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Araraquara, São Paulo, Brazil
Graduado em Fisioterapia pela Universidade Paulista. Especialização em Quiropraxia pela ANAFIQ- Associação Nacional de Fisioterapia em Quiropraxia. Pós Graduação em Fisioterapia Ortopédica e Desportiva pela Universidade Cidade de São Paulo- UNICID Coordenador do Grupo de Estudos em Postura de Araraquara. –GEP Membro da Associação Nacional de Fisioterapia em Quiropraxia- ANAFIQ/ Membro da Associação Brasileira de Fisioterapia Manipulativa- ABRAFIM/ Membro da Associação Brasileira de Pesquisa em Podoposturologia –ABPQ PODO/ Formação em RPG, SGA, Estabilização Segmentar Lombar e Cervical, Pilates, Podoposturologia, Quiropraxia,Reabilitação Funcional, Kinesyo Tape ,Dry Needling,Mobilização Neurodinâmica, Técnica de Flexão-Distração para Hérnias Lombares e Cervicais. Formação no Método Glide de Terapia Manual. Atualização nas Disfunções de Ombro, Quadril , Joelho e Coluna ( HÉRNIAS DISCAIS LOMBARES E CERVICAIS). ÁREA DE ATUAÇÃO: Diagnóstico cinético-funcional e reabilitação das disfunções musculoesqueléticas decorrentes das desordens da coluna vertebral. AGENDAMENTO DE CONSULTAS PELO TELEFONE 16 3472-2592

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terça-feira, 20 de outubro de 2009

Lesões no Hugbi

HUGBI
História no Mundo
Desde a Grécia antiga já se conheciam jogos coletivos com bola ou balões e há milênios esses jogos eram praticados na Rússia, China e Egito. O verdadeiro ancestral do rúgbi talvez seja um jogo praticado por romanos com o nome de “harpastum” (do grego: pegar, guardar). Na França, é a “Soule” que ficou conhecida como ancestral. Praticada principalmente na Normandia, consistia em carregar até um alvo um balão de couro enquanto outra equipe tentava impedir, mas, a partir desses dados, concluir que a Soule é a verdadeira mãe do rugby tem uma grande distância.
O que é mais aceito hoje em dia é que o rúgbi nasceu numa escola publica inglesa, chamada Rugby, em 1823 durante uma partida de futebol. O aluno, William Webb Wellis, cansado de correr atrás de uma bola que ele não conseguia dominar com os pés, a pegou do chão e correu até o gol adversário para marcar o ponto. A idéia deve ter agradado a todos, professores e colegas, pois o esporte se difundiu e existe até hoje.

A partir da segunda metade do século XIX duas tendências se formaram: uma a favor do “dribbling code” – que gerou o futebol da bola redonda e em 1863 a Foot Ball Association, e outra a favor do “hanging code” – levando ao Rugby-Foot Ball Union em 1871.
Os próximos 25 anos foram decisivos para a formação do rugby:
- o número de jogadores diminuiu de 30 para 15 (1876 – 1877);- a bola coberta de borracha surgiu em 1892;- o sistema de arbitragem foi instalado (1885);- se estabeleceu a formação de uma equipe: 8 fowards (avantes), 2 halfs (meias), 5 backs (linhas) em 1894;- a International Rugby Board (IRB) foi criada em 1890 e- o sistema de pontuação foi criado em 1905, mas passou por mudanças: em 1948, o drop passou de 4 para 3 pontos e em 1971 o try que valia 3, aumentou para 4 e hoje vale 5 pontos.
Posteriormente foi levado para a Escócia, Irlanda, continente europeu (notadamente para a França) e navegou rumo às colônias do Império Britânico: Austrália, África do Sul, Nova Zelândia, Canadá e Estados Unidos da América. Neste último, fundiram-se, numa volta ao passado, o Rugby e o Association, sendo criado o Futebol Americano. Apesar de possuir características do rúgbi, não pode ser com ele confundido, pois as regras são bastante diferentes.
Nestes países citados acima, o rugby se desenvolveu bastante e formou uma tradição, nascendo as grandes potencias do esporte. “A Nova Zelândia é o Reino do Rúgbi”, diz Serge Collinet em seu livro “Le Rugby”. Sua desenvoltura no rugby mundial comprova isso e mostra o valor que o esporte tem para o país. De origem agrícola, a maior parte da população sempre foi trabalhadora braçal, desenvolvendo fortes jogadores que deram a característica do jogo neo zelandes: o vigor físico.
Um exemplo contrário de destaque no mundo do rúgbi é a França, que possui um jogo muito mais aberto, com muito mais “jogadas de mão”. Mas a cada dia que passa, o rúgbi se desenvolve e exige muito mais de seus praticantes. Hoje em dia não existe o bom jogador que é apenas enorme fisicamente, ou menor, mas muito rápido.
Existe ainda uma variante do rúgbi tradicional (Rugby Union) chamada de Rugby League. Essa forma é praticada apenas nos paises Britânicos e na Austrália e Nova Zelândia, tem algumas diferenças como a não existência de rucks e formas diferentes de contato que deixam a modalidade mais perigosa, sendo talvez este o fator que impediu uma maior difusão da modalidade. Neste texto falaremos do Rugby Union, mais praticado no mundo e voltaremos a falar do rugby league na sessão de lesões.
O rúgbi é um esporte que exalta todas as características do homem, tanto física como psicologicamente. Envolve muito o bom caráter do indivíduo, respeito pelo companheiro e pelo adversário. Existe um ditado clássico de autor desconhecido que diz: “O futebol é um esporte de cavalheiros jogado por cavalos, enquanto o rugby é um esporte de cavalos jogado por cavalheiros”.
Isso fundamenta o espírito do rúgbi, que é uma doutrina para seus praticantes. Prega-se que o esporte é praticado por um grupo de trinta pessoas, que somente no momento do jogo divide-se em dois grupos de quinze. Portanto, fora do campo, não há lugar para rivalidades e atitudes anti-esportivas. Prova disso é que após as partidas, os jogadores tradicionalmente reúnem-se no chamado "terceiro tempo", confraternização que o time da casa organiza e custeia e todos socializam, cantam e comentam os principais lances da partida.
Os principais torneios internacionais que acontecem hoje em dia são: o Torneio das Seis Nações, disputado por França, Escócia, País de Gales, Irlanda, Itália e Inglaterra; o Três Nações (Austrália, Nova Zelândia e África do sul) e a Copa de Mundo (hoje o segundo evento mais assistido no mundo) que possui uma curta história, resumida adiante.

Copas do Mundo: Apesar do rúgbi ser considerado oficialmente um esporte desde 1823, a primeira copa do mundo aconteceu somente em 1987. Para que isso se tornasse uma realidade, em 1985 houve uma reunião da IRB para que seus membros decidissem através do voto a realização ou não do torneio internacional. Dentre os 6 membros do conselho, 3 eram a favor (Austrália, Nova Zelândia e Franca) e 2 contra (Irlanda e Inglaterra). O sexto membro era a África do Sul, que mesmo sabendo que não poderia participar devido ao boicote internacional por motivos políticos, possibilitou a realização ao dar seu voto a favor de uma copa do mundo.
A primeira copa que foi sediada na Austrália e Nova Zelândia, em 1987, contou com 16 seleções, no entanto, apenas três equipes realmente tinham chances de conquistar o troféu: França (campeã da Europa), Austrália e Nova Zelândia.Os franceses derrotaram os australianos na mais disputada partida do torneio, mas perderam a final para os neozelandeses por 29-9.
A diferença entre as equipes já estabelecidas e as emergentes era gritante, mostrando que o rúgbi estava longe de ser um esporte global.
A segunda copa do mundo foi sediada no Reino Unido, Irlanda e França, em 1991, e novamente contou com 16 equipes. Para esse torneio a IRB determinou que os 8 participantes das quartas de final da copa anterior teriam vaga garantida, e as outras oito seriam disputadas entre 32 outras nações. A África do Sul ainda estava sob boicote.
Os ingleses chegaram à final ao derrotar a equipe escocesa. O outro finalista foi a equipe australiana, que derrotou os então campeões neozelandeses. A Austrália consagrou-se campeã com uma vitória de 12-6.
A terceira copa do mundo ocorreu na África do Sul, em 1995, e pode ser considerado um marco para o rúgbi mundial, pois proclamou oficialmente a volta desta equipe ao mundo do rúgbi. Os Springboks (como é conhecida a equipe sul-africana) provaram já na primeira partida do torneio que pretendiam firmar-se como potência do rúgbi mundial e derrotaram a Austrália por 27-18.
O público presenciou partidas incríveis e revelava-se nesse torneio um novo ícone do esporte: o jovem ponta neozelandês Jonah Lomu. A grande final deu-se entre Nova Zelândia e África do Sul. Os 80 minutos de tempo regulamentar mostravam um placar de 9-9. A partida seguiu em emocionante prorrogação. Cada equipe converteu um chute de penal, mas nos minutos finais o abertura sul-africano acertou um drop vencedor, garantindo assim o título inédito para sua equipe.
Apesar de oficialmente sediada no País de Gales, as partidas ocorreram também na Inglaterra, França, Irlanda e Escócia, em 1999. Das 20 equipes participantes, apenas 4 não precisaram passar pelas fases classificatórias, e pela primeira vez qualquer nação do globo teve chance de participar de uma copa do mundo de rúgbi.
A Austrália garantiu mais uma vez a participação em uma final, ao derrotar os então campeões numa semifinal bastante disputada. Já a outra vaga foi garantida pelos franceses depois de uma incrível virada sobre os favoritos All Blacks (equipe neozelandesa). Os australianos consagraram-se bicampeões mundiais e garantiram a oportunidade de defender seu título em casa na Copa seguinte.
Esta aconteceu em 2003 e a Inglaterra superou a equipe Australiana por três pontos, vencendo uma partida muito emocionante por 20 x 17 com direito a prorrogação e decisão num chute do abertura inglês Johnie Wilkinson.Foram 20 equipes divididas em 4 grupos. Os dois primeiros de cada grupo avançaram para as quartas de finais e seguiram lutando até que sobraram apenas as duas equipes que disputaram a final, no dia 22 de novembro.
Os grandes especialistas do esporte estavam bastante confiantes na quebra da hegemonia do hemisfério sul devido aos últimos amistosos nos quais as equipes inglesa e francesa surpreenderam os neozelandeses, australianos e sul-africanos em suas próprias casas e como pudemos perceber, estavam corretos. Os mais tradicionalistas acreditavam que a equipe da casa junto com o grande favorito All Blacks iriam garantir que o caneco permanecesse na parte baixa do Globo.
Na verdade, todos acertaram e puderam admirar um torneio de muita qualidade com jogos impressionantes a cada rodada. Vale lembrar da participação de equipes como Irlanda, Argentina, África do Sul, Escócia e Fiji, que mostraram que podem fazer frente às grandes potencias do rúgbi mundial.

História no Brasil
Voltando à história do esporte, vamos falar um pouco agora de seu início em nosso país. O esporte chegou ao Brasil pelas mãos de Charles Müller, junto com o futebol em 1895, segundo o historiador Paulo Várzea. O primeiro clube a organizar um time foi o Clube Brasileiro de Futebol Rugby, mas foi a partir de 1925 que começou a ser jogado regularmente, principalmente pelos estrangeiros que viviam aqui.
Até 1960, foram realizados jogos interestaduais e até alguns amistosos internacionais e no ano de 1963 foi fundada a União de Rugby do Brasil, com a finalidade de organizar e dirigir o rúgbi brasileiro.
A partir daí o rúgbi passou a se desenvolver, participar do Campeonato Sulamericano, novas equipes foram sendo formadas e em 1966 foi realizada a primeira partida entre duas escolas de ensino superior. Numa tarde chuvosa de outubro, defrontaram-se as equipes da A.A.A. Oswaldo Cruz (Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo) e A.A.A. Horácio Lane (Escola de Engenharia da Universidade Mackenzie).
Em 1971, a primeira categoria de base (infanto-juvenil) foi formada São Paulo e em 20 de dezembro de 1972, foi fundada da Associação Brasileira de Rúgbi, em substituição à União de Rúgbi do Brasil, sendo reconhecida pelo Conselho Nacional de Desportos (CND). Em 1973, a ABR organizou o 7º Campeonato Sul-Americano de Rúgbi, em São Paulo. Cinco anos depois, a entidade promoveu o 4º Campeonato Sul-Americano juvenil.
Atualmente doze estados (Amazonas, Distrito Federal, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo) possuem equipes de rúgbi, que praticam o esporte em diversas categorias. A partir de fevereiro de 2006, o esporte foi implantado na cidade de Salvador, estado da Bahia, com a formação de uma equipe.
Neste contexto, acontecem várias competições nas categorias adulto, juvenil e universitário no país. As principais competições realizadas são o Campeonato Brasileiro de Rúgbi da Primeira Divisão, Campeonato Brasileiro da Segunda Divisão, a Copa Brasil e o Campeonato Paulista e o Campeonato Paulista do Interior. Também são disputadas a Liga Sul de Rugby e o Campeonato Fluminense Adulto.

Todos os Campeões Brasileiros
1964 – S.P.A.C. 1965 – S.P.A.C. 1966 – S.P.A.C. 1967 – S.P.A.C. 1968 – S.P.A.C. 1969 – S.P.A.C. 1970 - São Paulo Barbarians R.F.C. 1971 - São Paulo Barbarians R.F.C. 1972 - FUPE (Federação Universitária Paulista de Esportes) 1973 - Medicina (Faculdade de medicina da universidade de São Paulo) 1974 – S.P.A.C. / vice - Pasteur 1975 – S.P.A.C. 1976 – S.P.A.C. e Niterói R.F.C 1977 – S.P.A.C. 1978 – S.P.A.C. 1979 – Niterói R.F.C. / vice - Guanabara R.C.1980 - Alphaville R.C.1981 - Medicina / vice – Niterói R.F.C. 1982 - Alphaville R.C./ vice - FEI 1983 - Niterói R.F.C. e Alphaville R.C. 1984 - Niterói R.F.C./ vice – Alphaville R.C. 1985 - Alphaville R.C./ vice – Niterói R.F.C. 1986 - Niterói R.F.C.1987 - Pasteur A.C.1988 – Bandeirantes R.C. / vice - Niterói R.F.C.1989 - Alphaville R.C./ vice – Niterói R.F.C. 1990 - Niterói R.F.C.1991 - Alphaville R.C./ vice - Niterói R.F.C.1992 - Alphaville R.F.C.1993 - Rio Branco R.C.1994 - Pasteur A.C.1995 – Bandeirantes R.C. 1996 - Desterro R.C./ vice – Bandeirantes R.C. 1997 - Rio Branco R.C/ vice - Niterói R.F.C.1998 - Rio Branco R.C. / vice – S.P.A.C. 1999 – S.P.A.C. / vice - São José R.C.2000 - Desterro R.C./ vice - São José R.C. 2001 - Bandeirantes R.C./ vice - São José R.C. 2002 - São José R.C./ vice – Bandeirantes R.C. 2003 - São José R.C./ vice - Bandeirantes R.C.2004 - São José R.C./ vice – S.P.A.C.2005 - Desterro R.C./ vice - São José R.C.

Equipamentos
Camisa: Confeccionada em tecido resistente e com costuras reforçadas para suportar o contato entre os jogadores e/ou entre jogadores e o chão, além de possíveis puxões. É interessante que o jogador a utilize sempre para dentro do short para tentar evitar esse recurso do defensor. Pode ter mangas compridas ou curtas e normalmente são de gola tipo “pólo”. Todas são numeradas e definem a posição do jogador.

Short: também deve ser resistente, principalmente para os fowards, que se seguram para constituir as formações. No caso do mesmo rasgar deve ser trocado o quanto antes, com a permissão do árbitro.

Chuteira: como as utilizadas no futebol, podem ser de couro ou material sintético. É fundamental que sejam confortáveis e bem conservadas. Os jogadores de linha costumam utilizar as de cano baixo com travas fixas ou removíveis enquanto os fowards usam chuteiras de cano alto. Estas ainda possuem a frente reforçada para proteger os dedos de possíveis pisões e travas removíveis que variam de 8 a 18 milímetros.

Meião: os mesmos utilizados pelos jogadores de futebol e fica a critério do jogador utiliza-las por todo comprimento das pernas ou não.

Caneleira: equipamento opcional deve sempre estar sob o meião e não exceder 5 cm de espessura sendo revestido por material não rígido.

Protetor bucal: também opcional, mas de extrema importância. Fabricada em resina, é moldável e pode ser dupla ou apenas para os dentes superiores (incomoda menos a respiração). São os mesmos utilizados pelos praticantes de lutas ou outros esportes de contato.

Capacete ou Touca: feito de tecido e neoprene. Protege a cabeça dos jogadores de possíveis escoriações e minimiza o impacto direto. Ainda protege as orelhas, que se ferem bastante durante as formações e tackles. Pode ser um pouco incomodo em dias quentes mas promovem uma segurança a mais, principalmente aos fowards.

Órteses e/ou Bandagens: são permitidas desde que não confeccionadas em materiais rígidos. Tornozeleiras, joelheiras e outras órteses são utilizadas em caso de necessidade como em seguida de uma lesão recente ou mal reabilitada. Bandagens também são bastante utilizadas.
Acessórios
Campo: A área de jogo é formada por um campo retangular, gramado, como o do futebol, delimitado por linhas que não fazem parte dela mais duas regiões de in goal, onde são marcados os tries. Não deve exceder 100 metros de comprimento nem 70 de largura. É dividido em duas partes iguais e cada uma divida em outras três partes: a região de in goal, que vai da linha de bola morta (fim do campo) até a linha de in goal (linha de meta), a das 22 (vinte duas), que vai da linha de in goal a de 22 metros e a região central que vai até o meio campo como mostrado na figura. No caso de categorias de base, principalmente pré-mirim e mirim essas medidas podem ser alteradas.

Traves: Tem o formato de um H, o que no Brasil deu origem ao nome “Aga”. A altura mínima de cada poste vertical é de 3,5 metros e são ligados por um travessão horizontal de 5,6 metros a uma altura mínima de 3 metros. Na Europa e Oceania, onde o esporte é mais popular existem agas (traves) de até 30 metros de altura, já no Brasil estas medidas são adaptadas, pois, pela falta de campos oficiais de rugby, são usados campos de futebol onde suas traves são aumentadas na vertical com canos de PVC ou até mesmo bambus. Suas bases ainda são protegidas por almofadas para evitar lesões no caso de uma trombada contra elas.

Bandeiras: Existem 14 bandeirinhas nas laterais do campo, nas interseções das linhas que separam as diferentes regiões, sinalizando-as. Preservam a segurança dos jogadores, auxiliam o arbitro e ainda são um bom indicador da direção do vento.

Bola: A primeira bola de rugby foi feita por M. William Gilberto, um sapateiro que trabalhava próximo ao colégio de Rugby e viu o esporte crescer diante de seus olhos. Foi confeccionada em quatro gomos de couro e hoje em dia pode ser ainda de borracha ou material sintético similar. Pode ser tratada para torná-la resistente ao barro e mais fácil de agarrar. Seu comprimento varia de 280 a 300 milímetros, seu grande perímetro de 760 a 790 mm e o pequeno de 580 a 620 mm. Seu peso varia de 400 a 440 gramas e no inicio de um jogo sua pressão interna deve ser de 0,67 a 0,7 kg/cm² (9,5 a 10 lbs/pol). Ainda existem bolas de tamanhos menores para categorias de base e feminina.
Ela é o elemento que move o jogo. Privar a bola de sua vivacidade, seus “quiques” imprevisíveis e seus movimentos acabam com a essência do jogo. Ela deve correr, quicar e todos devem evitar ao máximo deixá-la morrer. Ou seja, qualquer jogador derrubado ou fora de jogo, deve soltá-la, se afastar dela ou passá-la o mais rápido possível para que assim ela continue viva até que uma das equipes marque o ponto.

Scrum machine: utilizado apenas para treinos, consiste de uma estrutura metálica, com um anteparo de espuma e lona ou curvim com espaço para os três primeiras linhas encaixarem. É nesse tipo de equipamento que as formações fixas de scrum são praticadas. Sobre ela são colocados contra pesos ou até mesmo outros jogadores que determinam a resistência que os jogadores do scrum devem vencer, simulando a equipe adversária.
A maquina de scrum permite trabalhar força e coordenação dos oito fowards de forma especifica para o jogo.

Tackle bags: se assemelha a um saco de pancada utilizado nos treinos de boxe. São utilizados para treinos de tackle, tanto técnicos quanto físicos. Enquanto um jogador ou treinador o segura verticalmente apoiado no chão, outro vem correndo e tackleia o tackle bag indo ao chão junto com o mesmo. Existem outros tipos de treino possíveis com esse equipamento, mas serão abordados em outro tópico.

Escudos: Também são utilizados apenas para treinos. Possibilita treinos de contato evitando possíveis lesões, sendo na maioria das vezes segurado por um jogador que representa o defensor. É retangular (0,9m x 0,5m x 0,1m) e do mesmo material dos tackles bags. Na parte de trás possui duas alças por onde um jogador o segura para receber o contato do outro jogador.
O Jogo
Objetivo do jogo: o objetivo do jogo é que duas equipes de quinze, dez ou sete jogadores cada, observando o jogo limpo, de acordo com as regras e dentro do espírito esportivo marquem o maior número de pontos carregando, passando, chutando e apoiando a bola no chão dentro da área de in-goal (zona de meta) adversária.

A maneira de jogar: o jogo se inicia com um chute no meio de campo depois do qual qualquer jogador em posição legal, seguindo as regras, pode:
- Agarrar ou recolher a bola e correr;- Passar ou jogar a bola na direção de outro jogador;- Chutar ou impulsioná-la de qualquer outra forma;- Tacklear (movimento de defesa, explicado adiante), empurrar ou escorar um adversário portador da bola ou que esteja disputando-a;- Se envolver numa formação fixa, espontânea ou alinhamento lateral;- Apoiar a bola no chão dentro da área de in goal adversária, marcando o ponto, ou na sua área de in goal anulando o lance.
Para isso os jogadores podem:- Correr em todas as direções com a bola,- Passar com as mãos somente para trás ou com os pés para frente- Tacklear, empurrar e segurar o jogador com bola.
Não podem:- Tacklear ou atrapalhar um jogador sem bola;- Tacklear a cima dos ombros (gravatas);- Carrinho;- passar a bola para frente ou para um companheiro em posição de impedimento;- bloquear um jogador sem bola- interferir no jogo, tanto no ataque como na defesa, se não estiverem de pé. Isso quer dizer que um jogador deitado ou de joelhos (mesmo que seja apenas um) não pode manipular a bola ou segurar um adversário.

O espírito: o espírito esportivo que fundamenta o rúgbi tem um caráter sagrado e legendário. É um esporte de contato, como pode ser observado em suas regras e em sua desenvoltura no gramado, mas em momento algum um esporte de combate. A prioridade de qualquer jogador que entra em campo é respeitar seu adversário e é desse respeito que nasce o respeito pelo esporte. Tudo se inicia pelo respeito às regras, ou seja, não atrapalhar o jogo do adversário transgredindo as leis. Estas são um tanto quanto complexas e a transgressão delas impede literalmente que seu adversário jogue. Por exemplo, em nenhum momento um jogador que não possui a posse de bola pode ser atrapalhado ou obstruído, já que as regras são claras nesse quesito: só se pode entrar em contato com um jogador que possui a posse de bola ou a esta disputando e esta de pé. Pode parecer um pouco óbvio tudo isso, mas conforme se conhece o esporte percebe que em algumas situações isso seria possível (principalmente fora do lance), mas esse respeito que existe no rúgbi impede esse tipo de ação.
Um outro ponto interessante desse jogo é que nenhum jogador, a não ser o capitão das equipes pode se dirigir ao árbitro, autoridade máxima na partida, ou a qualquer jogador adversário. Essa é uma característica interessante desse esporte: o jogo acontece em silêncio, ninguém discute as decisões do árbitro ou provoca seu adversário durante uma partida, diferente do que observando em outros esportes, principalmente o futebol.

Da declaração do amadorismo ao rúgbi profissional: “O jogo é amador. Não é permitido buscar ou receber um pagamento ou recompensa material alguma para participar de um jogo”. Até 1995, essa declaração fazia parte do livro de regras do esporte, mas desde então isso não é mais verdade. Com o início da copa do mundo, em 1987, e suas implicações financeiras, o ideal amador foi deixado de lado e o profissionalismo foi instalado depois da segunda edição da copa. E isso ainda não aconteceu em todos os países, como por exemplo, no Brasil onde o esporte é unicamente amador. Isso desencadeou uma cascata de eventos como salários astronômicos, direitos de transmissão de imagem, publicidades, empresários, intercâmbios entre jogadores de diferentes paises, etc.
O profissionalismo está associado com uma melhora significativa na qualidade de jogo, mas ao mesmo tempo com o aumento do número de lesões tanto no rúgbi profissional quanto no amador. Esse dado foi colhido de um trabalho realizado por Garraway, Macleod et all, na Escócia, onde eles relacionaram a incidência de lesões na temporada de 1993 – 94 e na de 1997 – 98 e perceberam um aumento significativo no número total de lesões depois da introdução do profissionalismo.

Os Princípios do Jogo

Como em qualquer outro esporte coletivo, as ações no rúgbi se organizam ao redor de grandes princípios.

Em ataque, tudo deve ser feito:
- para conservar a posse de bola. O jogador deve evitar ser tackleado ou segurado, realizar passes com segurança para seus companheiros e assegurar recepções da melhor forma possível, tanto de passes de companheiros como de chutes do adversário. A equipe deve tentar desequilibrar continuamente o adversário, promover o máximo de apoio para o jogador que avança e atingir a eficiência em scrums e laterais. No caso de um jogador ser tackleado ou segurado, a equipe atacante deve formar um ruck (maul) para assim manter a posse de bola.
- avançar em direção ao in goal adversário e marcar o ponto. Para avançar o jogador deve se infiltrar nos espaços livres, percutir ou afastar seus adversários, passar a bola para um companheiro com as mãos ou com os pés para ele mesmo ou um companheiro. Já a equipe deve organizar e variar as formas de ataque de acordo com a defesa adversária.

Em defesa:
o objetivo é de impedir que o adversário avance e recuperar a bola para voltar a atacar.
As Regras
As modalidades: o rúgbi, hoje em dia, pode ser jogado em três modalidades básicas. O jogo a quinze, a forma mais tradicional onde cada equipe possui 15 jogadores em campo, o ten a side, praticado por categorias de base, principalmente, e o seven a side, no qual um time é formado por 7 jogadores e o campo tem as mesmas dimensões das outras duas categorias.
Analisando o número de jogadores em campo, podemos tirar algumas conclusões sobre as diferentes modalidades em relação à quantidade de contato e velocidade do jogo. No seven a side sete jogadores jogam contra outros sete no mesmo campo que na modalidade tradicional, onde 15 jogadores enfrentam outros 15. É o dobro de pessoas no mesmo espaço, portanto mais chances de um jogador entrar em contato com outro na tentativa de marcar um ponto.
No seven a side, como os jogadores tem mais espaço, os passes são, na maioria das vezes, mais longos e freqüentes. O tipo de tackle também é um pouco diferente já que na maioria das vezes o defensor utiliza o lateral enquanto no quinze ocorrem muitos tackles de frente.

Tempo de jogo: Depende da modalidade praticada e da categoria. Na modalidade de quinze, o jogo acontece em dois tempos de quarenta minutos separados de um intervalo de dez minutos para a categoria principal enquanto pode ser reduzido para as categorias de base. Já na modalidade Seven a Side, o jogo é disputado em dois tempos de sete minutos separados por um intervalo de um minuto apenas. Já as partidas de tem a side, dependem do torneio, mas costumam ser de dois tempos de 15 minuitos. Fica a critério do árbitro promover acréscimos de acordo com o desenvolver da partida: lesões ou outros imprevistos podem atrasar um pouco a partida.

Os jogadores: podem ser quinze, dez ou sete em cada equipe dependendo da modalidade, mas sempre divididos em dois grupos distintos: os fowards ou avantes e os backs ou jogadores de linha. O número de reservas depende da modalidade jogada e não deve ultrapassar sete jogadores. As substituições também variam, mas na modalidade de quinze não podem se exceder de seis substituições táticas e mais uma por lesão. Nas outras modalidades esses números variam de acordo com o torneio, mas nunca são inferiores a três substituições como no caso do seven a side.
Além das substituições definitivas, ainda podem ocorrer trocas temporárias – blood replacements (substituições por sangramento), que como o próprio nome diz acontecem quando um jogador esta sangrando em campo e é substituído temporariamente por outro enquanto o primeiro é tratado. Depois de feito um curativo, e se o árbitro concordar, o jogador lesionado pode voltar à partida e a substituição não conta no número total de trocas.
Um caso especial é o dos jogadores da primeira linha, que mesmo que o número total de substituições já ter sido realizado, e um desses se machuque, o árbitro permite que outro jogador saia de campo para a entrada de um jogador especializado nessa posição. Isso acontece com intuito de preservar a integridade física dos jogadores, princípio fundamental do jogo.

A Lei da Vantagem: Cabe ao árbitro julgar se uma equipe obteve ou não vantagem sobre a infração do adversário. Esta vantagem pode ser tanto territorial como de posse de bola, e caso o juiz não pare a partida com o apito logo após a infração e depois percebe que a equipe não infratora não obteve a vantagem, ele pode fazê-lo e voltar o lance. Isso favorece o princípio da vivacidade do jogo, evitando assim que esse se interrompa várias vezes.

Posição Legal e Impedimento: no rúgbi, durante o jogo aberto, a bola é a linha de impedimento, ou seja, qualquer atacante que esteja na frente da bola no momento de um passe ou chute, se encontra impedido e não pode dar continuidade ao jogo até que alguém o coloque em jogo novamente. Essa é uma característica que diferencia bem o rúgbi do futebol: enquanto no futebol os jogadores se misturam bastante e buscam o campo de ataque o quanto antes, no rúgbi as duas equipes se misturam muito pouco e as duas formações se deslocam em bloco, uma empurrando a outra para trás até que uma delas atinja seu objetivo e pontue.
Durante o jogo fechado, quer dizer, enquanto existir uma formação fixa ou espontânea em campo, o pé do último homem que se encontra na formação passa a ser a linha de impedimento, para ambos os lados. É um fundamento de difícil compreensão para quem nunca teve contato com o jogo, mas resumindo podemos dizer que ninguém pode dar a volta numa formação enquanto a bola estiver dentro da mesma.

As Formas de pontuação:

O try: Quando o atacante apóia a bola no chão dentro da área de in goal. Isso é caracterizado de duas formas:

Quando qualquer jogador em posse da bola, com ela em sua (s) mão (s) ou sob seu (s) braço (s), a coloca em contato com o solo;
Ou quando a bola já esta no chão e um jogador se apoia nela ou cai sobre ela apoiando sua mão, braço ou tronco, imprimindo uma força vertical para baixo.

O apoio no chão só acontece se o jogador deixar clara a intenção de “amassar” a bola contra o solo, sem que esta perca o contato com suas mãos. Apenas entrar na área de in goal não caracteriza o ponto como acontece no Futebol Americano com o touch down.
Quando a bola é apoiada na área de in goal adversária o try é caracterizado e o ponto marcado. Vale lembrar que a linha de meta (que separa o campo da área de in goal) não faz parte do campo de jogo, assim como as traves, portanto qualquer bola apoiada nessas regiões também caracteriza um try.
Este vale 5 pontos e cada um marcado dá direito a equipe de chutar uma converção que será explicada adiante. No inicio, o try não valia ponto algum e apenas concedia a equipe que o marcou a possibilidade de chutar uma converção e assim pontuar. A partir de 1886, visto a dificuldade de se marcar um try, começou a ser pontuado com três pontos, passando mais tarde para quatro até cinco pontos como é atualmente.

A converção: sempre depois da marcação de um try, a equipe tem direito a um chute de bonificação que vale dois pontos. Este deve ser feito sobre uma linha imaginária perpendicular a linha de meta (paralela às laterais) que passe pelo ponto onde a bola foi apoiada. É por isso que muitas vezes vemos jogadores entrarem na área de in goal próximo a lateral e correr até o centro do campo para apoiá-la no chão. Só não podemos esquecer que enquanto essa bola não for apoiada não há o try e, portanto ela ainda esta em jogo podendo a equipe de defesa recuperá-la ou empurrar o jogador para fora do campo recuperando-a.

O drop goal: um jogador marca um drop goal quando, durante o jogo, chuta de drop (bate pronto) a bola em direção as traves. Caso esta passe “entre os paus”, acima do travessão e entre as traces, a equipe marca três pontos.
Penalidade: Depois de uma penalidade, a equipe favorecida pode escolher chutar a bola para o Aga, marcando 3 pontos caso acerte o chute e muitas vezes decide uma partida como na final do campeonato brasileiro de 2000 quando a equipe de Florianópolis (Desterro) bateu o São José Rúgbi, em São José dos Campos, por 21 (7 penalidades) a 20 (3 tries, uma converção e uma penalidade).

As Infrações

Toda a atitude que contraria as regras do jogo são infrações e o time que as realiza deve ser punido caso a equipe adversária não obtenha vantagem sobre o lance.
As regras do rúgbi são extremamente complexas e com intuito apenas de orientar um pouco o leitor explicarei apenas o básico.
As faltas graves (penais) são caracterizadas por:
- tackle alto (a cima dos ombros);- tackle num jogador sem bola;- obstrução de um jogador sem bola;- mau posicionamento dos jogadores em relação às linhas de impedimento e- agressões
Quando acontecem, o juiz deve soar o apito e sinalizar o penal. Em seguida a bola deve ser recolocada em jogo com a equipe infratora a 10 metros do local de cobrança. A equipe favorecida pelo penal pode cobrar o penal de três formas distintas:
- chutar para o aga, marcando 3 pontos, caso o chutador conclua o chute. (ver penal em Pontuação);
- chutar para fora do campo mantendo a posse de bola no lateral, onde a bola cruzar a linha lateral ou
- recolocar a bola em jogo com os pés. Nesse caso o jogador que cobra a falta deve soltar a bola, dar um chute (como uma embaixadinha) e pegá-la de novo reiniciando assim o jogo. A partir daí o mesmo pode correr com a bola ou passá-la e a equipe defensora pode avançar os dez metros.
Ainda podem ocorrer faltas leves que são cobradas com um scrum a favor da equipe que foi prejudicada com a infração, e essas podem ser:
- knock on: quando um jogador não consegue dominar a bola e deixa essa cair para frente;
- passe pra frente: quando um jogador realiza um passe com as mãos para outro jogador que se encontrava a frente do portador da bola ou
- quando a bola se encontra numa posição que não é possível dar continuidade ao jogo.

Os Fundamentos
1. TÉCNICAS INDIVIDUAIS: são de extrema importância para o bom andamento do coletivo de uma equipe. Uma técnica individual mal aprendida ou desenvolvida pode prejudicar uma equipe, principalmente em momentos decisivos da partida quando os jogadores estão sob pressão e cansados e a execução dessas técnicas ficam afetadas. O jogador deve possuir total conhecimento das regras, manejar corretamente a bola, realizar bons passes, saber chutar com ambos os pés e estar apto a concluir um bom tackle.

A) O jogo de mão:

Carregar a bola: o jogador não deve se agarrar à bola e sim apenas carregá-la sem aplicar muita força sobre a mesma. Muita tensão durante o porte da bola afeta os movimentos do ombro e consequentemente a dinâmica da corrida.
Existem diferentes formas de se segurar a bola e dependem da situação de jogo. Durante o jogo aberto o ideal é segurar a bola com ambas as mão, isso além de dar segurança ao atacante, permite que este realize fintas e diferentes tipos de passes ou chutes. Quando o jogador quer atingir sua máxima velocidade, é interessante portar a bola com apenas uma das mãos apoiando-a sobre o antebraço. Assim o braço que segura a bola se move independentemente do outro, facilitando o movimento de dissociação entre as cinturas escapular e pélvica. No caso de entrar em contato com um defensor, o ideal é manter ambas as mãos na bola e ainda trazê-la junto ao corpo, garantindo sua posse. Outra opção é trazê-la junto ao corpo com apenas uma das mãos e utilizar a outra para afastar o adversário, caracterizando o hand off.

Controlar a bola: o controle da bola se inicia com sua recepção. Pode ser tanto de um passe, como do alto depois de um chute, como do chão tanto em movimento quanto parada. É importante salientar que essa recepção muitas vezes é feita sob disputa.
Para receber um passe o jogador deve apresentar suas mãos a frente, voltadas para cima e com os braços estendidos, pronto para amortecer a bola.
As bolas aéreas são um pouco mais difíceis de serem recebidas. Elas podem ser recolhidas tanto como um passe (com os braços estendidos para frente ou para cima) como junto ao corpo, sendo este um modo muito mais seguro. O jogador deve se posicionar, pulando ou não, “um pouco de lado” para caso não consiga dominá-la, esta caia para trás e jogo continue sem uma infração (knock on).
As bolas paradas no chão, mais que as outras situações, variam de acordo com a pressão imposta pelo adversário. No caso de uma pressão forte, o jogador deve cair sobre ela levantando-se o mais rápido possível. Já numa situação mais tranqüila, ela pode ser apenas recolhida, com a devida flexão de pernas, sem que o jogador precise ir ao solo.
Quando a bola cai no chão involuntariamente, na maioria das vezes ela parte em quiques descoordenados e imprevisíveis exigindo muita habilidade e “feeling” para ser recolhida ainda em movimento. É uma situação que caracteriza muito bem a vivacidade do jogo, como já comentado anteriormente nesse texto.

Passe com as mãos: Deve sempre ser feito para um jogador em posição legal, ou seja, atrás da linha da bola.
Os passes podem ser feitos de diferentes formas dependendo da situação do jogo, distância do mesmo e planejamento tático, previsto ou não, da equipe.
A biomecânica do passe no rúgbi depende muito da posição e direção do jogador no campo, além de sua posição no espaço já que a bola só pode ser passada para trás de sua linha e o jogador pode estar em diferentes posições em relação uma vertical. Isso limita a amplitude horizontal da direção do passe em menos de 180º e o tipo de movimento do corpo necessário para a realização do mesmo, respectivamente.
Para melhor entender todo a dinâmica do passe, o leitor deve lembrar que o jogador de rúgbi deve avançar em direção ao in goal adversário e, caso precise passar a bola, seu receptor deve estar atrás da linha dela (linha de impedimento). Em condições ideais de se marcar um ponto, o jogador deve estar correndo de frente para o in goal adversário e o passe tem que ser feito para trás. Para isso o jogador deve realizar uma rotação de tronco e um movimento pendular de seus braços impulsionando a bola nessa direção enquanto suas pernas mantém a corrida para frente até que o movimento do passe termine. Agora imagine que o portador da bola é tackleado (derrubado) por um adversário e durante sua queda vê, ou percebe a presença de um companheiro e realiza um passe. Com certeza os movimentos para um passe efetivo serão completamente diferentes da nossa condição ideal.
Na necessidade de um passe mais forte, o jogador pode ainda imprimir uma força rotacional na bola (spin), aumentando seu equilíbrio, principalmente com o uso da musculatura dos punhos e mãos. Na verdade, um passe forte é aquele realizado pelo maior número de grupos musculares, vigor das contrações, número de articulações envolvidas e amplitude de movimento.
O que determina o tipo de passe é a situação da equipe que esta atacando. Algumas vezes os passes são realizados com o jogador parado e costumam acontecer depois de uma recuperação de posse de bola e sob pressão do adversário.
A bola ainda pode ser passada com um “salto horizontal”, onde o jogador além de utilizar a força de seus braços e tronco ainda usa suas pernas como propulsoras para o passe. O passe é realizado em pleno vôo e após o mesmo o jogador se prepara para cair ao solo deitado, como num “peixinho” do vôlei, amortecendo a queda da melhor forma possível. Costuma ser realizado pelos half scrums que, freqüentemente, precisam executar passes longos, de bola parada e sob pressão adversária. São as chamadas Palomitas.
O portador da bola pode ainda fazer uma finta de passe sobre o adversário, realizando um movimento como se fosse passar, mas mantendo a posse de bola. Isso é chamado de Dummie.
B) O jogo com os pés:

Chute de voleio: utilizado tanto como um passe como para ganhar terreno estrategicamente. O jogador solta a bola e a acerta antes que esta toque o solo. Pode ser realizado como um lençol do futebol, para driblar um adversário; alto e curto (up and under), permitindo assim que os jogadores que estão em posição legal avancem após o chute e alcancem a bola; longo, para ganhar terreno e rasteiro (Grab), usado tanto como passe como apenas para ganho de espaço.
Chute de bate pronto (drop): usado para a cobrança de uma saída de vinte duas ou para marcar pontos durante o jogo corrido. Dependendo do torneio, algumas reposições de bola, como os chutes de inicio ou reinicio (depois de um try) da partida são feitas dessa forma.

Chute com bola apoiada: utilizado para as conversões. A bola é apoiada no chão, o jogador toma e devida distância e chuta-a em direção os paus.

C) Tackle: é a forma que os jogadores de defesa possuem de derrubar um atacante e parar o ataque adversário. Consiste em projetar seus ombros em direção do jogador que possui a posse de bola, de preferência nas pernas, agarrá-lo e levá-lo ao solo, impedindo que este continue a avançar. Toda atenção do tackleador deve se voltar para a corrida do adversário e, principalmente, para sua cintura (short) e membros inferiores já que é nessa região que se encontram o centro de gravidade do indivíduo e sua base de apoio respectivamente.
É o gesto esportivo envolvido com o maior número de lesões e sua conclusão depende do bom posicionamento das mãos e braços. Uma vez que o jogador foi abraçado, o tackleador deve ter cuidado para não deixá-lo escapar para assim não prejudicar sua equipe e nem se machucar. É importante que o tackleador espere todo o movimento terminar para soltar seu oponente e assim que isso acontecer, soltá-lo o mais rápido possível para assim voltar logo ao jogo. Segurar firmemente seu adversário até o final do tackle minimiza o risco de lesão durante o período que vai desde o primeiro contato até o fim do tackle.
Se o tackleador por acaso não conseguir derrubar o atacante no primeiro contato, ele deve persistir em seu golpe e escorregar até aos tornozelos realizando nova pressão nessa região impedindo a corrida do mesmo. Caso o tackleador caia no chão completamente e o atacante ainda esteja de pé, ele deve soltar o jogador que esta de pé, pois só podemos interferir no jogo, tanto no ataque como na defesa, se estivermos sobre nossos pés.
É importante lembrar que todo jogador tackleado deve soltar a bola imediatamente e se levantar o mais rápido possível.

Tackle de lado: nesse tipo de tackle o defensor tem a opção de escolher o momento mais apropriado para se lançar em direção ao adversário, em seguida abraçá-lo e levá-lo ao solo. Um detalhe muito importante desse tipo de tackle é o posicionamento da cabeça. Ela deve estar sempre atrás do atacante para evitar uma possível joelhada nessa região.

Tackle de trás: acontece em situações que o atacante já ganhou a linha de vantagem e o defensor corre atrás dele. O tackleador deve se aproximar o máximo possível do jogador em posse da bola e se projetar em direção a esse segurando o por trás. Nesse caso, também é de extrema importância o abraço firme até o final do movimento.

Tackle Francês: é a ultima chance de um tackle de trás. Na tentativa de desequilibrar e derrubar o atacante, o defensor salta (como um Peixinho) e da “um tapa” no pé do atacante que se encontra no inicio da fase de balanço da corrida (pé de trás).

Tackle de frente: Exige muita força muscular e determinação já que o atacante se aproxima em alta velocidade na direção do defensor e este faz o possível para pará-lo e colocá-lo no chão (o movimento pode parecer o de uma “baiana” realizada nas lutas). O ideal é que o defensor também se aproxime do atacante, para assim não esperá-lo parado.

D) Outros Fundamentos

O hand off: é a forma, além do drible, que o atacante tem de se livrar do defensor. Consiste em utilizar a mão que não carrega a bola, aberta e com o braço estendido para empurrar e afastar o adversário. É importante ressaltar que a aproximação deve ser feita com o braço já estendido e não é permitido um golpe. O hand off pode ser feito na cabeça, ombro ou peito do defensor, dependendo da postura do mesmo no momento da aproximação.

Corridas: O ideal é sempre correr na direção da região de in goal. Isso parece óbvio, mas durante o jogo, o portador da bola, na tentativa de driblar seu adversário, pode iniciar uma corrida para o lado, que por pouco tempo é valida, mas se prolongada prejudica a equipe.

É consenso no rúgbi dizer que mais vale dois passos para frente do que dez para o lado, afinal o rúgbi se caracteriza por uma disputa de território no sentido longitudinal do campo. Correr para frente ainda facilita a manutenção da posse de bola já que correndo para o lado o portador da bola foge de seu apoio.

2) Técnicas coletivas:

São as maneiras específicas de recolocar a bola em jogo (formações fixas) ou manter a posse de bola durante o ataque (formações espontâneas ou reagrupamentos).

As formações fixas podem acontecer de duas formas, o scrum e o line out, mas sempre depois que o árbitro apita, pára a partida e reorganiza suas formações.
O Scrum: Ocorre por causa de um knock on, passe pra frente, falta ou ainda quando a bola se encontra numa posição que não é possível dar continuidade ao jogo. Os fowards de cada equipe se abraçam de forma ordenada e padronizada e ao sinal do juiz entram em contato. Em seguida, o time que possui a posse da bola introduz a mesma entre as primeiras linhas de cada time e essa é disputada com os pés ou pela força, quando uma equipe empurra a outra para trás. Todo jogador que não participa do scrum deve ficar atrás do pé do último participante da formação.
Apesar da bola ser colocada em disputa, o time que a introduz tem vantagem já que conhece o momento da colocação da mesma. Ambas as equipes, depois de iniciado o scrum, só podem levantar seus pés ou empurrar o adversário depois que a bola é introduzida. A equipe que não possui a bola muitas vezes pode recuperá-la nessa situação.
É uma situação do jogo muito especial e executada apenas por jogadores que treinam nessa posição. A má execução de um scrum pode ser prejudicial para um ou mais jogadores e por isso todos devem respeitar suas regras e peculiaridades.

O line out: é a cobrança do lateral no rúgbi e também muito singular no mundo esportivo. As duas equipes devem se colocar em fila, perpendicular a linha lateral, a 5 metros da mesma e respeitar um corredor de 1 metro entre elas. Na grande maioria das vezes a equipe que vai recolocar a bola em jogo deve esperar que o adversário esteja no alinhamento. Isso só não acontece se a bola não tocar em nada ou ninguém fora do campo e o time não esteja sendo pressionado.
A cobrança acontece quando o time que possui a posse de bola lança a mesma, de fora do campo, no meio do corredor. O lateral só é valido se a bola passa os 5 metros da linha lateral e entra no meio do corredor. Caso isso não aconteça ou ainda uma das equipes cometa alguma infração, o alinhamento é repetido ou uma falta é marcada.
Os jogadores que fazem parte do alinhamento lateral devem disputar a bola saltando ou ainda suportando o jogador que salta e liberar essa bola para o jogo ou com um passe ou depois de um volante ou ruck. Aqueles que não participam do line out devem permanecer a dez metros do mesmo.
Assim como no scrum, o time de posse da bola tem vantagem sobre a formação por conhecer e treinar o tempo de colocação da bola na formação, mas a equipe adversária também pode ganhar a disputa da mesma.

As formações espontâneas acontecem obrigatoriamente depois do contato entre dois jogadores oponentes, sendo um deles portador da bola. Podem ocorrer de duas formas:

Ruck: quando o portador da bola é tackleado e vai ao chão (situação de tackle). Neste momento qualquer jogador pode pegar a bola, mas nem sempre isso é interessante. O primeiro a chegar ao local deve analisar se é uma situação segura ou se ele esta sofrendo pressão de seu adversário. Neste caso se ele pegar a bola com certeza será tackleado e ira ao chão novamente, portanto é melhor que ao invés de pegar a bola ele segure seu adversário para que outro companheiro de equipe aproxime-se e recolha essa bola com segurança. O time de defesa também pode vencer um ruck e recuperar a posse de bola. O que determina isso é o posicionamento e velocidade de aproximação do apoio de ambos os times.
Um ruck pode conter de um jogador de cada equipe a 3 ou 5, mas não é interessante para nenhuma das duas equipes, pois como a bola não pode avançar depois de um tackle não adianta utilizar jogadores nessa formação. O interessante para ambas as equipes é utilizar o mínimo de jogadores no ruck para assim ter mais jogadores soltos para dar continuidade ao jogo, diferente do que acontece durante um volante.

O Volante ou Maul: acontece quando o jogador portador da bola, depois do contato não vai ao chão e continua de pé, em contato com o adversário. Nesse caso os jogadores que se aproximam do local podem abraçar o portador da bola, proteger a mesma e ainda avançar. O time de defesa deve tentar impedir que o adversário avance empurrando a formação.

Tanto no ruck como no volante, existem muitas regras específicas para dar continuidade ao jogo e preservar os jogadores. Não vamos entrar em detalhes nessas questões, pois não é o interesse do texto.


Os Jogadores
São divididos em fowards (avantes) e backs (linha) e além das funções básicas de todo jogador de rúgbi, como atacar e defender, possuem funções especificas. Vale lembrar que independente da posição o bom jogador é aquele mais completo possível. Como dito anteriormente são divididos pelo número de suas camisas.

nº.1: pilar esquerdo nº. 2: hooker Primeira Linhanº. 3: pilar direitonº. 4: segunda linha esquerdo Segunda Linhanº. 5: segunda linha direito Fowards (avantes)nº. 6: asa esquerdo nº. 7: asa direito Terceira Linha nº. 8: oitavonº. 9: half scrumnº. 10: aberturanº. 11: ponta cegonº. 12: primeiro centro Backs (linha)nº. 13: segundo centronº. 14: pontanº. 15: full back

Este princípio de numeração surgiu em 1897, na Austrália, mas em jogos internacionais só foi iniciada na temporada de 1921 – 1922.
No caso de modalidades com menor número de jogadores a numeração muda um pouco também, por exemplo, numa partida de seven a side (sete jogadores em cada time) os fowards vão de 1 a 3 somente.
A função de todo jogador é avançar com a bola e as posições se diferenciam na forma como se da esse avanço. Os jogadores da linha (backs) avançam com corridas mais velozes, dribles, passes longos ou curtos e ainda chutes. Já os fowards costumam ser menos velozes e mais fortes e atacam por meio das formações, com passes mais curtos e mais contato. Cabe a eles a manutenção da posse de bola na maioria dos lances a ainda disputar a bola nas formações fixas.
Como dito anteriormente, o ideal seria que todos cumprissem todas as funções, mas principalmente o porte físico compromete esta opção. No exterior, onde o jogo é mais desenvolvido, o porte e qualidade físicos se aproximam muito entre os diferentes jogadores e a execução das diferentes funções fica facilitada.
Lesões
O rugby é um esporte que envolve contato físico e como qualquer outro esporte desse tipo, possui riscos inerentes. Por isso, é de fundamental importância que os praticantes joguem de acordo com as regras e atentos à segurança de si mesmos e de todos os outros em campo. Cabe ao árbitro a organização desses pontos, assegurando o cumprimento das leis do jogo e zelando pela integridade física dos participantes da partida.
Se um jogador se lesionar e for perigoso continuar o jogo, o árbitro deve fazer soar o apito imediatamente, interrompendo a partida. Caso não tenha ocorrido uma infração ou a bola se tornado morta, o árbitro pode interromper o jogo e em seguida reiniciá-lo com um scrum no qual o time que possuía a posse de bola mantém sua vantagem.
O vigor de uma partida de rúgbi obriga seus praticantes a estarem bem condicionados em diferentes quesitos como: força muscular e potência, resistência, velocidade, aceleração e agilidade (Gabbett, T. J.). No entanto, como resultado do grande número de colisões e da natureza dinâmica do rugby, lesões musculoesqueléticas são extremamente comuns.
No rúgbi é difícil caracterizar uma lesão, principalmente quando pensamos em quantificar a gravidade delas. Alguns autores, como Guibbs, definem lesão em termos de partidas que o atleta deixa de jogar em seguida, enquanto outros, como Gissane, classificam as lesões de acordo com tempo de afastamento tanto de treinos como de jogos.
As lesões no rúgbi podem ser tanto de origem traumática (entorses, fraturas, concussões, etc) quanto não traumática (tendinites, periostites, etc). O grande número de ações que envolvem contato físico entre os jogadores além dos movimentos bruscos na tentativa de evitar essas colisões predispõe o jogador de rúgbi principalmente a lesões traumáticas.
Na maioria dos estudos, elas são divididas pelo tipo (entorses, fraturas, concussões, tendinites, periostites) ou região (cabeça, troco, membros) e encontramos estudos tanto falando do Rugby Union como do Rugby League.
Hoje em dia o esporte é praticado em níveis profissional, semiprofissional e amador. Na literatura encontramos estudos relacionados com lesões em grupos de profissionais e, a incidência e tipo de lesão em amadores não são totalmente conhecidos. Levando em consideração as diferentes características físicas e de habilidades, as condições do campo, atitudes agressivas e violentas e padrões de arbitragem, o índice de lesão no rúgbi amador deveria ser maior do que no profissional, mas um estudo muito interessante sobre as lesões no esporte amador foi feito por Tim J. Gabbett e foi mostrado o contrário.
Nele foi relatado o local, a incidência e a natureza das principais lesões durante três temporadas do rúgbi league amador Australiano, divididas por posições dos jogadores e ainda relacionando com o momento da partida em que aconteceu.
Seus resultados mostram que lesões musculares são o tipo de lesão mais comum e a cabeça e pescoço são as regiões mais acometidas no rúgbi amador. Além disso, elas acontecem em sua maioria na segunda metade da temporada e principalmente no segundo tempo da partida (70,8%), sugerindo que microtraumas e, principalmente, fadiga estão relacionados com o índice de lesões no rúgbi amador.
Nesse mesmo estudo, foi determinada uma incidência de 160,6 lesões por 1000 horas de jogo (durante temporada competitiva), enquanto estudos sobre rúgbi profissional mostram uma incidência de mais de 340 lesões por 1000 horas de jogo, provavelmente devido a maior intensidade do jogo nas categorias de elite.
Em outro artigo do mesmo autor, também se tratando de rugby league, é mostrado que nas temporadas de 2000 a 2003, a entorse de tornozelo em inversão foi a lesão mais freqüente (6.9 por 1000 horas jogadas) seguida de entorse acromioclavicular (4.5 por 1000 horas jogadas). Esse estudo colheu dados de 219 jogos, em 4 temporadas e com 153 atletas participantes. Um total de 185 lesões foi registrado, sendo sua freqüência de 55.4 por 1000 horas jogadas.
Num artigo argentino de rugby union, entre as temporadas de 1991 e 1997, onde relataram 924 lesões em 1296 jogos, envolvendo 38933 atletas, a lesão que mais ocorreu foi estiramento da musculatura do membro inferior (108 casos – 11.7%) e aconteceram 15 entorses acromioclaviculares (1.6%).
Comparando os artigos anteriores, percebemos que o rugby league é realmente mais intenso que o rugby union já que em 4 temporadas contando com 153 atletas ocorreram 185 lesões no rugby league e em 6 temporadas com 38933 atletas ocorreram 924 lesões.
Em se tratando dos mecanismos de lesão no rugby union, outro estudo australiano, mostra que 58% das lesões acontecem durante uma situação de tackle, 20% no jogo aberto, 15% durante rucks ou volantes, 4% em jogadas faltosas, 2% em scrums e 0% em line outs. Esse estudo relatou as lesões ocorridas entre os jogadores da seleção entre os anos de 1994 e 2000, num total de 91 jogos onde ocorreram 143 lesões. Um dado interessante desse artigo também é o fato do índice de lesões antes da era profissional (1994 – 1995) ser menor que durante a era profissional (1996 – 2000), 47 e 74 lesões por 1000 horas jogadas respectivamente. Isso afirma o que acontece também no rugby league e foi comentado anteriormente nesse texto, o fato do profissionalismo aumentar o índice de lesões.
Esse artigo ainda comenta sobre a maior incidência de lesões no segundo tempo da partida e sobre a falta de estudos no esporte sugerindo necessidade de adequações na regra sobre as substituições e a necessidade de uma melhor padronização nas formas de coletas de dados respectivamente.

Como Eu Trato
Analisando a mecânica do jogo, com base nos estudos prévios e experiência própria do autor, foi escolhido comentar sobre a entorse acromioclavicular (AC).

Anatomia e artrologia:

A articulação Acrômioclavicular é uma articulação sinovial plana com três graus de liberdade, possui uma cápsula articular reforçada pelos ligamentos acromioclaviculares (superior, inferior, anterior e posterior), dois ligamentos principais coracoclaviculares (conóide e trapezóide) e, na maioria das vezes, um disco articular.
O ligamento trapezóide (lateral, forma quadrilátera e plano sagital) evita a sobreposição da clavícula no acrômio e o conóide (medial, triangular, predominantemente no plano frontal) que limita o movimento da clavícula para cima, sobre o acrômio.
A integridade articular é mantida muito mais pelos dois complexos ligamentares do que pela configuração óssea. As duas principais funções dessa articulação são: manter a relação entre clavícula e escapula nos estágios iniciais da elevação do membro superior e permitir que a escápula realize uma amplitude adicional de rotação sobre o tórax nos estágios subseqüentes da elevação do membro.
As fibras dos músculos deltóide e parte superior do trapézio, que se inserem na face superior da clavícula e acrômio, servem para fortalecer os ligamentos acromioclaviculares e estabilizar a articulação.
A medida que ocorre a elevação do braço a clavícula roda posteriormente em seu eixo longitudinal, o que permite a escápula continuar a girar, possibilitando assim a elevação total. A clavícula deve rodar aproximadamente 50º para que ocorra a elevação total, do contrário a elevação do braço estaria limitada a aproximadamente a 110º.
A estabilidade ântero-posterior da articulação é mantida pela cápsula acrômioclavicular e a estabilidade vertical é mantida pelos ligamentos coracoclaviculares. Estes são responsáveis também por produzirem a rotação longitudinal da clavícula necessária para uma amplitude plena e irrestrita de movimento na elevação da extremidade superior, como explicado acima.
Os movimentos nessa articulação são: deslizamento ântero-posterior (eixo sagital – 10º), deslizamento para cima e para baixo (eixo vertical – 20º) e rotações posterior e anterior (eixo longitudinal horizontal – 50º). Em uma visão axial, a disposição entre a clavícula e a escápula forma um V, com abertura ou fechamento do ângulo do vértice conforme o movimento da escápula. O ligamento conóide atua na contenção da abertura desse ângulo quando a escapula sofre adução, enquanto o ligamento trapezóide entra em tensão durante a abdução da escapula, para conter o fechamento do ângulo. A báscula lateral da escapula durante a abdução do braço tensiona os ligamentos coracoclaviculares que por sua vez promovem a rotação axial da clavícula permitindo uma amplitude plena de movimento.

Mecanismo de lesão:

Uma queda sobre um braço estendido tende a deslocar a escápula medialmente pois as forças são transmitidas superiormente através do acrômio, e a pequena articulação AC sozinha não consegue prevenir o movimento escapular sem resultar em entorse ligamentar da articulação.
Pode ocorrer também quando o atleta cai sobre a ponta do ombro e deprime o acrômio inferiormente. No rúgbi ambas as situações podem ocorrer também no contato com o adversário, tanto com o braço estendido tentando afastar o defensor da bola como num choque entre dois jogadores estando um deles com o braço aduzido junto do corpo.
Normamelmente essas formas de lesão acarretam uma entorse de tipo I ou II. Já os graus III e IV geralmente ocorrem depois de um impacto direto que força o acrômio para baixo, para trás e para dentro. Já os graus V e VI necessitam de um trauma numa intensidade ainda maior, compativel com acidentes automobilísticos.Outra forma de lesão seria de maneira insidiosa em virtude de atividades que exigem movimentos repetitivos realizados acima da cabeça, como arremessos, cortadas e levantamento de pesos.
A classificação das lesões AC segundo Rokwood é a mais aceita hoje em dia:
Tipo I: apenas entorse dos ligamentos AC (entorse);
Tipo II: lesão da capsula e dos ligamentos AC, pode ocorrer distensão do ligamento coracoclavicular (CC) e subluxação vertical da clavícula menor do 50% (subluxação);
Tipo III: lesão da cápsula e dos ligamentos AC e CC e luxação completa da articulação AC (luxação classica);
Tipo IV: as lesões desse tipo se assemelham às do tipo III, com a diferença desta ser uma luxação posterior e os musculos deltóide e trapézio poderem ser desinseridos (luxação posterior);
Tipo V: deslocamento significativo da clavicula (elevação superior entre 100% e 300% do normal). Lesão da capsula, dos ligamentos AC e CC e desinserção completa dos musculos trapézio e deltoide da clavicula (luxação superior)
Tipo VI: envolve um deslocamento inferior da clavicula com lesões da cápsula e dos ligamentos AC e CC (luxação inferior).

COMO EU TRATO
Independente do tipo da lesão a primeira preocupação deve ter como objetivo proteger a articulação, diminuir a dor e a inflamação. Na medida do possível devemos nos preocupar em evitar a atrofia muscular.
Tipo I: tratamento conservador com gelo para alívio da dor e uso de tipóia por alguns dias e repouso por uma ou duas semanas, dependendo do nível de dor do paciente.O fisioterapeuta pode iniciar os exercícios de amplitude de movimento ativo assistidos e de acordo com a dor do paciente encorajar exercícios isométricos para a musculatura que se insere na clavícula. Conforme o paciente for relatando melhora os exercícios devem ser evoluidos com resistência e amplitudes progressivas.
Tipo II: tratamento também conservador, repouso por 4 a 6 semanas, uso de tipóia por 1 a 3 semanas e gelo. Exercícios isométricos com o braço aduzido podem ser encorajados desde o alívio da dor aguda (entre segunda e terceira semanas) e os recursos terapêuticos como laser e ultra som pode ser eficientes nas primeiras semanas. A partir da quarta semana, exercícios com amplitude de movimento restrita podem ser iniciados e a progressão da resistência e amplitude de movimento controladas pelo fisioterapeuta.
Tipo III: sugere tratamento cirúrgico ou conservador dependendo do autor. Normalemente a cirurgia acaba sendo indicada em pacientes jovens, cujo membro lesionado é o dominante, atletas e que realizam atividades braçais.
No caso do tratamento conservador, o paciente deve utilizar uma tipóia por 4 semanas, medicamentos de acordo com a indicação médica e o retorno ao esporte deve esperar três meses.
As técnicas cirurgicas incluem reparações acromioclaviculares intra-articulares, reparações coracoclaviculares extra-articulares, excisão da clavícula distal, transferências musculares dinâmicas, transposição do ligamento coracoacromial para a parte superior da articulação acromioclavicular, entre outras.
No pós cirurgico deve ser utilizada tipóia por três semanas, gelo local e exercicios de flexo extensão de cotovelo e punho devem ser estimulados, assim como os exercícios pendulares. Os exercícios isométricos para o ombro podem ser iniciados após a imobilização e nas semanas seguintes iniciam-se exercicios de elevação do membro superior, com progressão cautelosa para poder atingir exercícios de fortalecimento gerais com dois meses de PO.
Tipos IV, V e VI: tratamento cirúrgico semelhante ao tipo III. O tempo de imobilização para essas lesões é mais longo e por isso o tempo de reabilitação maior.

Relato de Caso

Como puderam ver em meu curriculum, sou jogador de rugbi a 9 anos e já sofri diferentes tipos de lesão e acredito que muito mais que a intensidade do esporte, minha falta de preparação fisica e técnica comprometeram meu desempenho e me predispuseram às lesões.
Exemplo disso foi minha luxação acromioclavicular ano passado, exatamente no dia 6 de outubro de 2005. Aconteceu durante uma partida do campeonato brasileiro da primeira divisão entre São José e Florianópolis e eu apesar de não estar treinando por motivos particulares fui convocado para jogar esse jogo pela equipe do São José, meu time de origem.
Comecei na reserva e entrei no intervalo. Com 15 minutos jogados tomei uma trombada do meu marcador e cai no chão com o braço aduzido e bati a ponta do ombro no chão (estava segurando a bola junto ao corpo).
Assim que levantei senti que alguma coisa estava errada por causa da dor e da sensação instavel, mas como o jogo não havia parado e eu não queria acreditar que tinha me machucado, continuei no jogo. Consegui ainda ficar uns dois minutos no jogo, onde realizei passes, formei dois scrums e ainda tackleei um adversário. Foi quando fui até a beira do campo e pedi para que meu treinador palpasse a região e em seguida sai do campo percebendo que estava seriamente machucado.
Fui para o pronto socorro ortopédico e, depois da radiografia, foi constatada a luxação acromioclavicular, mas o plantonista não sabia definir a gravidade da lesão e recomendou procurar um especialista.
Foi o que fiz no dia seguinte e depois do exame clínico e novas imagens foi definida a luxação tipo III. Ao explicar ao médico que era meu braço dominante, que pretendia voltar a jogar e que sou fisioterapeuta (trabalho braçal) ele optou pela cirurgia e esta foi feita 6 dias depois. Foi realizada a transposição do ligamento coracoacromial para a parte superior da clavícula e ainda de uma amarrilha subcoracoidea.
O pós operatório foi tranquilo. Obedeci o tempo de tipóia (três semanas), utilizei muito gelo e iniciei os exercícios isométricos com tipóia já no fim da primeira semana. O que mais me incomodava era dormir, pois ao me mexer durante a noite sentia muita dor. Resolvi isso na terceira noite, quando optei por dormir sentado (reclinado, tipo cadeira de praia). Apesar do médico dizer que não era necessário, era muito confortável e logo me adaptei e passei a dormir muito bem.
Depois do período de imobilização fui evoluindo os exercícios progressivamente com auxilio de outros fisioterapeutas e com dois meses de PO voltei a atender no consultório (com algumas restrições) e sai para minha primeira corrida. Correr com baixa intensidade (trote) era tranquilo mas educativos de corrida, piques e saltos ainda provocavam dor e eu os evitava.
Com 12 semanas comecei a andar de bicilctea em piso regular e, algumas semanas depois, atingi a amplitude total de movimento e segurança para realizar qualquer exercício resistido e corridas. Voltei a treinar rúgbi com quatro meses de pós cirurgico e seis semanas depois, com 5 meses e meio de pós cirúrgico joguei minha primeira partida. Talvez, se pudesse ter sido mais assíduo ao programa de reabilitação teria voltado antes, mas como não sou um jogador profissional e tenho outras tarefas diárias não pude cumprir as fases da reabilitação tão disciplinadamente, um problema comum do atleta amador.

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