Dr.Lucas Nogueira Mendes Ft. Dip Chiro. Fisioterapeuta Quiropraxista pela Anafiq/Coffito. Especialista em Fisioterapia Ortopédica e Desportiva.
- Dr. Lucas Nogueira Mendes FT,Dip.Quiro
- Araraquara, São Paulo, Brazil
- Graduado em Fisioterapia pela Universidade Paulista. Especialização em Quiropraxia pela ANAFIQ- Associação Nacional de Fisioterapia em Quiropraxia. Pós Graduação em Fisioterapia Ortopédica e Desportiva pela Universidade Cidade de São Paulo- UNICID Coordenador do Grupo de Estudos em Postura de Araraquara. –GEP Membro da Associação Nacional de Fisioterapia em Quiropraxia- ANAFIQ/ Membro da Associação Brasileira de Fisioterapia Manipulativa- ABRAFIM/ Membro da Associação Brasileira de Pesquisa em Podoposturologia –ABPQ PODO/ Formação em RPG, SGA, Estabilização Segmentar Lombar e Cervical, Pilates, Podoposturologia, Quiropraxia,Reabilitação Funcional, Kinesyo Tape ,Dry Needling,Mobilização Neurodinâmica, Técnica de Flexão-Distração para Hérnias Lombares e Cervicais. Formação no Método Glide de Terapia Manual. Atualização nas Disfunções de Ombro, Quadril , Joelho e Coluna ( HÉRNIAS DISCAIS LOMBARES E CERVICAIS). ÁREA DE ATUAÇÃO: Diagnóstico cinético-funcional e reabilitação das disfunções musculoesqueléticas decorrentes das desordens da coluna vertebral. AGENDAMENTO DE CONSULTAS PELO TELEFONE 16 3472-2592
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terça-feira, 16 de julho de 2013
Posturas Assimétricas Como Recurso Para Orientação Mastigatória
Posturas Assimétricas Como Recurso Para Orientação Mastigatória
O objetivo deste trabalho foi, por meio de experiência prática, demonstrar a eficácia de um recurso para auxiliar a orientação mastigatória com base na relação existente entre a função mastigatória e a postura corporal.
Participaram 45 indivíduos adultos de ambos os sexos, os quais foram submetidos a posturas assimétricas durante o ato mastigatório. A experiência demonstrou que uma mudança na postura vai acarretar alteração no lado de trabalho mastigatório.
INTRODUÇÃO
Uma alimentação correta é a base para o crescimento e desenvolvimento do ser humano (MORALES, 1999). A mastigação é considerada por muitos autores como a principal função do Sistema Estomatognático. O estímulo provocado pela função mastigatória contribui para o desenvolvimento das estruturas faciais (PLANAS, 1988; MOLINA, 1989; ENLOW, 1993) e conseqüentemente para o estabelecimento de padrões corretos das demais funções estomatognáticas. O ato mastigatório exige importantes movimentos dissociados de língua, lábios e mandíbula que preparam a musculatura orofacial para a fonoarticulação propiciando o desenvolvimento dos movimentos refinados da fala. Um distúrbio em uma parte do complexo oro-facial manifesta-se não apenas no local, mas perturba o equilíbrio de todo o sistema orgânico. A observação clínica mostra que uma postura patológica ou defeituosa da cintura pélvica influi na posição da mandíbula, podendo causar assim problemas fonoarticulatórios (MORALES,1999). As funções das estruturas deste sistema estão intimamente envolvidas e mantém uma relação direta com a postura de cabeça, cintura escapular, que por sua vez tem uma estreita relação com a cintura pélvica e os pés. Em pesquisas realizadas em uma população jovem foram verificados movimentos sincronizados de cabeça durante mastigação unilateral, bem como alterações posturais no sentido frontal (escoliose), demonstrando associação dos movimentos repetidos com os desvios posturais (LEFÈVRE, 2003; SAMPAIO, 2003). Este artigo descreve um trabalho prático realizado com indivíduos adultos utilizando posturas assimétricas com o objetivo de experimentar as variações da função mastigatória. Justifica-se esse trabalho como a busca de um recurso alternativo que facilite a orientação mastigatória. O objetivo foi apresentar esse recurso testado por nós que se mostrou eficiente como método e eficaz como resultado, aos colegas fonoaudiólogos, dentistas e fisioterapeutas que trabalham na orientação mastigatória e postural.
MASTIGAÇÃO E POSTURA
Postura é, segundo Lehmkuhl & Smith (1989), uma posição ou atitude do corpo, o arranjo relativo das partes corporais para uma atividade específica, ou uma maneira característica de uma pessoa sustentar seu corpo. Utilizada para realizar atividades com o menor gasto de energia, prepara o indivíduo para a realização de um movimento, bem como promove a sustentação durante o mesmo. Segundo Castillo Morales o movimento, por sua vez, não deve ser considerado como uma simples função motora isolada, mas como a inter-relação motora dos processos segmentários coordenados, os quais se desenvolvem e se manifestam em seqüência tendo como fim essencial a percepção de si mesmo (esquema corporal), do meio e do vínculo entre ambos. Os engramas motores se produzem pela experiência com variabilidade e funcionalidade. A mandíbula é formada por dois segmentos embrionários que correspondem às vias de recepção neural, enquanto a maxila recebe informações por três diferentes vias. O sistema mastigatório só é posto em funcionamento durante o ato da mastigação que se realiza unilateral e alternadamente promovendo a recepção neural através dos dentes da hemiarcada direita ou esquerda, de acordo com o lado que se mastiga. Neste ato alternam-se os movimentos de lateralidade, os quais correspondem ao deslizamento da parte superior da articulação têmporo-mandibular (ATM) no lado de balanceio e uma fricção oclusal mais potente no lado de trabalho Para que haja estímulo adequado, a mastigação deve ser bilateral e alternada, o que corresponde a uma harmonia funcional. Por volta de quatro anos de idade a criança já deverá ter um ciclo mastigatório, com movimentos alternados para a direita e a esquerda (PLANAS, 1988). O Sistema Estomatognático realiza uma série de funções que se relacionam com o restante do organismo sendo dependente não só das estruturas topograficamente envolvidas mantendo estreita relação com o posicionamento da cabeça. Os músculos que ligam a cabeça à cintura escapular formam uma cadeia cinemática fechada. Quando um deles é acionado, os demais sofrem adaptações. A modificação do posicionamento de uma das estruturas acarretará alteração no posicionamento das demais, sendo a função mastigatória dependente da postura da cabeça (Brodie, 1950; Solow & Tallgreen, 1976; Segóvia, 1977; Rocabado, 1979; Huggare & RAUSTIA, 1992; Gelb, 1994; Scnhinestsck, 1997; Bernkopf et al., 1997-1998; Bricot, 1999; Manheimer, 2001; Douglas, 2002). BRICOT (1999) afirma que os ciclos mastigatórios devem ser equilibrados, sendo a mastigação unilateral fonte de desequilíbrio sobre os músculos do pescoço e das cadeias musculares anteriores. O desequilíbrio induzido por uma disfunção mastigatória descompensa o sistema tônico postural e o desequilíbrio deste também perturba o aparelho mastigatório. “A adaptação do sistema manducatório sobre o pé foi demonstrada experimentalmente (Toubol e Perez): uma modificação do apoio no chão, mesmo mínimo, modifica o ciclo mastigatório de um indivíduo, sua correção também.” BRODIE (1950) relaciona os elementos do crânio até a cintura escapular em um esquema modificado por MORALES (1999) que incluiu as assimetrias corporais acompanhadas das funções, considerando que “em função estamos sempre em assimetria”. Para que as atividades funcionais estejam coordenadas à motricidade, deve-se ter em conta as relações sensoriais - percepções individuais. São as percepções que ordenam a integração das posturas funcionais. As informações das atividades sensório-motoras chegam até o indivíduo e se cruzam em diagonais na região dorso-lombar, mais especificamente na região das duas primeiras vértebras lombares (L1 e L2), onde há maior concentração de neurônios que informam atividade de membros inferiores em relação a membros superiores. Em uma vista frontal, o corpo descreve dois triângulos que se cruzam nesta região (Figura 1) e cujas bases são representadas pelas extremidades superiores (mãos) e inferiores (pés). Os vértices de ambos os triângulos se unem na região dorso-lombar, centro de informação e encontro funcional (MORALES, 1999). Muitas vezes, quando se trata uma determinada parte do corpo, pode-se estar dando origem a desvios e “stress” postural em outra região. É necessário, portanto, que os profissionais da saúde se dediquem a conhecer, não só o funcionamento de um determinado sistema, mas também seus relacionamentos com os demais sistemas do organismo. MORALES (1999) propõe uma terapia corporal e de regulação orofacial para indivíduos com patologias centrais e periféricas, podendo ser também aplicado a indivíduos sem estas alterações. Considera o ser humano como único e exclusivo e elabora o plano terapêutico de acordo com cada indivíduo considerando que o resultado orofacial só é obtido se trabalharmos a postura corporal. Partindo dessa premissa buscou-se nessa experiência posturas que pudessem alterar o padrão mastigatório.
MATERIAL E MÉTODO
Sujeitos Essa experiência foi realizada com um grupo de 45 indivíduos adultos, de ambos os sexos, sem conhecimento prévio a respeito do assunto descrito nesse artigo. Os indivíduos foram selecionados aleatoriamente independente do tipo de oclusão, da existência ou não de alterações funcionais ou posturais. Local A experiência foi realizada durante o evento “POSTURA – Equilíbrio do Homem” promovido pelo Núcleo Multidisciplinar de Saúde Corporal do SESC Consolação, no dia 19 de Outubro de 2000. Materiais · Cadeira tipo “universitária” · Pão de queijo caseiro · Colchonetes Procedimentos Primeira Fase Foi aplicada uma técnica de relaxamento induzido, com os indivíduos deitados nos colchonetes em decúbito dorsal, por meio de exercícios ideoplásicos com o objetivo de eliminar as possíveis tensões decorrentes do dia. Segunda Fase Foi oferecido aos participantes pães de queijo para que mastigassem na posição sentada habitual (ortostática individual – sem correção prévia), observando e anotando a maneira como cada um mastigava. Terceira Fase A experiência foi repetida com os participantes em pé na posição habitual (ortostática - sem correção). Após observação e anotação individual, os participantes comentaram com o grupo suas percepções a respeito da mastigação. Quarta Fase Foi solicitado aos participantes que mastigassem em quatro diferentes posturas assimétricas (Figuras 2 e 3): · elevando um dos membros inferiores apoiando o pé sobre a grade inferior de uma cadeira tipo “universitária”; · elevando o outro membro inferior da mesma maneira; · sentados com uma das pernas dobrada sob o ísquio do lado contrário; · sentados com a outra perna dobrada sob o ísquio oposto. Novamente o grupo comentou suas observações que foram anotadas.
RESULTADOS
Independentemente da existência de alterações oclusais, posturais e ou funcionais, os indivíduos foram capazes de identificar e descrever alterações nos padrões mastigatórios. Nas observações iniciais, alguns indivíduos foram capazes de identificar um lado como sendo o predominante durante a mastigação. Após alterarmos as posturas habituais para posturas assimétricas a observação geral foi que, independentemente da existência anterior de um lado predominante na mastigação, a elevação de uma das pernas modificava imediatamente o lado de trabalho. Quando a postura assimétrica era feita com os indivíduos sentados, o corpo flexionava em direção a um dos lados, modificando novamente o lado de trabalho. DISCUSSÃO Existe uma relação muito estreita entre a coluna cervical, a postura da cabeça, a posição do tronco e dos pés. Sempre que houver uma mudança de postura da cabeça, mecanismos compensatórios serão ativados por todo o corpo, buscando a manutenção dos planos bipupilar e coclear. A musculatura do Sistema Estomatognático está diretamente ligada a manutenção da postura, portanto qualquer fator influirá na relação crânio-cervical, desencadeando mecanismos compensatórios. A avaliação da estabilidade postural do paciente é um fator importante no diagnóstico de transtornos crânio-mandibulares, tanto em crianças como em adultos. Estas informações são essenciais para o diagnóstico do caso e tornam evidente a necessidade de um trabalho coordenado entre dentistas, fonoaudiólogos, fisioterapeutas, psicólogos e médicos (transdisciplinar). Os desvios posturais são quadros patológicos freqüentes. É comum que passem desapercebidos pela capacidade interpretativa e terapêutica de profissionais da Odontologia ou Fonoaudiologia. O trabalho transdisciplinar surgiu da necessidade de se buscar uma mesma linguagem entre profissionais da área de saúde para que se possa avaliar o paciente a partir das mesmas premissas, com o objetivo de se conhecer um pouco o trabalho do outro, a fim de detectar distúrbios que não sejam de sua área específica. As posturas assimétricas podem ser utilizadas para auxiliar o trabalho de adequação da mastigação em indivíduos com alterações oclusais ou funcionais.Foi demonstrado que é possível se trabalhar a função mastigatória, mesmo quando não houve correção da forma. A orientação mastigatória é uma das formas mais utilizadas para a prevenção e ou correção dos desvios oclusais e funcionais. Apesar disso, nem sempre é possível ao paciente executar uma mastigação adequada, devido a alterações oclusais e posturais.O padrão mastigatório é determinado não pela vontade do indivíduo mas por padrões neuromusculares e biomecânicos em resposta as condições morfológicas e funcionais individuais, sendo a postura corporal um dos fatores a ser considerado. Segundo YAMABE et al. (1999) investigar a mudança de postura mandibular a partir de outra perspectiva pode oferecer informações a cerca de posturas corporais que facilitem a mastigação. Com o emprego das posturas assimétricas preconizadas por MORALES (1999) aumentam, substancialmente, as possibilidades de sucesso. É importante observar a postura para se iniciar ou finalizar um tratamento seja ele, Fonoaudiológico, Ortopédico Funcional ou Ortodôntico.
CONCLUSÕES
A adoção de posturas assimétricas mostrou-se eficaz como recurso para a alteração do lado da mastigação nos indivíduos testados · A mudança de postura corporal pode inverter o lado de trabalho.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BERNKOPF, E., BROIA, V., BERTARINI A. M. Diagnóstico Gnatológico por Malposiciones de la Columna Vertebral. In J. de Clínica en Odontologia, 1-21-28 –1997/1998. Bricot, b. Posturologia. São Paulo: Ícone Editora, 1999. BRODIE, A.G. Anatomy and Physiology of Head and Neck Musculature. In American Journal Orthod., 36:831-40,1950. CASTILLO MORALES, R. Terapia de Regulação Orofacial. São Paulo: Mnemon, 1999. ______. Conceito Castillo Morales. Material cedido em curso de formação em Reabilitação Método Castillo Morales. Campinas, 1999. il. DOUGLAS, C. R. Tratado de Fisiologia Aplicada à Saúde. São Paulo: Robe Editorial, 2002. Enlow, D. H. Crescimento Facial. Artes Médica, 1993. GELB, H. New Concepts in Craniomandibular and Chronic Pain Management. London: Ed. Mosbu-Wolfe, 1994. Huggare, J.; RAUSTIA, A. Head Posture and Cervicovertebral and Craniofacial Morphology in Patients with Craniomandibular Dysfunction. In Journal of Craniomandibular Practice. vol 10, n.03 , 1992. LEFÈVRE M., a. P. Movimentos Laterais de Cabeça na Mastigação Unilateral. 2003. 150p. Tese (Mestrado em Ciências do Movimento), Universidade Guarulhos, Guarulhos. Lehmkuhl, L. D.; Smith, L. K. Cinesiologia Clínica de Brunnstrom. São Paulo: Manole, 1989. Manheimer, j. et al. Cervical Strain and Mandibular Whiplash: Efects upon the Craniomandibular Apparatus. Disp: http://www.whiplash-injury.com/cervicalstrain.cfm. fev-2001. MOLINA, O. F. Fisiopatologia Craniomandibular -Oclusão e ATM. São Paulo: Pancast, 1989. PLANAS, P. Reabilitação Neuro-Oclusal. Medsi, 1988. ROCABADO SEATON, M. Cabeza e Cuello – Tratamiento Articular. Buenos Aires: Edit. Intermedica, 1979. SAMPAIO, M. A. Mastigação Unilateral e Desvios Posturais. 2003. 173p. Tese (Mestrado em Ciências do Movimento), Universidade Guarulhos, Guarulhos. Segóvia, M. L. Interrelaciones entre la Odonto Estomatologia y la Fonoaudiologia. Buenos Aires: Panamericana , 1977. Scnhinestsck, p.a. Importância do Tratamento Precoce da Má-Oclusão Dentária para o Equilíbrio Orgânico e Postural. In Jornal Brasileiro de Ortodontia e Ortopedia Maxilar, vol.3-n.13. Editora Maio, 1997. SOLOW, B. & TALLGREEN, A. Head Posture and Craniofacial Morphology. In J. Physical Anthropology, 44(3): 416-435,1976. YAMABE, Y.; YAMASHITA, R.; FUJII, H. Head, neck and trunk movements accompanying jaw tapping. J Oral Rehabil, 26(11): 901-5, 1999. escrito por:Márcia do A. Sampaio, Ana Paula Lefèvre M.
Fonte:http://www.respiremelhor.com.br/detartigo.php?id=684
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