A prevenção pode ser alcançada com um programa educativo dirigido às pessoas envolvidas com a arte marcial, esclarecendo as potenciais conseqüências dos chutes e socos para o organismo.

Especificamente para a modalidade de luta com contato total (full-contact), Oler et al(38) sugeriram para a prevenção de lesões:

? Mudança nas regras que promovem ou permitem contato violento com a cabeça. Recomendaram que nenhum contato deveria ser permitido com a cabeça de crianças e apenas contato restrito com a cabeça de adultos experientes;? Técnicas de treinamento adequadas, incluindo a proibição de lutas (contato total) pelos pouco experientes e prática adequadas dos fundamentos do esporte antes da prática livre;? Equipamento de segurança adequado, a partir de estudos bem estruturados;? Supervisão médica adequada, conforme recomendou McLatchie(26), apesar de se verem poucos médicos familiarizados com as várias facetas da cena de lutas;? Pesquisa adequada sobre a patogênese e prevenção de lesões, promovendo embasamento para os itens anteriores.
Equipamento protetor:

Em um estudo sobre os efeitos da utilização de equipamento protetor no esporte, realizado em 1977, Mc Latchie e Morris(33) constataram que o uso de equipamento protetor para punhos, braços, pés e peito, assim como o uso de capacete, reduziu a incidência de lesões de uma em quatro lutas(19) para uma em vinte e duas lutas.

Em um estudo de 1988, Johansen e Noerregaard(37) encontraram a mesma incidência de lesões em competições em que a luva era obrigatória e naquelas em que essa não era utilizada (0,26 e 0,25 lesões por luta, respectivamente). Em seu estudo, lesões na cabeça, face e pescoço constituíram a maioria. A diferença não foi estatisticamente significante, mas houve mais lesões na cabeça e pescoço nas competições em que eram utilizadas as luvas de proteção. Estatisticamente significante foi a redução da gravidade das lesões, tanto na região da cabeça como nas mãos e dedos, além da redução do número de lesões que necessitaram de tratamento médico. A explicação dos autores para o aumento do número absoluto de lesões foi o excesso de confiança dos participantes de que a luva protegeria o adversário contra lesões, diminuindo as evidências externas de trauma, em caso de contato acidental, e por isso imprimindo maior força aos golpes.

Em estudo mais recente, Rabaldi et al (2001), na intenção de abrandar a intensidade dos traumas na região da cabeça do defensor, sugere o uso de proteção para as mãos e pés da pessoa que desfere os golpes.(9)

Como Eu Trato
Distensões musculares de isquiotibiais em praticantes de Kung Fu

1- Distensão muscular:
A distensão muscular é a lesão mais comum dos músculos isquiotibiais e elas consistem de lesão do músculo, tendão, junção musculotendinosa ou fixação do tendão no osso. De uma forma geral, ela pode resultar de desequilíbrio muscular entre o quadríceps e os isquiotibiais, flexibilidade precária, estiramento excessivo, contração muscular violenta contra uma grande resistência, idiossincrasias da inervação, discrepâncias nos comprimentos dos membros, preparação precária antes do desporto, lesão prévia(1,2,3) e exercícios com contração excêntrica, particularmente em músculos não treinados(4,5). Porém, quando as lesões musculares ocorrem durante um treino de Kung Fu, podemos suspeitar que estas aconteceram, principalmente, devido às fortes contrações excêntricas que os praticantes desempenham durante um chute potente e também quando o lutador almeja um alvo muito alto ou distante do seu corpo, ultrapassando, assim, os limites de sua flexibilidade.
Quanto ao tempo de recuperação, este pode levar de alguns dias a alguns meses, dependendo da gravidade da lesão(1).

2- Danos provocados pelas distensões musculares (5,6)

Alguns pontos em relação à estrutura e ao comportamento dos músculos precisam ser levados em conta quando estamos frente a uma lesão muscular:
- As lesões diminuem a capacidade de contração muscular devido à degradação protéica;- As lesões diminuem a capacidade de relaxamento e alongamento por ocasionar espasmos musculares;- As lesões provocam dor muscular tardia, rigidez e desconforto;- As lesões do sistema muscular podem afetar a propriocepção neuromuscular de uma área, produzindo danos funcionais em vez de danos estruturais. A estrutura pode estar intacta quando observada por meio de uma avaliação estática, mas provavelmente com disfunção nos movimentos.

3- como eu trato:

Cada autor segue uma linha de raciocínio para tratar as lesões musculares de isquiotibiais, geralmente, sua conduta segue as fases da inflamação e cicatrização tecidual. Optamos por seguir as fases do protocolo de Clanton et al (1998) exposto no artigo de PETERSEN et al (2005)(1) pois este protocolo foi estruturado e publicado na intenção de tratar ESTIRAMENTOS DE ISQUIOTIBIAIS. O tratamento é classificado em diferentes fases de acordo com o tempo desde a lesão e algumas diferenças na duração de cada fase devem ocorrer de acordo com a severidade da lesão de seu atleta.

FASE AGUDA (1 a 7 dias):

O objetivo nesta fase é controlar a hemorragia, diminuir os sinais inflamatórios e a dor.

Exercícios de contração muscular

Isotônicos ativos livres de flexores, adutores e abdutores de quadril e de musculatura de pé e tornozelo desde que não haja dor no sítio da lesão. Objetivo é manter as musculaturas adjacentes em bom estado e manter as ADMs articulares até a recuperação da lesão.

Alongamentos
Alongamentos de isquiotibiais em intensidade leve, fora doü arco doloroso. Objetivo é diminuir os espasmos musculares e orientar as fibras do tecido em formação(7). Alongamentos dos outros grupos musculares dos MMII no limite da sua flexibilidade.ü
Outros Eletroterapia: intenção de diminuição de espasmos musculares e analgesia(8,9).Ø Ultra-somØ pulsado: aumenta a difusão de cálcio através da membrana celular e também causa vasoconstrição das pequenas arteríolas, reduzindo o fluxo local de sangue(10). Crioterapia com elevação e compressão do membro afetado(11).Ø
Orientações para casa Crioterapia com elevação e compressão do membro afetado de 2 em 2 horas.ü Manter membro elevado a 25 cm do nível do coração(11).ü Faixa elástica compressiva envolvendo a região da lesão durante todo o tempo.ü Manter fortalecimento de musculatura de tronco e membros superiores na academia.ü
FASE SUBAGUDA (de 3 dias a mais de 3 semanas):

Esta fase começa quando os sinais da inflamação cessam e o objetivo é evitar a atrofia e promover adequada regeneração muscular.

Exercícios de contração muscular
Isométricos de extensores de quadril e flexores de joelho, contrações de intensidade leve no limite da dor. O objetivo é manter o estímulo de geração de força muscular em níveis seguros para o músculo e também orientar as fibras do tecido formado para que este não se instale de forma desorganizada.
Isotônicos resistidos de flexores, adutores e abdutores de quadril e de musculatura de pé e tornozelo desde que não haja dor no sítio da lesão. Objetivo é manter as musculaturas adjacentes em bom estado até a recuperação da lesão.

Alongamentos
Alongamentos de isquiotibiais para orientar as fibras do tecido formado para que este não se instale de forma desorganizada(7).
Alongamento de todos os outros grupos musculares do membroü inferior e, uma vez sem dor, o objetivo é ganhar flexibilidade destes músculos.
Treino sensório motor Apoio unipodálico no chão, progredindo para uma superfície instável.ü Treinoü de posturas estáticas básicas do Kung-Fu, como a posição do cavalo, arco-e-flecha, do dragão etc. Estas também progridem de uma superfície estável para uma instável.

Outros
Bicicleta ergométrica e caminhadas.ü
Orientações para casa Alongamentos de baixa intensidade.ü Paciente pode realizar os exercícios proprioceptivos sobre um colchão no chão, simulando uma superfície instável.ü Manter fortalecimento de musculatura de tronco e membros superiores na academia.ü
FASE DE REMODELAÇÃO (1 a 6 semanas):
As fibras de colágeno devem ser realinhadas de acordo com as pressões elásticas e as distensões que incidem sobre elas durante exercícios funcionais específicos do esporte. No início do tratamento, é benéfico para o processo de cicatrização aplicar alguma modalidade de calor. As modalidades de calor profundo, ultra-som ou as diatermias devem ser usadas para aumentar a circulação dos tecidos mais profundos(12).

Exercícios de contração muscular

Facilitação Neuromuscular Proprioceptiva (FNP). O objetivo é readquirir o sinergismo da musculatura do membro lesionado.ü Exercícioü de contração concêntrica para o músculo lesado: contração unilateral com carga baixa e subjetiva, esta é mensurada subjetivamente, pois estamos trabalhando com um músculo lesado ou recém-cicatrizado e expô-lo a um teste de carga máxima seria arriscado. O raciocínio de treinamento segue a seguinte seqüência: trabalho de resistência muscular por 3 a 4 semanas; após essa data, ganho de força muscular com cargas progressivas. A próxima etapa é o treinamento de potência muscular. Exercícios pliométricos: devido à alta exigência deü esforço e coordenação muscular, os exercícios pliométricos devem ser começados quando o paciente apresentar bom desempenho nos treinos de potência muscular. Treino da ação excêntrica dos músculosü posteriores do membro inferior e adutores de quadril. Devido ao potencial lesivo de um treino em contração excêntrica, este deve começar após algumas sessões de um treino puramente em contrações concêntricas, assim, evitamos causar uma nova lesão em um tecido que talvez não esteja totalmente regenerado(1). A função do exercício excêntrico é simular a ação que o músculo desempenha durante as suas atividades mais lesivas. Concomitantemente, fazemos o trabalho deü preparação dos outros grupos musculares do membro inferior. A intenção é não perder massa muscular e o raciocínio de treinamento segue a seguinte seqüência: trabalho de resistência muscular por 3 a 4 semanas; após essa data, ganho de força muscular começando com 60% a 70% da força máxima do músculo em questão (mensurado através de um teste de carga máxima) alcançando até 90% da força máxima estipulada neste teste. Então começamos o treinamento de potência muscular.
Alongamentos Objetivando flexibilidadeü
Treino sensório motor

Simulação de chutes, sobre base instável, começando com movimentos lentos e progredindo para golpes com maior velocidade.ü Treino de posturas estáticas básicas do Kung-Fu em uma superfície instável e simulando gesto do chute.ü Treino de chutes giratórios em solo estável com a perna lesada hora executando o chute, hora como perna de apoio.ü
Outros
Exercícios de agilidade e estabilização pélvica. Segundo Sherryü & Best, 2004(13), é sugerido que o controle neuromuscular da região lombopélvica é necessária para uma função ótima dos isquiotibiais durante sprints e movimentos de habilidade e alta velocidade. Os autores também sugerem que estes exercícios são efetivos na prevenção de recidivas de estiramentos de isquiotibiais. Os exercícios estão explicados no artigo disponível por este site. Trabalho de resistência aeróbia.ü
Orientações
Treinar na academia atividades que não exijam muito daü musculatura lesada. Exemplos de algumas atividades liberadas: manejo de armas, treino de socos e defesa pessoal.
FASE FUNCIONAL (2 semanas a 3 meses):
O objetivo é voltar gradativamente ao esporte evitando assim as recidivas. Vale a pena ressaltar que voltar às atividades pré-lesão antes desta fase, há grande possibilidade de ocorrer recidivas ou lesões mais severas.
Exercícios de contração muscular
Manutenção dos exercícios de potência muscular e pliometria;Ø TreinoØ intenso de atividade excêntrica dos isquiotibiais. Estes exercícios podem ser realizados com resistência de elásticos fixos em um espaldar ou com resistência do terapeuta: o paciente em decúbito ventral tem que desacelerar a ação do terapeuta que está estendendo seu joelho, a intensidade é comandada pelo terapeuta. Uma maneira de treinar o tempo de resposta desta musculatura é o terapeuta estender o joelho do paciente e, ao comando de voz do fisioterapeuta, o atleta tem que frear o movimento abruptamente e, em cada repetição, pode-se variar o ângulo que se pede a contração.
Alongamentos Com a intenção de ganhar flexibilidade e tambémØ treinar o gesto do chute, os alongamentos balísticos devem ser introduzidos porém, os alongamentos estáticos devem ser mantidos.

Gestos de Kung-Fu
Treino de chutes com alta velocidade em diferentes alturas, estes devem ser desferidos sem atingir um alvo (no ar), pois assim a musculatura excêntrica é recrutada na intenção de desacelerar o movimento.
Treino de chutes associados com saltos quando o estilo do praticante possui esta modalidade. A complexidade do gesto exige maior domínio corporal e precisa ser inserida de maneira cautelosa.
Treino de chutes em alvos (raquete) com o terapeuta variando as alturas e pedindo chutes diversificados. Sugestão: chutes giratórios, chutes frontais, chutes laterais e chutes com saltos.

Outros
Manutenção dos exercícios de agilidade e estabilização pélvica.

Orientações
Retorno gradativo aos treinos de chute, só podendoü participar de combates com a permissão do fisioterapeuta, já que é nesta atividade que as lesões são mais freqüentes.
CRITÉRIOS DE RETORNO AO ESPORTE:

O praticante deve contemplar os seguintes pré-requisitos:
Não apresentar queixa de dor ou desconforto ao realizar os exercícios de chute na clínica;ü Apresentar flexibilidade dos grupamentos musculares de membro inferior;ü Estarü dentro dos padrões esperados de força muscular quando comparada a força do quadríceps com a força dos isquiotibiais (recomendada avaliação isocinética); Conseguir executar os chutes com potência, precisão de alvo e sem compensações de tronco e quadril;ü Possuir boa condição cardio-respiratória e resistência muscular, pois a fadiga é um dos predisponentes à lesão.ü
4. Medidas profiláticas (1)

A profilaxia é a melhor alternativa para os atletas de qualquer esporte, evitando-se lesões os atletas não perdem dias de treino nem competições, não passam por episódios de traumas físicos e psicológicos que uma lesão acarreta e também evitam gastos financeiros com remédios e atendimentos de reabilitação. Segundo Petersen (2005), alguns itens devem ser contemplados para se prevenir lesões:

FLEXIBILIDADE:Ø
Estudos com militares e jogadores profissionais de futebol mostraram que treinos regulares de flexibilidade foram importantes na prevenção de lesões musculares, além disso, os indivíduos que realizam mais séries de alongamentos têm menor chance de lesão por estiramento.
Ainda, no estudo de Witvrouw et al(2004)(14), estes concluíram que esportes cuja demanda de potência muscular é alta requerem uma unidade músculo-tendínea que consiga armazenar e liberar grande quantidade de energia elástica e a flexibilidade proporciona isso, evitando, assim, um acúmulo de energia no tecido que acarretaria na lesão.

FORÇA:Ø
Em um estudo com jogadores profissionais de futebol, estes foram separados em dois grupos, um grupo controle e outro grupo que participou de um treinamento pré-temporada. Enquanto o grupo controle realizava apenas fortalecimento concêntrico, os outros atletas treinaram fortalecimento em contrações concêntricas e excêntricas e os resultados mostraram que estes evoluíram com menos lesões durante a temporada além de aumentarem a velocidade máxima de suas corridas.

PREPARAÇÃO (AQUECIMENTO):Ø
Um estudo laboratorial com animais mostrou que aqueles que participaram de um trabalho de preparação alcançaram maiores alongamentos antes de romper as fibras musculares, foi necessário mais força para romper estes músculos e exigiu-se menos força para atingir o mesmo alongamento. Com estes resultados, deduz-se que a preparação é importante na prevenção de lesões musculares.

FADIGA:Ø
Apesar de haver poucos estudos sobre fadiga e prevenção de lesões nos esportes, um estudo com jogadores de futebol americano constatou que a maioria das lesões de posteriores de coxa ocorriam nos minutos finais de cada período de jogo, sugerindo, assim, lesões por fadiga. Ainda, em outro estudo, sugeriu-se que músculos fadigados absorvem menos energia antes de atingirem o grau de alongamento que causa lesão muscular.

5.Recidivas em estiramentos musculares

Hoje em dia, além das lesões primárias, as recidivas de lesões musculares é um fator que merece atenção do fisioterapeuta, pois, além de frustrante para o atleta, é algo muito comum no meio esportivo(1,6,13,15), portanto, nenhuma fase da reabilitação deve ser ignorada e as medidas profiláticas explanadas anteriormente devem ser incorporadas no cotidiano do treinamento de seu praticante. As possíveis recidivas podem ocorrer no mesmo sítio de lesão, em outros segmentos do mesmo músculo ou ainda em grupamentos musculares adjacentes. Alguns autores também alertam para as evidências de que uma lesão mal curada pode levar a lesões mais sérias incapacitando ainda mais seu paciente.
Segundo Orchard(6), o período de maior risco de recidiva parece ser nas primeiras semanas de retorno ao esporte, porém ele alerta que este risco se estende por várias semanas e o profissional da saúde deve estar sempre atento. Ele explica que, apesar de clinicamente o paciente estar assintomático ainda há um processo de regeneração muscular instalado, ou seja, o atleta tem a sensação de estar 100% curado quando, na verdade, seu músculo ainda passa por um processo de recuperação. Orchard cita alguns fatores que contribuem para recidivas:

Diminuição da força tênsil do tecido cicatricial da última lesão;Ø Redução da força muscular em outros sítios devido à atrofia por desuso, por limitação pela dor e/ou por inibição reflexa;Ø Perda da flexibilidade na unidade miotendínea devido à inibição ou ao tecido fibroso;Ø Adaptações biomecânicas e mudanças de padrões motores dos gestos esportivos devido à antiga lesão.Ø

Um comentário:

  1. Esse texto é um manual para todo praticante. Conteúdo excelente, abrangente em todos os sentidos.
    Parabéns e obrigado

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