quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Porque algumas dores continuam no corpo por muito tempo?

Porque algumas dores continuam no corpo por muito tempo?
Esse é um dos grandes dilemas da medicina hoje: entender porque em alguns pacientes as dores se instalam e nunca mais saem, causando transtornos intensos para quem as tem.
A dor é dividida basicamente em duas patologias distintas: dor aguda e dor crônica. E mais do que o tempo, a característica delas é que faz com que possamos falar hoje que uma é simplesmente um sintoma (a dor aguda) e outra é uma doença complexa, que merece ser vista com cuidado e muita atenção pelos médicos e pelos pacientes (a dor crônica).
O sistema nervoso central - aqui visto em uma figura de uma terminação nervosa - pode ser doente em muitos pacientes que sentem dor crônica, e isso pode começar com uma simples torção de tornozelo. Acredita-se hoje em dia que esses pacientes possam ter alguma predisposição genética para dor crônica, que hoje é considerada uma doença que desequilibra todo o sistema nervoso central.
A dor aguda é simplesmente um sintoma, uma alarme que avisa que algo está acontecendo com o corpo - isso acontece quando tropeçamos e torcemos o tornozelo, por exemplo. O pé incha, doi, fica difícil andar, e alguns tratamentos simples melhoram a dor (gelo, analgésicos, antinflamatórios, entre outros). As vezes precisamos imobilizar a articulação e ficar alguns dias fazendo fisioterapia, mas normalmente isso se resolve na maior parte das vezes em até 1 mês (ou no máximo mais algumas semanas, se a lesão foi leve).
Já na dor crônica o que ocorre é que o alarme toca, frequentemente, mas não necessariamente tem uma lesão aparente causando o disparo para causar a dor. Aquela simples torção de tornozelo pode ser o início de tudo, mas nem sempre o é, e mesmo quando não temos mais a causa física o paciente continua se sentindo muito debilitado.
No caso da dor crônica muitos outros mecanismos estão envolvidos, entre eles o mecanismo de dor neuropática, que é diferente da dor nociceptiva que sentimos no caso da torção de tornozelo, quando o local fica inflamado. A dor neuropática causa transtornos importantes no sistema nervoso central, e faz com que a medula espinal e o córtex cerebral tenham mensagens equivocadas de estímulos, fazendo com que a sensação de dor seja diferentes. Isso pode causar alodinia (dor forte após estímulos inofensivos, como um carinho ou um toque leve por exemplo) e hiperagesia (sensibilidade aumentada a estímulos dolorosos, onde uma torção de tornozelo por exemplo pode virar uma dor parecida com a de uma cirurgia sem anestesia).
Os pacientes com dores crônicas devem ser vistos com muito cuidado e atenção, e os médicos devem entender que as suas dores são de fato aquelas mesmas. Em muitas ocasiões participamos de discussões médicas onde se relaciona esse tipo de quadro a um estado anormal psicológico do paciente. Em muitas vezes isso participa do quadro, sim, mas não é exclusivamente a causa.
Posted by Rogerio Silva

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Mensagens só serão respondidas com Nome e E-Mail